Os erros de Borges. A estrangeira e o nome de Deus

Por Eduardo Galeno Rafael. Averróis, detalhe de A Escola de Atenas. Não sei onde li, mas a linguagem é erro. A literatura, no ínterim, transfere esse erro para a ponta de um determinado discurso. Ela consiste em dizer, não falar, montar, deslocar, não transmitir. É o que se apresenta como discurso total. No ângulo pretendido ou sugerido por ela (a estrangeira nas palavras de Foucault), há a passagem da letra ao literário. Mas onde exatamente? Como é possível a determinação ou, melhor, a exclusão? O que faz as palavras tragédia e comédia serem o que são e representarem do jeito que são representadas? Certamente, na interpretação de Borges da vida — vida mais que obra, mas vida também como obra — de Averróis, ele se condicionou a investigar a barreira entre a res e a res ficta . Barreira que significa, é evidente, o percurso instrumental da natureza e da cultura (se há uma separação), que preconiza os sentidos, as intuições e as inferências. Averróis mesmo teve várias tra...