“Entre o meu ser e o ser alheio”: metamorfoses contra o fascismo cultural

Por Afonso Junior Ilustração: Daniel Arce Lopez (Reprodução) Roberto Bolaño no seu livro Literatura nazista na América imagina uma galeria de mediocridades literárias reacionárias, algumas delas buscando referências em Philip K. Dick e Borges... Seria apenas uma piada artística genial, se a América não estivesse provando que o fascismo cultural não morreu e gerou novos produtos na era da internet. Porque é impossível não perceber que o neofascismo voltou a mobilizar as massas depois das “redes sociais”. “Os alemães piraram de tanto ler, não foi?”, alguém me diz no contexto da caça às bruxas. Se imagina que em torno de 60 mil pessoas foram assassinadas por bruxaria, 25 mil delas no território da atual Alemanha. Lutero morrerá em 1546; em 1532, já temos o Constitutio Criminalis Carolina , código penal que legitima as perseguições. Depois da rebelião do Sola Scriptura, o país prendeu e raspou a cabeça de mulheres e as torturou por voarem, com a fé de que, se eram cris...