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Carta à rainha louca, de Maria Valéria Rezende

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Por Pedro Fernandes Maria Valéria Rezende. Foto: Marlon de Paula. Integrado à tradição do romance epistolar, Carta a rainha louca é um livro feito de duas superfícies podendo, inclusive, ser lido como duas narrativas. Assumindo as feições de um recurso muito comum aos textos dos primeiros séculos da escrita e adotados em quaisquer circunstâncias em que os materiais necessários ao trabalho de escrever sejam raros ou escassos, este livro não é assim mais que uma crônica sobre o período colonial brasileiro; é sobretudo a revelação de uma voz coletiva de todas aquelas que pereceram ao longo desse tempo pelos silenciamentos impostos por aqueles que tinham o direito de mando. É que à medida que tomamos conhecimento sobre as peripécias da heroína missivista, não deixamos de ler, por debaixo da rasura todas as imprecações que, se públicas, falariam contra a própria escrevente ou justificariam a condição a qual foi rebaixada, a de mulher herege e/ ou tresloucada. Assim, na