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Dino Buzzati via o que pintava e pintava o que via

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Por María José Calvo Montoro “Como sempre me interessei muito pelo pintor Hieronymus Bosch, durante uma viagem à Holanda visitei sua cidade natal”: assim começa o texto que Dino Buzzati publicou como introdução às obras completas do pintor flamengo na famosa coleção Clássicos da Arte. Esta é a história em que narra o seu encontro com um velho descendente do grande mestre que, muito contrariado com o apego habitual do seu antepassado ao fantástico, recorda ao escritor: “Se não houve pintor mais realista e diáfano do que ele… que fantasias, ou que pesadelos, ou que magia negra! A realidade objetiva e transparente que estava diante dele! Só que ele era um gênio que via o que ninguém mais era capaz de ver. Aí reside o seu segredo: era alguém que ‘via’ e pintava o que via”.   Ora, nesse enunciado poético, Buzzati delineia aspectos essenciais de sua escrita, encenando o próprio olhar de um pintor. Os olhos de falcão que Buzzati descobre no retrato de Bosch, “penetrantes e maliciosos”, a iron