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Cenas da vida na província, de J. M. Coetzee

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Por Henrique Ruy S. Santos     Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime.   — Fernando Pessoa, “Tabacaria” J. M. Coetzee. Foto: Edwina Pickles Todo ato de leitura, especialmente a leitura atenta, aquela que se debruça sobre um texto para produzir algum tipo de interpretação materializada, é um ato carregado de tensões e embates. Embates suscitados por um jogo de forças entre o que o texto por si propõe e o que nós, como leitores de outros livros (sim), mas também (talvez ainda mais) recipientes atordoados de informação, ofertamos como nossa bagagem. A equação, a esta altura, já traz consigo um certo cheiro de coisa empoeirada: obra em si + experiências do leitor = leitura. Para além das infinitas problematizações que cada termo dessa equação pode levantar, é ao resultado da soma que minha atenção aqui se volta brevemente. Em que medida essa leitura que se dá com...