Walter Benjamin: fragmentos de uma biblioteca
Por Georgina Cebey Certa tarde de 1933, a fotógrafa judia Gisèle Freund deixou sua casa na Alemanha. Pegou um trem com destino à França; entre os seus poucos pertences, os dois mais importantes eram sua câmera e uma carta de aceite da Sorbonne, onde continuaria seus estudos em sociologia. Apesar de ter conhecidos na cidade, Freund passava as tardes na Biblioteca Nacional de Paris, um lugar que se tornou o seu predileto para estudar, mas também uma espécie de suposto lar. Desse lugar, a fotógrafa relembrava em Le Monde et ma caméra (trad. livre O mundo na minha câmera ): “A sala de leitura, muito maior, era coberta por uma cúpula de vidro através da qual se filtrava uma luz difusa e acinzentada. A maioria dos leitores eram frequentadores assíduos de longa data. Cientistas, pesquisadores, jornalistas e monges eruditos compartilhavam mesa com deputados que ali iam preparar seus discursos. O ar exalava a poeira e a um desinfetante adocicado que um guarda ocasionalmente borrifa...