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Mostrando postagens de fevereiro, 2009

Luis Fernando Verissimo

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Semana dessas, Luis Fernando Verissimo apresentou seu mais novo romance em território espanhol. O livro Borges e os orangotangos eternos , homenagem ao autor argentino Jorge Luis Borges, agora foi traduzido, depois de já está nas prateleiras de outros países de língua estrangeira. Pela ocasião, citou o seu novo romance, Os espiões , cuja trama se passa no interior do Rio Grande do Sul; para o escritor é este o primeiro livro que autoencomendou - até então, diz, só escreveu aquilo que os outros lhe encomendaram. E quantas encomendas! Já são mais de 80 obras publicadas e a criação de personagens famosas no imaginário literário do Brasil como o Analista de Bagé ou a Velhinha de Taubaté. O escritor diz que já realizou todos os sonhos de sua vida, inclusive o mais desejado: ter um neto.  Nascido em Porto Alegre, o escritor é filho de outro escritor, Erico Verissimo. Nasceu em 26 de setembro de 1936. E a fama no ofício que o fez reconhecido data desde o primeiro livro; foi tanto o re

Trecho censurado de Macunaíma

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Ilustração de Carybé para Macunaíma Manuel Bandeira teceu muitos elogios quando leu Macunaíma , sobretudo pela protuberância dos episódios picantes da obra. Mas, com medo da censura, Mário de Andrade fez um recorte do romance em que se era narrado, ao seu ver, circunstâncias que poderiam ser acusadas de pornográficas.  O recorte censurado descreve uma passagem do sexo de Macunaíma e Ci. Os cortes foram da versão original para a segunda edição da obra. Leia o trecho reproduzido aqui a partir da edição crítica da obra preparada por Telê Porto Ancona Lopez e publicada em 1988 pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina. * Um geito engraçado era enrolar a rede bem e no rolo elástico sentados frente a frente brincarem se equilibrando no ar. O medo de cair condimentava o prazer e as mais das vezes quando o equilíbrio faltava os dois despencavam no chão ás gargalhadas desenlaçados pra rir. Outras feitas Ci balançava sozinha na rede, estendida de atravessado. Macu

“Eu não viajarei para Auschwitz”

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Por Pedro Fernandes Bem, leitor, confesso que minha consciência novamente me obriga a render matéria sobre um assunto que só pensei escrever apenas um artigo. Mas, o caso é forte. É daqueles, como diria uns, de rasgar a goela. Não desce de forma alguma. E calar-se parece consentir. Trata-se da novela Williamson, que discorri aqui noutro dia. Ele mesmo. O dito cujo mesmo que anda pregando aos quatro ventos que o Holocausto não existiu. Pois bem, esse mesmo volta à telinha de novo e de novo com a mesma história. Nesse vale a pena ver de novo, depois de uns imprensões fuleras de Ratzinger, que só convenceram a meio mundo de fanáticos de que ele está realmente preocupado com o caso, porque se realmente estivesse já teria feito o que João Paulo II fez, ou melhor, se se preocupasse com o caso sequer teria reabilitado o louco, Williamson afirmou, segundo o jornal Folha de São Paulo , à revista alemã Der Spiegel  que está disposto a rever as evidências históricas, mas que não vai visitar Ausc

Do poder da escrita

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Pedro Fernandes No princípio era o verbo - Bíblia, João, 1: 1-18 Uma folha branca. Ela é um desafio para escritor de qualquer nível vencido a cada momento em que novas palavras e idéias surgem para preenchê-la.  Vejo a escrita como um processo delicado. Através dela somos colocados diante situações que esperam ser resolvidas. Isso é o que chamo pensar com palavras.  Comparo escrever com entrar num mundo escuro e desconhecido. É um problema que nos traz satisfação e conhecimento. Agora mesmo é tudo breu. E a página se preenche com volteios, letra após letra, palavra a após palavra, formando uma ideia, uma situação. Já parou para imaginar o mundo como vivemos sem a escrita? Existiríamos até aqui?  Seríamos, muito provavelmente, um dos muitos elos perdidos como são os nossos antepassados de antes ou sem a escrita, aqueles que pouca coisa conhecemos e o pouco que conhecemos são de longas suposições.  Vejo a escrita como capaz de construir e erguer o universo que somos e que habitam

