Hoje estarás comigo no paraíso, de Bruno Vieira Amaral
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Por Pedro Fernandes O escritor Bruno Vieira Amaral. Foto: Vitorino Coragem. A falibilidade da memória e o embate do homem contra o esquecimento integram a literatura desde suas primeiras formas. Na Ilíada e na Odisseia , os dois textos fundadores de toda a literatura ocidental, os dois topos comparecem de forma variada: é a base de sustentação da exteriorização dos acontecimentos pela voz enunciativa e, por vezes tema da história. O que se conta na epopeia é produto da memória e é às musas que o aedo invoca pela perenidade e justa medida de sua manifestação; por sua vez, Aquiles é quem, sabedor das duas possibilidades reservadas para o seu destino, escolhe passar para a eternidade pelos seus feitos, pela força e pela honra. Se durante longo tempo o homem acreditou no absolutismo da verdade, primeiro pelas suas crenças, depois pela história e agora pela ciência, o que, por sua vez, estabeleceram maneiras de encontrar na memória seu ancoradouro, a busca pela sobrepos