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Mostrando postagens de outubro 5, 2023

Como si fuera esta noche la última vez

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Por David Toscana Edvard Munch. O Beijo .   Catulo escreveu seus poemas quando faltavam seis décadas para o nascimento de Cristo. Sentia uma grande atração por um menino chamado Juvêncio e dedicou-lhe um poema para expressar seu desejo de beijá-lo trezentas mil vezes. Aparentemente não conseguiu conter o desejo, pois num poema posterior fala de ter roubado um beijo de Juvêncio enquanto brincava, um suaviolum “mais doce que a ambrosia”. E ainda assim, o prazer se transforma em sofrimento, pois “mas não impune pois por uma hora ou mais/ me vi na ponta de uma estaca enfiado/ me desculpando, mas meus prantos não dobraram/ nem um tantinho da maldade tua”.   Juvêncio havia enxugado os seus “lábios, úmidos de muitas/ gotas, secaste com teus dedos todos,/ minha boca malsã não fosse qual saliva/ suja de meretriz em que se mija”. A doçura se transforma em amargura, ele se sente crucificado e aprende a lição: “Porque esta é a pena que atribuis a um triste amor,/ eu beijos nunca mais hei de roub