Frank O’Hara. Seis dos “Vinte e cinco poemas à hora do almoço”
Por Pedro Belo Clara Frank O’hara. Foto: Fred W. McDarrah POEMA Café instantâneo com natas ligeiramente amargas e um telefonema para o além que não parece estar a aproximar-se. “Ah pai, quero ficar bêbado muitos dias” da poesia de um novo amigo a minha vida precariamente sustida nas mãos videntes de outros, as suas e minhas impossibilidades. É isto amor, agora que o primeiro amor finalmente morreu, no qual não havia impossibilidades? A UM PASSO DE DISTÂNCIA É a minha hora de almoço, vou pois passear por entre os táxis pintados de ruído. Primeiro, pelo passeio onde trabalhadores alimentam os troncos sujos brilhantes com sanduíches e Coca-Cola, usando capacetes amarelos. Acho que os protegem da queda de tijolos. Depois pela avenida em que saias rodopiam nos calcanhares e levantam voo sobre os gradeamentos. O sol queima, mas os táxis agitam o ar. Observo pechinchas em relógios de pulso. Há gatos que brincam na serradura. ...