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Nietzsche, Pavese e o risco de caminhar sobre a memória

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Por Mario Colleoni Existem incontáveis formas de andar no mundo. Enquanto para uns é a clara afirmação da liberdade e da vida, para outros pode ser uma das muitas derivas irracionais do ser humano. Certa vez se disse que Platão caminhava cabisbaixo, quem sabe emulando Sócrates; Kant seguia uma ordem firme de pautas e costumes, como uma espécie de caligrafia do movimento; Rousseau, por sua vez, chegou a transformar o passear num autêntico modus vivendi ; e Thoreau se atreveu a escrever um dos primeiros escritos que se conhece sobre as qualidades salvadoras do ato de caminhar. Não se contempla, entretanto, que o fato de andar, caminhar ou passear sejam acontecimentos excepcionais, tampouco estúpidos. Mas a verdade é que, cabeça baixa ou queixo erguido, percorrer o caminho de seus próprios passos pode chegar a se tornar um verdadeiro perigo, por várias razões. A primeira de todas elas é resistir o descrédito das certezas incomensuráveis como o poste de luz da esquina ou acab