Sophia de Mello Breyner Andresen: quando começou a escrever e o que escreveu

Sophia na casa da Travessa das Mónicas, 1964. Fotografia de Eduardo Gageiro. Fonte: Site Sophia de Mello Breyner Andresen da Bilioteca Nacional de Portugal.


"Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter – nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite. (...)"

Este excerto é considerado o primeiro poema escrito da portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Foi encontrado no seu espólio quando entregue para a Biblioteca Nacional de Portugal. A poeta é um dos mais importantes nomes femininos para a literatura portuguesa contemporânea. De descendência dinamarquesa pelo lado paterno, Sophia nasceu na cidade do Porto, em 1919. E daí, parte para viver em Lisboa onde passa toda sua infância e adolescência. Na capital portuguesa veio cursar Filologia Clássica, curso que não chegou a findar; foi em Lisboa que também fixou residência depois do casamento com o advogado e jornalista Francisco de Sousa Tavares. 

"Comecei a tentar escrever com doze anos. Depois aos catorze escrevi mais e a partir daí fui sempre escrevendo. Aí entre os 16 e os 23 escrevi mais do que em todo o resto da minha vida. Tenho imensa coisa por publicar dessa época." (Sophia de Mello Breyner em entrevista a José Carlos de Vasconcelos)

Os primeiros poemas, no entanto, Sophia publicaria  nos Caderno de Poesia, em 1940. Livro, só quatro anos depois graças ao esforço de um grupo de amigos. Tem sua atividade poética vivida ao lado da ativismo político contra o regime ditatorial de Salazar. Influência que marcará a elaboração temática dos poemas de Livro sexto. Na sua carreira política, Sophia ainda chegou ocupar a cadeira de deputada na Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista.

"Profundamente mediterrânica na sua tonalidade, a linguagem poética de Sophia de Mello Breyner denota, para além da sólida cultura clássica da autora e da sua paixão pela cultura grega, a pureza e a transparência da palavra na sua relação da linguagem com as coisas, a luminosidade de um mundo onde intelecto e ritmo se harmonizam na forma melódica, perfeita, do poema. Luz, verticalidade e magia estão, aliás, sempre presentes na obra de Sophia, quer na obra poética, quer na importante obra para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente se transformou em clássico da literatura infantil em Portugal, marcando sucessivas gerações de jovens leitores." (Do texto no Site Mulheres Portuguesas)

Possui extensa obra que se situa no campo da poesia, do conto, do teatro, do ensaio, além de ocupar a função de tradutora para o português de autores como Dante, Shakespeare e Eurípides.


Ligações a esta post:
>>> Leia alguns poemas de Sophia aqui.


Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Boletim Letras 360º #603

Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito

Boletim Letras 360º #596

Bambino a Roma, de Chico Buarque

Boletim Letras 360º #595

A criação do mundo segundo os maias