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Memória de elefante, de António Lobo Antunes

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Por Gabriella Kelmer António Lobo Antunes. Foto: Basso Cannarsa Ser o uso de imagens o caminho natural da poesia não consiste em nenhuma surpresa para qualquer amante da literatura. Também já não se pode dizer inovadora sua utilização na prosa, a partir de uma linha de criação estética, datada das primeiras décadas do século passado, que se afasta do regime de representação e adota o lirismo de modo a conceber aquilo que a narração racionalista não poderia abarcar: uma essencialidade humana movediça ou inexistente; as implosões e limitações da linguagem; o horror absoluto e silencioso de determinadas experiências. Em Memória de elefante , publicação de estreia de António Lobo Antunes, o emprego de imagens é fundamental, além de francamente curioso, por sua prolixidade e repetição.   O protagonista da narrativa, um psiquiatra retornado da guerra colonial em Angola (designações também atribuíveis ao escritor, cuja produção autobiográfica se estende ainda por outros romances), pertence “à