Chinatown, de Roman Polanski

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Em vez do preto-e-branco típico do noir , a fotografia em tons alaranjados não esconde a cinzenta visão de mundo do diretor O detetive J.J. Gittes (Jack Nicholson) é colocado no centro de uma trama gigantesca envolvendo boa parte dos homens poderosos de Los Angeles nos anos de 1930. Na trama, seu bom humor e sua malandragem contratam com a maldade assumida dos demais personagens, bem ao estilo do pessimismo moral que caracteriza o universo cinematográfico do polonês Roman Polanski. Conforme a história é esclarecida, percebe-se que o crime investigado é apenas mais um de tantos desvios de conduta de todos os envolvidos e que nenhum dos suspeitos parece realmente inocente. Com seus antecessores na tradição do cinema noir, o detetive é um solitário que esbarra num mundo podre e normalmente sem solução. Gittes parece lidar bem com isso. Quando perguntado se ele está sozinho, responde com uma pergunta: "Esta não é a situação de todos?" Não só sobrevive no centro da podr

Duas notas entre o geral e o particular

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Por Pedro Fernandes Oscar 2009 As principais premiações cinema em 2009 parecem inaugurar novos rumos para os filmes produzidos em Hollywood. O favoritismo da mega produção de O curioso caso de Benjamin Button , de David Fincher, desbancado pela simplicidade da produção de Quem quer ser um milionário , de Denny Boyle, reflete várias questões na indústria do cinema. Uma, parece ser a respeito do modo de fazer cinema, apesar de que essa questão que vou apontar ser uma tônica noutras premiações da Academia: não é necessário ser dono de uma gorda conta para se produzir bons filmes. E, outra, que está para além da forma de fazer cinema, que é o reconhecimento, enfim, da real maior indústria cinematográfica do mundo - a indiana. Reconhecimento ou provocação. Fica a critério de quem julgar. E, em linhas gerais, e talvez seja este o fator verdadeiro: o interesse hollywoodiano de expandir para além das fronteiras a que sempre esteve preso. Afinal de contas, o Oscar 2009 agraciou mais aos que

o tempo

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Patrick Proktor. Matamos o tempo e o tempo nos enterra. (Machado de Assis) martelava o tempo tique-taque tique-taque tique-taque enxerguei-me escravo do tempo tique-taque tique-taque tique-taque quase tive um ataque! tique-taque tique-taque tique-taque matamos o tempo tique-taque tique-taque tique-taque o tempo nos enterra tique-taque tique-taque tique- taque tique-taque tique-taque * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

A eternidade de um enigma (notinhas)

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Cena de Capitu . 1. Hoje, depois de ir a livraria tive contato com um belíssimo trabalho impresso. É um catálogo de imagens da minissérie Capitu , do mesmo diretor de Os Maias e A pedra do reino , Luiz Fernando de Carvalho, também feita para a TV Globo. Estão lá sua metodologia de trabalho que inclui uma imersão dos atores e técnicos nas obras literárias. 2.   O livro é dividido em duas partes, e se apresenta o processo de preparação dos atores e a história filmada de um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Dom Casmurro , também vem regado de imagens com tratamento especial da fotografia típica do seriado . 3.  Durante dois meses os atores e a equipe técnica se reuniram semanalmente e assistiram palestras sobre a obra de Machado de Assis - Sergio Paulo Rouanet, Daniel Piza, Maria Rita Kehl, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, Carlos Byington, Edmilson Martins Rodrigues e Gustavo Bernardo. Os textos dessas palestras é o que compõe a primeira parte do livro e ajudam o

Holocausto

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Por Pedro Fernandes O vocábulo holocausto só entrou para o léxico da língua portuguesa por volta do século XIV - conforme o Aurélio veio do grego holókauston , sacrifício em que a vítima era queimada inteira, pelo latim, holocaustu . Entretanto, seu sentido original permanece apenas como registro, porque depois do genocídio dos judeus empreendido pelo regime nazista de Adolf Hitler, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, tornou-se espécie de nome próprio para tal fato. Mas, já em referência a massacres a palavra fora utilizada por Winston Churchill quando num discurso seu em que descrevia o assassinato de cerca de um milhão de armênios pelo governo turco. Noutro entretanto, a inédita escala de extermínio de judeus pelos nazistas, em que o número extrapola à casa de milhões de pessoas, exigiu um nome específico, um nome próprio - com iniciais maiúsculas, como sentido do caráter único de tamanha barbárie, afinal, se o número de judeus vai a casa dos milhões mais haverá de ir se

Bocage

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Meu ser evaporei na lida insana Do tropel das paixões que me arrastava, Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim, quase imortal, a essência humana.   De que inúmeros sóis a mente ufana A existência falaz me não doirava! Mas eis sucumbe a Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua origem dana.   Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos.   Deus... ó Deus! quando a morte à luz me roube, Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube!   Estes versos tão conhecidos na literatura de língua portuguesa, assente nos vários livros didáticos brasileiros, são versos do poeta português Manuel Maria Barbosa Du Bocage. Tido pela crítica como um dos maiores poetas do Arcadismo em Portugal, movimento que se inicia quando da fundação da Arcádia Lusitana, em 1756.   Bocage é nascido em Setúbal no ano de 1765. E morreu na capital lusitana, Lisboa, em 1805. Filho de intelectuais portugueses, manifestou de

