Remissão da pena, de Patrick Modiano
Por Pedro Fernandes Grande parte dos escritores medíocres necessitam de uma grande história para que aquilo que escrevem possa alcançar alguma transcendência. Os grandes escritores, entretanto, podem converter num excelente romance o feito mais trivial, a anedota mais dispensável, mostrando como a excelência não está apenas no que se conta mas na forma de contá-lo. Patrick Modiano está no segundo grupo; tem a mesma audácia criativa, ouso dizer, do cinema francês em tornar situações banais em profundas histórias. Grande, não no sentido do tamanho, mas da dimensão. Remissão da pena , na edição agora publicada pela Editora Record, por exemplo, tem pouco mais de uma centena de breves páginas. Você pode lê-lo numa sentada. Mas, toca em questões tão singulares de maneira igualmente singular que o leitor, ao modo da leitura do grande romance, sai outro. A edição original – Remise de peine – data de 1988. Ou seja, a tradução chegou muito tardiamente ao Brasil. E deve ter cheg...