Pertinente, atual e anêmico: De onde eles vêm, de Jeferson Tenório

Por Vinícius de Silva e Souza Já consagrado e praticamente uma celebridade, Jeferson Tenório se viu na difícil missão de entregar o “segundo livro” — aspas pelo medo comum de quem faz estreia arrebatadora mas também pelo fato de O avesso da pele não ser o seu primeiro livro —carregando uma expectativa imensa nas costas, uma vez que é portador de um Jabuti e de vendas consideráveis de seus outros romances. E o que se lê é um resultado pertinente, atual e ao mesmo tempo anêmico. Esse é um incômodo pessoal, mas também não é: as narrações em primeira pessoa em formato de relato são limitadoras. Tenório faz um exercício narrativo muito bom em O avesso da pele , com o uso da segunda pessoa, mas entrega um descompasso grande em Estela sem Deus , com uma narrativa que começa em lugar nenhum para se encerrar em nenhum lugar. E o mesmo ocorre com De onde eles vêm — mas nem tanto: Joaquim é introduzido na narrativa quando ingressa na universidade pelo sistema de cotas e já se defro...