Houellebecq, o clone
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgKBpOMdyEEC6QaCvy4cAA6NHWch3qWec1feuikPq6fJJ8IMXI6oW-QpXRY1N9ByFAMZFmhtoy7-we8l-XRw4l0YmUeLxe2sVwEc5KDW-VE3hdlDc9cyYd3NPdPpCnr8V4nsqsVMTRA66-6_fKwyEPyxsu3Khq6lregxIPUPNjfpwLCL1oDn8c-BE/s16000/PWPWKICYBILG64H47F4ZHXSJYM.jpg)
Por Juan Francisco Ferré Michel Houellebecq. Foto: Celeste Sloman Michel Houellebecq é o primeiro escritor clonado da história. Ou o primeiro clone do escritor, se preferir. O primeiro romancista que adota a perspectiva do clone sobre o humano para narrar os últimos dias de sua existência no planeta Terra. Talvez este seja o desígnio final de sua literatura. E alguns de seus romances o iluminam com uma perversa autoconsciência, como A possibilidade de uma ilha , o mais incompreendido de todos, em parte por isso mesmo. Por nos mostrar em toda a sua crueza elementar a verdadeira evolução de Houellebecq desde a palhaçada ainda humana (o ângulo clown da sua literatura) ao riso pós-humano (o ângulo clone da sua vida e obra), finalmente dominante. Suas máscaras narrativas transitam, assim, entre avatares e clones, réplicas virtuais e duplos biológicos do carismático escritor. Por outro lado, todos os romances de Houellebecq constituiriam o “inconsciente político” da hipermodernidade eu