A oração do carrasco, de Itamar Vieira Júnior
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSe1q47czWU52F00PUCLVaPlPZNBc4G4kXdtIjgaSJ50vqtF-KrbKtDJKAMs3xif9TCOGrJpTKNCZyBhae7Aes5g_9-2RDJiiN3cJnhoirjJ_UEpTqrl0W30q1xAtxpkO1Xaez9gMfSCKgQSGvHPb02hgIf6wesaaPHOQtdSuy1sVDPW-CZjoHHpbMsQ/w418-h640/A%20ora%C3%A7%C3%A3o%20do%20carrasco.jpg)
Por Guilherme de Paula Domingos Dois livros são escritos quando o autor publica. Um é o livro propriamente dito, assinado por quem o escreveu. O outro é o livro que vai se desenhando e fica por bastante tempo no imaginário do leitor, com as questões que traz à tona. O talento de Itamar Vieira Júnior em A oração do carrasco está em desenvolver através de alegorias temas que nos são dolorosos. Aqui há referências a navios negreiros, carrascos, tribos indígenas, como também diálogos com Clarice Lispector, Hannah Arendt, Arthur Bispo do Rosário, entre outros. A vida se tornou banal, assim como a maldade na tese arendtiana. Um carrasco não sabe mais quantas pessoas já matou porque a crueldade do seu serviço, travestida de ação necessária para livrar o mundo de atos piores, está aliada a um cálculo que o poder faz sobre o valor de cada vida. Itamar nos traz a figura do carrasco personificada em vários tipos que atravessam nossa história desde tempos antigos. O carrasco certamente não