Vidas de romancista
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Por Antonio Muñoz Molina Philip Roth. Foto: Ethan Hill Nos últimos anos de sua vida, absolvido por decisão própria da urgência de escrever, Philip Roth aprendeu a desfrutar de algo que nunca havia conhecido antes, o simples prazer de não fazer nada. Em sua casa de campo, que havia sido por quase meio século o mosteiro de sua dedicação disciplinar à literatura, ele agora olhava pela janela a paisagem, os pássaros cruzando o céu, ouvindo por muito tempo a chuva ou o vento nas folhas daquelas árvores monumentais da América. Na biografia de Roth, recentemente publicada e recentemente proibida, Blake Bailey tem o prazer de se recriar ao contar esse penúltimo tempo, antes da devastação final da doença, em que o romancista que nunca se concedeu um dia de trégua — nem o mundo o concedeu — aceita a velhice e adquire um pouco de paz de espírito. O leitor da biografia também aprecia esses momentos de descanso. Contar a vida inteira de Philip Roth deve ter sido quase tão exaustivo para seu bió