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Seis poemas de Konstantinos Kaváfis

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Por Pedro Belo Clara     Konstantinos Kaváfis. Foto: Cavafy Archive Onassis Foundation       A CIDADE (1910)¹   Disseste: “Vou pra outra terra, vou pra outro mar. Haverá por aí melhor cidade certamente. Será malogro, está escrito, tudo o que aqui tente e o meu coração — como morto — enterrado aqui jaz. Por quanto tempo há-de ficar minh’alma em podre paz? Pra todo o lado olhei, em todo o lado vi ruínas negras dessa vida que vivi, que tanto tempo aqui desperdicei a dissipar.”   Novo lugar não vais achar, nem achar novos mares. A cidade vai-te seguir. Ruas vais percorrer, serão as mesmas, e nos mesmos bairros hás-de viver, nas mesmas casas ficará de neve o teu cabelo. Hás-de ir ter sempre ao mesmo sítio, sem qualquer apelo. Para outro lugar não há navio ou caminho e estragares a vida tu neste caminho é pois igual a nesse largo mundo a dissipares.     ÍTACA (1911)   Quando abalares, de ida para Ítaca, Faz votos por que seja longa a viagem, Cheia de aventuras, cheia de experiências. E