José e os seus irmãos: a descida ao submundo e suas reminiscências

Por Juliano Pedro Siqueira “Fundo é o poço do passado. Porque não chamar-lhe insondável?” — José e os seus irmãos: as histórias de Jaacob . Thomas Mann na Suíça. Arquivo Photopress / Keystone / Bridgeman Images A história bíblica de José e sua saga pelo deserto é por si só uma narrativa fascinante. Muito utilizada em sermões para ilustrar as virtudes humanas diante das injustiças da vida e das representações simbólicas, ligadas aos sonhos — diga-se de passagem, inquietantes — , faz de José um ícone iluminado do cânone sagrado, marca da providência divina, que o acompanhou desde sua descida ao inferno até sua nababesca governança egípcia. Esta impressionante história ganharia ainda maior robustez, quando Thomas Mann, dera início à sua maior empreitada literária, ao escrever, já no exílio em solo suíço — o romance José e os seus irmãos . O romancista alemão levaria 16 anos para compor sua tetralogia, iniciada com As histórias de Jaa...