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Uma leitura do poema “Encontro”, de Alejandra Pizarnik

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Por Caio Marques Peçanha Alejandra Pizarnik. Foto: Lucrecia Plat Alguém entra no silêncio e me abandona. Agora a solidão não está a sós. Tu falas como a noite. Te anuncias como a sede. (Alejandra Pizarnik, em Os trabalhos e as noites  / Tradução Davis Diniz) Antes de tudo, há o peso do suicídio. Pizarnik tirou a própria vida. E se Clarice Lispector disse em algum momento não ser capaz de perdoar o ato derradeiro de Virginia Woolf, pois o único dever diante do mistério seria o de seguir em frente, Alejandra nos coloca de joelhos para que deixemos ao menos a poesia em paz. Para tanto, é necessário resistir à tentação de considerar a obra da argentina enquanto expressão irredutível de um fatalismo. Neste sentido, despejando biografias na latrina, não hesitaria em dizer que os escritos de Lispector e Pizarnik sofrem e fazem sofrer de dor comum: a negatividade. O fundamental, todavia, é mostrar como a insurgência do acaso contra o sujeito, através de eventos no