Rubem Fonseca: a fascinação do abismo

Por José Miguel Oviedo Rubem Fonseca, anos 1980. Foto: Arquivo do escritor. Não deixa de ser um tanto paradoxal que tenha sido um escritor estadunidense tão famoso quanto Thomas Pynchon que tenha reconhecido no escritor brasileiro Rubem Fonseca o que poucos de nós conseguimos enxergar: um verdadeiro mestre. “O melhor da obra de Rubem Fonseca é não saber aonde ela vai nos levar. Sempre que começo um livro dele, é como se o telefone tocasse no meio da noite: ‘Olá, sou eu. Não vai acreditar no que está acontecendo.’ A sua escrita faz milagres, é misteriosa. Cada livro seu não é só uma viagem que vale a pena, é uma viagem de algum modo necessária.” Bom, há uma grande verdade nisso, porque a virtude fundamental de Fonseca é a de todo bom contador de histórias: fazer-nos acreditar no incrível, inventar um mundo que se assemelha ao nosso, mas que é, por alguma razão, inteiramente novo e fascinante. Rubem Fonseca sabe, como poucos, contar algo tão envolvente que n...