Elizabeth Hardwick: lições de estilo
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Por Antonio Muñoz Molina Elizabeth Hardwick. Foto: Susan Wood. Notei pela primeira vez o nome Elizabeth Hardwick em um ensaio de David Shields que me impressionou muito, Reality Hunger [Fome de realidade]. Em tom polêmico, e tecendo as páginas do que chamou de “um manifesto”, com todo tipo de citações e fragmentos de livros, reunidos como uma colagem, Shields propôs uma literatura que, para captar mais plenamente o imediatismo da realidade, a variedade e desordem do presente, escapava às formas tradicionais do romance ou das memórias, ou misturava-as sem cerimônia, acrescentando também vestígios do ensaio, do jornal, da crônica do jornal. A “fome de realidade” de um leitor contemporâneo, disse Shields, não pode mais ser satisfeita por gêneros literários estabelecidos, estagnados, fechados em si mesmos, inclinados a uma coerência interna que exclui o aleatório, o fragmentário, o material barato e confuso de nossa experiência mundial. O livro de Shields me influenciou mais porque na