Rei Lear na pandemia
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Por Santiago González Sosa y Ávila Rei Lear. Benjamin West (1788). Museu de Belas Artes, Boston Que imagem mais sugestiva do que a de Londres em 1606, atingida pela praga? As ruas desertas, as lojas fechadas, um ou outro cachorro sem dono, os teatros vazios, o estrídulo dos sinos que dobram diante das dezenas de mortos e William Shakespeare isolado escrevendo Rei Lear em seu ócio produtivo. Sem dúvida, uma lenda demasiado romântica para não repetir até a exaustão. Ou seria, se ao menos não falássemos da mais tremenda tragédia shakespeariana, a mais excruciante, aquela que “melhor reflete a mentalidade apocalíptica e o medo do declínio do mundo”. Vários meios de comunicação se envolveram na divulgação dessa anedota, talvez para nos inspirar ou discutir a probabilidade de que isso realmente aconteceu. Até James Shapiro, o especialista que serviu de fonte para muitos desses artigos, esclareceu que Shakespeare não compôs a peça quando a praga atingiu os londrinos, mas dura