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Flannery O’Connor e a consciência do mal

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Por José Homero Flannery  O’Connor. Foto: Arquivo  Emory University.   Embora a literatura possa se assumir como uma forma de salvação, na maioria das vezes é um agente do engano. Em parte reflexo da condição humana, suas respostas são ambíguas e as soluções não são definitivas. O dilema favorito da religião e de uma certa filosofia herdada do Romantismo (“a doutrina da perfectibilidade da natureza humana”, como a chamou Flannery O’Connor) tem sido elucidar se o homem é inerentemente bom ou mau. Enquanto o Iluminismo apresentava o progresso como intrínseco à razão, que gradualmente levaria à felicidade terrena, as vicissitudes da Revolução Francesa, a suposta encarnação — lida com reverberações cristãs — da trindade intelectual da liberdade, igualdade e fraternidade, terminaram em um reinado de terror que confrontou os filósofos com a constatação do mal. Esse desencanto precoce com os valores seculares recém-entronizados na antiga sede da divindade confirmou que a ideolog...