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Mostrando postagens de dezembro 27, 2018

Os melhores de 2018

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Por Pedro Fernandes Quando por esses dias, alguém me perguntou como foi o ano de 2018, não pude deixar de titubear com a resposta. É que, diferente de outros anos, sobretudo dos dois anteriores, os projetos pessoais tomaram melhor forma e algum rumo. E, por causa disso, sou tentado a responder que o ano foi muito bom. Mas, como não pertenço ao rol de uns poucos privilegiados que não se comovem com os destinos do seu rebanho, sou levado a modificar a resposta para, não sem algum individualismo, dizer que, pessoalmente foi muito bom, mas coletivamente este ano foi pura desgraça. Vimos triunfar a hipocrisia, a imbecilidade, a ignorância de uma maneira que nenhum dos da minha geração imaginaria ver em plena alvorada de um novo século. E, o pior, já agora que tudo está à beira de um precipício cuja a altura não sabemos alguns continuam a insistir na brincadeira do pagar para ver, quando deveriam ter desistido da loucura. Para bem e para o mal, essas duas possibilidades

Os melhores de 2018: cinema

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Reino de Deus , de Frances Lee Este não é, como sugere o título, um reino de Deus; é um reino dos homens. Dos que aprendem que só pela verdade do reconhecimento sobre o outro é possível conhecer a si e da comunhão desses princípios se pode fazer outro mundo totalmente despido das amarras unilaterais. Sim, talvez resida aí o que tanto se teoriza acerca do amor divino. Só pela reeducação dos sentidos, quando capazes de fazer acontecer o princípio que nos distingue dos animais irracionais, isto é, a humanização, é que poderemos pensar na possibilidade de uma existência mais leve e justa. Leia mais aqui . Roda gigante , de Woody Allen E, como na tragédia, em que os impasses se resolvem pela morte ou pela loucura, a narrativa deste filme, privilegia essa dupla força para a solução dos conflitos que planta; mesmo os amores que poderiam propiciar um típico esperado final feliz, só aparentam existir porque reduzidos a uma mera jogatina de interesses. Assim, todos os sonhos

Os melhores de 2018: poesia

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Anatomia do ócio , de R. Leontino Filho Em matéria de poesia, o tempo é a melhor medida. Mesmo para aqueles criadores revelados poetas como é o caso de Leontino Filho. Só porque as distâncias são muitas ou os olhos da crítica míopes demais para ver, mas a nenhum leitor atento parecerá exagero qualificar este livro entre os melhores da poesia brasileira contemporânea. Como este título sugere, o leitor encontra o poeta enredado naquele universo que o melhor lhe serve à criação; o ócio é revelado aqui não enquanto matéria, mas enquanto lugar de estar e de reaproximação do ouvido com as vozes mais irreconhecíveis na turbulência comum de nossos dias. A poesia, visível da tessitura das palavras é a quietação, o vagar do poeta, e o poema, a tessitura, sua anatomia, aparelho construído pelas mãos de quem desafia o tempo, essa entidade incapaz de perdoar a existência de qualquer coisa. Um jogo bastante perigoso , de Adília Lopes Foi com este livro que a poeta portuguesa começou sua

Os melhores de 2018: prosa

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– Tirza , de Arnon Grunberg. A obra do escritor holandês, tenho comigo levará o lugar entre as melhores leituras de qualquer lista minha. Na lista de 2017 dizia do quão significativa foi a descoberta de sua obra; e a prova disso não está apenas na aquisição de tudo dele traduzido por aqui, foi a leitura quase sequencial de outro romance seu publicado recentemente pela Rádio Londres. A vida que se esconde no subsolo. Esta é uma definição acertada para  Tirza . Este é um romance que volta a algumas das obsessões do escritor, sobretudo aquela que poderíamos designar como o impasse entre culturas num estágio da civilização ocidental em que essa se vangloria de que as relações globais é sua maior conquista depois de instaurada as fronteiras de nação e de identidade nacional. Mas, nele, o holandês se debruça a investigar o complexo das relações de posse imposto por um modelo familiar segundo o qual os pais têm sobre os filhos uma responsabilidade desmesurada de prepará-los para

As melhores leituras de 2018 na opinião dos leitores do Letras

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Xeque-mate , de Maria Azenha (M Céu Costa) Escolho este livro pela sua poética muito intensa. É um livro que avisa e alerta o leitor (eventualmente menos atento). É um livro “bélico”. Escolho-o também pela sua identidade e liberdade poética, tão difícil de encontrar nos contemporâneos. Deixo um pequeno excerto de um dos poemas: “Nunca encarei a Poesia como uma epístola aos pobres / nem como um espelho de paz / nem como um passatempo literário / para entreter académicos.” Orgulho e preconceito , de Jane Austen (Robertta Marinho) Por representar a mulher em uma condição de autonomia, com ênfase na personagem Elizabeth, que desconstrói os estereótipos femininos na literatura que li até agora. Principalmente por me fazer acreditar no amor novamente. Memória de elefante , de António Lobo Antunes (Gilberto Tavares) Fazia muito tempo que não lia nada desse escritor tão genial. Aliás, os suecos cometem grande injustiça ao não dar a ele o Prêmio

Destaques em projetos editoriais de 2018

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A caixa de acrílico com a Ilíada e a Odisseia Quando a Cosac Naify deixou de atuar no mercado editorial havia publicado a tradução de Christian Werner para a Odisseia e a prometida Ilíada ficado presa no mar da espera. Findar este trabalho foi uma dentre algumas responsabilidades assumidas pela jovem editora Ubu e, diga-se, honrou como ninguém. As duas epopeias atribuídas a Homero foram transformadas em objeto de mais alto requinte com a publicação de uma edição especial limitada a 150 exemplares. Recuperam artefatos originais como os ricos complementos de leitura já conhecidos do leitor, mas ampliam a experiência estética ao realizar com esses dois livros este trabalho de edição: encadernados em capa de tecido com intervenções manuais do artista Odires Mlászho, quem numera e assina os exemplares. Os dois livros são acondicionados numa caixa acrílica, como objeto transluzente que atravessa os tempos. O Memórias póstumas de Brás  Cubas , de Machado de Assis