O que não há para se contar
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQsKgMD2d2PIzIeVPTACZBuz1I96_Ldsqh2DTlcnZV7ul1Q4Dn7Hcv3YydhNE4AJs3Uk67x3gZ7f6MX7mwF7L-NPcJhWlh6nRroWSV_afs0TGlN220W2NfRxv9xxmjeq-8l63RHrKiSOo/s1600/Sem+t%25C3%25ADtulo.png)
Por Guilherme Mazzafera Ilustração: Tunji Adeniyi-Jones, The Princess Red Serpent . 1. Onde morre um autor nasce um leitor. Essa máxima recém-elucubrada tem gosto de acicate. O autor abdica da criação para a passividade da leitura, como teria feito Philip Roth após Nêmesis ? (Com certeza há algo nas gavetas, pronto para a rapinagem editorial). Ou falamos aqui de algo mais sutil, do desvelamento de algo constitutivo que permaneceu à sombra da formalização crítica por demasiado tempo? As invectivas ao leitor (ou ouvinte) não são necessariamente novas e o protagonismo intraficcional deste data ao menos de 1605, quando Miguel de Cervantes Saavedra escolheu um desloucado leitor como herói do que a crítica, ela mesma, convencionou mais tarde chamar de romance. Mas Miguel foi além: na segunda parte do livro, em 1615, os personagens que circundam aquele leitor são, também eles, leitores: leitores da primeira parte e mesmo daquela infausta continuação apócrifa de Avellaneda, de