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Sófia Petrovna presa no realismo do cotidiano

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Por Joaquim Serra “O medo de que pudessem nos ouvir, com certeza nos ouviriam. No meio da conversa alguém sempre olhava rindo para o lustre ou para a tomada: ‘O senhor está ouvindo, camarada major?’. Pelo risco... Pelo jogo... Tínhamos até certa satisfação com essa vida dupla. Uma quantidade insignificante de pessoas se opunha abertamente, mas tínhamos muito mais ‘dissidentes de cozinha’. Falando mal pelas costas...” ( O fim do homem soviético , Svetlana Aleksiévitch, p. 35). Na contramão de outros autores do período soviético, Lídia Tchukóvskaia (1907-1996) opta por um realismo crítico em Sófia Petrovna . A novela, escrita entre 1939-1940, pertence à mesma década que A velha (1939), de Daniil Kharms, mas, ao contrário desta, Lídia não opta pelo absurdo estético para retratar o surrealismo do período do terror, mas, ao contrário, subverte o tema do realismo socialista e conserva sua forma. Ainda na década anterior, nos tempos da NEP (1921-1928), havia um favorecim