A carroça, o bonde e o poeta modernista

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Por Pedro Fernandes (Anotações sobre  “ A carroça, o bonde e o poeta modernista ” , de Roberto Schwarz) 1. No ensaio  “ A carroça, o bonde e o poeta modernista ” , Roberto Schwarz discute a partir da poética de Oswald de Andrade – mais especificamente o poema oswaldino  “ Pobre alimária ”   – acerca do poeta e da poesia modernista no Brasil. Alude o autor à conciliação de três elementos característicos na poesia de Oswald: uma fórmula fácil e eficaz para ver o Brasil pelas janelas do poema; o ser poeta sem o esteticismo apregoado pelos poetas doutras escolas literárias semelhante ao modo leninista de fazer política – “o Estado uma vez revolucionado, se poderia administrar com os conhecimentos de uma cozinheira”; o uso de um reduzido vocabulário – reduzido, no sentido de ser comum a todos – o qual Schwarz compara à poética de Bertolt Brecht que se dispunha a redução vocabular do Basic English .  2. Para o autor, somam a isso na poesia de Oswald, uma fórmula de duas operações: a justapo

Tony Silva

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Por Pedro Fernandes 1.  A primeira vez que vi Tony Silva em cena foi num espetáculo que a cidade de Mossoró anualmente promove nos meses de junho aos moradores e visitantes, o Chuva de bala no país de Mossoró , que conta a história da resistência dos mossoroenses aos cangaceiros de Lampião. O texto original é do professor e escritor Tarcísio Gurgel. 2.  Desde então estabeleci uma relação de admiração pelo trabalho da atriz. Encontrei-a noutros trabalhos, como  Auto da liberdade , outro espetáculo também encenado ao ar livre e livre para o público de Mossoró, também anualmente, assinalando algumas das datas históricas, com a libertação dos escravos. A cidade foi uma das primeiras a cumprir esse gesto. 3.  Depois, em outro trabalho a vi ainda mais brilhante: uma adaptação da tragédia grega Medéia . 4.  Numa entrevista com a atriz para o jornal  Gazeta do Oeste encontro algum registro da sua vivência no teatro e como que este passou a fazer parte de sua biografia. Segundo

A Doce Vida, de Federico Fellini

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Na década de 1950, Federico Fellini começou a se afastar de seu passado neo-realista - participou como roteirista de Roma, Cidade Aberta (1945), e Paisà (1954), de Roberto Rossellini - com suas primeiras obras-primas, A Estrada da Vida (1954) e Noites da Cabíria (1957). Recebeu, pela ousadia, ataques duros da esquerda e de outros setores que esperavam encontrar em sua obra elementos do antigo movimento. E acabou tornando-se persona non grata tanto entre os revolucionários quanto entre os moralistas e a Igreja Católica com A Doce Vida . Ele pode até ter feito filmes melhores, mais nostálgicos, mais emocionantes e mais engraçados. Porém, nada o define com mais precisão do que este cáustico panorama da sociedade romana e do mundo da fama. O longa foi lançado no mesmo ano de A Aventura , de Michelangelo Antonioni, e explora universos parecidos: o vazio da sociedade burguesa e a maneira hedonista pela qual tentam extravasar suas frustrações. Só que, enquanto Antonioni aborda

Estamos sem a revista Entrelivros e o que resta?

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Por Pedro Fernandes  O mercado editorial brasileiro é muito pobre em publicações de qualidade. Quando estreou por cá a publicação de uma revista preocupada apenas com livros e literatura, vibrei. Era a revista Entrelivros . Saía pela Duetto Editorial e a duras penas consegui comprar alguns números e colecionar alguns especiais. Mas, o que aconteceu não sei: as edições findaram depois de três anos e de 32 números. Ficaram outras publicações. Mas, concordemos, que o conteúdo não é tão completo como era o da Entrelivros . Outro dos males no Brasil, além da qualidade do que se publica, é nossa falta de vocação para o estabelecimento de projetos dessa natureza a longo prazo como é possível encontrar em outros países. Queixas à parte, fiquemos agora com o que podemos ter.  Agora podemos dispor gratuitamente do material on-line - e isso é novidade! - do acervo de uma das mais importantes revistas, que não chega ao padrão Entrelivros , mas merece a divulgação. Ficou sendo o que dispom

