Diário Pedagógico – página 04: A estrutura
Por Pedro Fernandes
A Escola Municipal foi fundada em 1985. Registra-se a última reforma feita em 1996.
Das impressões do primeiro dia de aula a que mais marcou depois daquela da aluna de rosto inerte de que falei no texto anterior foi certamente esta da estrutura. Quando escrevi no artigo Um genocídio outro, um genocídio só que havia escolas que funcionavam como verdadeiras máquinas de matar gente no sentido de serem elas campos de concentração eu me referia diretamente a esta escola em que fui professor de inglês. Estendi a metáfora a outras escolas porque sei que não se é necessário ser feito em estruturas escolares para dar conta do entendimento de que não é apenas nessa escola que se encontra a situação estrutural tal, do contrário, há certamente estruturas até piores que as que vi e vivenciei dia desses. Mas, se estou tratando da escola como campo de concentração, a sugestão que dou ao problema é hitlerista. A meu ver naquela estrutura não há nada de proveito, há mesmo de ser derrubada e no lugar dela erguer-se outra estrutura.
A sala de aula que entrei primeiro, a do 9º ano como falei, reduzia-se a um cubículo com dois ventiladores em fim de carreira, carteiras de madeira, piso esburacado, quadro negro e giz. Amontoados os alunos têm de conviver com o calor terrível que faz no período da tarde. Além de que o professor deve aturar alunos fora de sala e outros alunos transeuntes de janela em janela.
As salas outras que entrei se repete boa parte da situação de que falei acima. Algumas até possuem um pouco de ventilação, entretanto, são extremamente lotadas. Há salas com mais 50 alunos. Se Direitos Humanos valem eles certamente ainda não chegaram por esse território de selvagerias. E este crime contra os alunos se acentua pela rigidez da escola em não permitir que alunos assistam aula de bermuda, apenas de calça do tipo jeans; se acentua pela qualidade da merenda servida às crianças, de terceira, cardápio mal-elaborado, que aqueles viventes só se alimentam dela por dois motivos, ou porque em casa comem pior ou porque nem desse tipo tem em casa para comer.
A escola não dispõe de sala de computação, há duas administrações prometidas. Não dispõe de sala de projeção. Não dispõe de sala para os professores, que se amontoam com aquela barrela de funcionários cara-pra-cima na sala da secretaria. Os banheiros, quatro no total, são em péssimas condições. A cozinha segue-se com o básico. Biblioteca passa longe dessa escola. Os livros ficam amontoados nos corredores da escola. Fiquemos por aqui no caudal das desgraças estruturais.
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Leia sobre o andamento desse relato dividido em 4 textos e outros sobre o tema aqui relacionado
A Escola Municipal foi fundada em 1985. Registra-se a última reforma feita em 1996.
Das impressões do primeiro dia de aula a que mais marcou depois daquela da aluna de rosto inerte de que falei no texto anterior foi certamente esta da estrutura. Quando escrevi no artigo Um genocídio outro, um genocídio só que havia escolas que funcionavam como verdadeiras máquinas de matar gente no sentido de serem elas campos de concentração eu me referia diretamente a esta escola em que fui professor de inglês. Estendi a metáfora a outras escolas porque sei que não se é necessário ser feito em estruturas escolares para dar conta do entendimento de que não é apenas nessa escola que se encontra a situação estrutural tal, do contrário, há certamente estruturas até piores que as que vi e vivenciei dia desses. Mas, se estou tratando da escola como campo de concentração, a sugestão que dou ao problema é hitlerista. A meu ver naquela estrutura não há nada de proveito, há mesmo de ser derrubada e no lugar dela erguer-se outra estrutura.
A sala de aula que entrei primeiro, a do 9º ano como falei, reduzia-se a um cubículo com dois ventiladores em fim de carreira, carteiras de madeira, piso esburacado, quadro negro e giz. Amontoados os alunos têm de conviver com o calor terrível que faz no período da tarde. Além de que o professor deve aturar alunos fora de sala e outros alunos transeuntes de janela em janela.
As salas outras que entrei se repete boa parte da situação de que falei acima. Algumas até possuem um pouco de ventilação, entretanto, são extremamente lotadas. Há salas com mais 50 alunos. Se Direitos Humanos valem eles certamente ainda não chegaram por esse território de selvagerias. E este crime contra os alunos se acentua pela rigidez da escola em não permitir que alunos assistam aula de bermuda, apenas de calça do tipo jeans; se acentua pela qualidade da merenda servida às crianças, de terceira, cardápio mal-elaborado, que aqueles viventes só se alimentam dela por dois motivos, ou porque em casa comem pior ou porque nem desse tipo tem em casa para comer.
A escola não dispõe de sala de computação, há duas administrações prometidas. Não dispõe de sala de projeção. Não dispõe de sala para os professores, que se amontoam com aquela barrela de funcionários cara-pra-cima na sala da secretaria. Os banheiros, quatro no total, são em péssimas condições. A cozinha segue-se com o básico. Biblioteca passa longe dessa escola. Os livros ficam amontoados nos corredores da escola. Fiquemos por aqui no caudal das desgraças estruturais.
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