Território Lolita
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Por Ana Clavel Vladimir Nabokov. Foto: Horst Tappe “É impossível saber se foi um feliz acidente ou um objetivo deliberado, mas é claro que em algum momento do passado remoto alguém criou a representação de um objeto de desejo erótico, provavelmente um corpo ou parte dele, e ao contemplá-lo descobriu que tinha um poder incomum.” — Em Pornografia , de Naief Yehya. Todo objeto de desejo torna-se na imaginação, na fantasia, um fetiche. Fetiche, do latim facticius : artificial, e facere : fazer. Contradição aparente: não é o objeto, mas é o mesmo — ou até mais. Sinédoques do desejo. A parte pelo todo, ou o todo pela parte. Não é essa a essência de Lolita ou do próprio desejo? São encarnações ou substitutos do objeto de amor perdido, desse inefável prazer que jamais será recuperado? O mito da filha de Butades que explica a origem da pintura, segundo Plínio, como um ato amoroso para preservar o rastro do amante que partia, mas também a origem e a essência do desejo, segundo nós. Um