A expressão Aluísio Azevedo 90 anos depois

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Por Pedro Fernandes Cena de O cortiço . O livro de Aluísio Azevedo foi adaptado por Francisco Ramalho Jr. em 1978. ao tingir com tintas fortes e pinceladas rudes, por vezes, mas duma poeticidade única, Aluísio Azevedo entrava em definitivo para o rol da história literária como o Zola brasileiro Há pouco mais de um século o escritor francês Émile Zola publica O romance experimental. Essa obra inaugura novas vertentes no campo da Literatura, que a crítica literária logo tratou de conceituar como Naturalismo. Esse movimento estético literário foi como uma espécie de desdobramento da estética realista. Tal como defendido por Zola, o romance naturalista seria aquele que se preocuparia em apresentar e discutir temas comuns ao homem como patologias sociais, sem pudor, de modo semelhante a um cientista cético que tem o interesse de tocar e remexer numa ferida a título de discernir o cerne da doença. Já quanto ao Realismo, usando de um recurso visual do crítico brasileiro Mass

Crise, crises

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Por Pedro Fernandes Saiu o presidente Bush, talvez a pior das espécies que já ocupou a Casa Branca. Fica depois de sua saída um rastro de coisas por consertar. Espera-se agora pela change que ocupou sua cadeira. Uma dessas coisas por consertar que talvez mais tenha chamado atenção, porque depois de atingir as grandes economias agora começa a dar sinais de incômodos por cá, pelas economias emergentes, certamente é a crise econômica que se instalou nos Estados Unidos. Já se mostram em números o que a tal crise começa a aprontar; crise tida pelos especialistas do mundo econômico como a maior desde o crack da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Bem, seria a tal crise fruto do descuido do ex-presidente estadunidense que olhou com olho gordo para além das suas fronteiras, a título de enriquecer seu império e esqueceu-se de casa, onde um monstro se formava silenciosamente? Isso é uma suposição com um bom fundo de verdade. Não podemos, pois, descartá-la de um todo. Ainda mais, sabendo que

O centenário de Carmen Miranda

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Hoje Carmen Miranda faz 100 anos. Nascida em 1909 em Marco de Canaveses, Portugal, a cantora e atriz marcou uma época da música e do cinema, fazendo carreira no Brasil e nos Estados Unidos. Chegou por aqui ainda com um ano de idade e nunca mais regressou ao seu país natal. Iniciou sua carreira artística ainda na década de 1930. Sagrou-se nos Estados Unidos, onde chega depois de quase dez anos de sucesso no rádio e no cinema brasileiros. Foi o país que escolheu para viver e sua permanência aí foi, sem dúvidas, importante para o estabelecimento do seu lugar de ícone numa nova era que se formava para o mercado artístico.  Teve, como algumas estrelas contemporâneas, uma meteórica subida rumo à fama e à riqueza. Também não foi diferente seu destino dos muitos destinos da fama. O sucesso estrondoso que obteve em menos de dois anos que levou a atriz ao patamar de estrela mais bem paga de Hollywood deixou-lhe, certamente, profundas sequelas na vida pessoal, seja pela imagem caricata sua

Duas notas sobre o Oscar 2009

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Por Pedro Fernandes 1.  O curioso caso de Benjamin Button , ouvi sobre num programa desses de TV. Depois, ouvi pessoalmente de um cinéfilo - o filme é interessante. Vi o trailer hoje ao assistir Sete Vidas . O filme lidera o número de indicações às estatuetas do Oscar: são 13 no total. Baseado em um conto de F. Scott Fitzgerald publicado na Revista Collier's , em 1922, que narra a bizarra a história de Benjamin Button, que ao contrário da natureza comum, nasceu velho e foi ficando jovem com o passar dos anos, o filme também me lembrou de um pensamento do saudoso Chaplin de que o homem deveria nascer velho e morrer jovem para poder aproveitar a vida. Se isso acontece com Button, só vendo o filme para saber, o que é mesmo visível pelas imagens do trailer, é que Button, ainda assim, é um homem como qualquer outro, que não pode parar o tempo e, como pessoa comum, passa por problemas comuns, precisa percorrer seu caminho, viver sua história ao lado das pessoas que conhece e os lug

Memorial do convento, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes Acabei de reler e tenho obrigação de postar minhas reimpressões acerca desta grande obra da literatura em língua portuguesa. Falo de Memorial do convento , do escritor português José Saramago. O texto está em sua 33ª edição, publicada em 2007, no Brasil, pela editora Bertrand Brasil. Este título e Levantado do chão , enquanto todos os demais estão sob a publicação da Companhia das Letras. Uma suposta impressão sobre o mercado editorial: parece que a Bertrand tinha interesse, mas a outra editora atravessou-se no caminho e fez, certamente, uma boa escolha. Se o Memorial  encontra-se no Brasil na edição em que se encontra (e o nosso país é não raras vezes acusado de ser um país de maus leitores) é prova de Saramago é, além de bom escritor, alguém que vende muito. De fato, este livro assinala uma ruptura com o esquecimento em torno da obra do português. Basta uma pesquisa simples em torno de quem era José Saramago desde a publicação de seu primeiro romance,