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Mostrando postagens de julho 23, 2014

A lista de leituras de Ariano Suassuna

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Ariano Suassuna numa de suas viagens. Recentemente um foto do gênero tornou-se viral na web , mas a prática há muito que já era comum do escritor: descansar para uma leitura. Registro do livro O decifrador , do genro Alexandre Nóbrega. Que obras estão na estante de um escritor ou lhe servem como espaço de construção de sua obra ou mesmo lhe serve ao deleite? Todo escritor terá suas obras prediletas seja qual for a especificidade da lista. Para o livro  Ariano Suassuna, um perfil biográfico  publicado pela Zahar Editora, de Adriana Victor e Juliana Lins, o próprio Ariano escreveu uma lista de obras da literatura, brasileira e mundial, que influenciaram a sua formação de escritor. São mais de 43 livros que vão desde as primeiras leituras aos 17, 18 anos. A ordem é cronológica: "do menino de Taperoá ao jovem estudante do Recife". Trata-se de uma lista um tanto extensa se pensarmos em algumas que já colecionamos por aqui, mas um itinerário fabuloso do escritor de Auto da

Carta para Ariano

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Por Matheus Nachtergaele   Em cena de O auto da Compadecida  Selton Melo e Matheus Nachtergaele na pele dos eternos Chicó e João Grilo. Filme de Guel Arraes (2000) baseado na peça de Ariano Suassuna. Foto: Rede Globo. "Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.  "Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: Por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo. "O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar

Relendo "O sorriso do lagarto" 25 anos depois: homenagem a João Ubaldo Ribeiro (1941-2014)

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Por Alfredo Monte Há 25 anos, João Ubaldo Ribeiro lançava O sorriso do lagarto , e parecia-me naquele momento — juízo que prevaleceu durante certa fase (ratificado com o aparecimento de O feitiço da Ilha do Pavão , de 1997 e A casa dos budas ditosos , de 1999) — a indicação clara de que o outrora grande prosador baiano estava pendendo para o comercial, no sentido de aclimatar fórmulas do Best-seller internacional standard , numa mistura de triângulo amoroso com elementos de ficção científica e suspense (não faltavam nem cenas clichês como a da conversa entre o herói e o cientista-vilão, quando este explica seus planos para o adversário que tentava desvendá-los). De fato, as vendas foram expressivas e houve até uma adaptação televisiva, onde todos os elementos folhetinescos eram realçados até a caricatura. A prevenção talvez fosse fruto do impacto da leitura de alguns de seus primeiros títulos: Sargento Getúlio  (publicado quando ele tinha apenas 30 anos, em 1971), uma d