A mesma fome, de Marize Castro
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTNsLxZiMQkWdVr_8TJLkoyf0_q8Z72LeHuBNs1vGQXMEMsP00gYN96HYjO3vSQc91LPLXeNxuA5bMIRgwhEp3twln6AxU10tZ8iit5LbUluDXcWYbzUYV6P4iebUVr2mwK_cOM3fhBq4/s1600/marize+castro.jpg)
Por Pedro Fernandes Algo nasceu agora sem raça, sem sexo. Possui uma alegria inolvidável. Está no mesmo patamar dos seres e das coisas que se dilatam e se aprofundam dentro de si mesmos. A tarefa mais ardilosa para o poeta que deixou de ser uma entidade sensível e suscetível às variações e virações das musas é a de existir. Quer dizer, não é que as musas tenham deixado o mundo pelo seu excesso de balbúrdia, mas o tempo da demasia deixou-nos um bocado mais alheios e céticos à suscetibilidade das entidades que noutro plano regem (de alguma maneira) nossa condição actancial de existir. Poetas de toda estirpe podem estar suscetíveis a isso. O preço que se paga por tanto não é só o levante dos individualismos – é a abolição dos sentidos, dentre eles, a possibilidade de abrir-se sensivelmente aos objetos de prazer, como a poesia, e a multiplicação do banal e da barbárie. Que no passado se condenassem os poetas pela mesma condição de marginais que uns pou