DO EDITOR
1. Caro leitor, três anos depois, divulgamos
uma chamada para novos colunistas atuarem no
Letras.
Se você escreve
resenhas (sobre livros ou filmes) ou ensaios, por exemplo, e procura um espaço
para exercitar sua escrita junto ao público, eis um convite.
Saiba tudo aqui ou
escreva para nós.
2. Outra novidade: na segunda-feira, 23, as atividades do ano 16 aqui no blog
voltam ao fluxo diário.
3. Para que continuemos online,
sua ajuda é importante. E uma das formas de você colaborar é na
aquisição
de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste Boletim; poderá garantir
ainda um desconto na compra sem pagar nada mais por isso. Legal, não é? Para
conhecer outras maneiras de ajudar,
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4. Muito obrigado pela sua
companhia e desejamos um rico final de semana!
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Roberto Piva. Foto: Re D'Elia / IMS (Reprodução). |
LANÇAMENTOS
Pela primeira vez, em um só volume, a obra de uma das vozes mais
vigorosas e anárquicas da poesia brasileira.
Autor de versos radicais e transgressores, Roberto Piva estreou na
literatura em 1963, com
Paranoia, numa edição acompanhada por
fotografias do artista plástico Wesley Duke Lee. Dali em diante, até 2010 — ano
de sua morte —, o poeta ganharia lugar único na cena literária. Avessa às
convenções sociais, à moral, aos bons costumes, ao bom-mocismo e ao modo de
vida burguês, sua poesia chocou os leitores de então e segue como referência
ímpar para as gerações seguintes. Amor e erotismo aparecem como tema central na
obra do autor de
Piazzas. O pano de
fundo é uma São Paulo noturna, caótica, feita de buzinas, esbarrões, flertes e
infinitas possibilidades. Nos versos de Piva, que carregam toques de
surrealismo e de misticismo, estão presentes o desejo sexual e a violência
física, o delírio e a razão, a sensação coletiva das metrópoles e sua
irremediável solidão. Com organização de Alcir Pécora,
Morda meu coração na
esquina perfaz a trajetória de Piva, livro a livro, e traz textos de
Claudio Willer, Eliane Robert Moraes e Davi Arrigucci Jr. A edição inclui ainda
poemas esparsos, cronologia do autor e imagens publicadas na edição original de
Paranoia. O livro sai pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
O romance de uma das mais importantes escritoras holandesas da
atualidade.
Kayleigh precisa de dinheiro. Justamente por isso, ela aceita um emprego
como moderadora de conteúdo para uma plataforma de mídia social cujo nome não
pode ser mencionado. Seu trabalho: revisar vídeos e fotos ofensivas, discursos
e teorias da conspiração, e decidir quais precisam ser removidos. É um trabalho
cansativo. Kayleigh e seus colegas passam o dia todo assistindo horrores em
suas telas, e os avaliando conforme diretrizes de moderação em constante
mudança. Mas Kayleigh é boa em seu trabalho. Pela primeira vez em sua vida, o
futuro parece brilhante. No entanto, quando seus colegas começam a desmoronar,
quando Sigrid, sua nova namorada, fica cada vez mais distante e frágil, quando
seus amigos começam a defender as teorias da conspiração que deveriam estar
avaliando, Kayleigh começa a se perguntar se o trabalho pode ser demais para
eles. Felizmente, ela está bem ― ou não está?
Este post precisou ser removido, de Hanna Bervoets, é uma história arrepiante, poderosa e emocionante
sobre o que ― ou quem ― determina como vemos o mundo. O livro assinala a
estreia da escritora holandesa no Brasil. Com tradução do original feita por
Daniel Dago, o livro é publicado pela editora Rua do Sabão.
Você pode comprar o livro aqui.
A história da arte do ponto de
vista das Vigna.
Fascinadas por história da Arte,
as escritoras Elvira e Carolina Vigna, mãe e filha, mergulharam no assunto
construindo este livro a quatro mãos até 2017, quando morreu Elvira. Sem
pretensão de ser um guia ou de escrever a história definitiva da arte, a obra,
que foi concluída por Carolina, inclui artigos, observações irônicas,
comentários, com o objetivo principal de dessacralização da arte e de seus
artistas, a partir da perspectiva pessoal das duas autoras. Por isso mesmo, não
tem preocupação de seguir uma cronologia e salta momentos da história, temas,
artistas e obras que normalmente são consideradas relevantes, constituindo uma
das interpretações possíveis, entre tantas, de como se pode ver a arte.
Uma
história da arte ganhou edição pela editora CEPE.
Um volume magistral sobre livros e a história da literatura —
indispensável para todo leitor e bibliófilo.
“Uma biblioteca é um organismo em perene movimento. É um terreno
vulcânico, onde sempre algo está acontecendo, mesmo que não seja perceptível de
fora”, escreve Roberto Calasso no ensaio principal deste volume. Combinando
fragmentos autobiográficos e a erudição que perpassa toda a sua obra, o autor
examina a complexa tarefa de organizar uma biblioteca, que instigou incontáveis
pessoas ao longo da história — de Gabriel Naudé a Aby Warburg. O volume inclui ainda outros três textos: “Os anos das revistas”, que
examina os tempos áureos das revistas literárias, entre os anos 1920 e 1940; “Nascimento
da resenha”, a respeito do episódio que deu origem a esse gênero literário,
protagonizado por Madame de Sablé e La Rochefoucauld; e “Como organizar uma
livraria”, que retoma o tema principal do livro e propõe uma reflexão sobre as
livrarias de hoje. Com tradução de Patricia Peterle,
Como organizar uma
biblioteca é publicado pela Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
O romance de estreia da
espanhola Xita Rubert.
Em
Meus dias com os Kopp
narra-se uma viagem de uma jovem de dezessete anos com o pai e amigos deste —
os intelectuais endinheirados Andrew e Sonya Kopp. Nesta breve e caótica
jornada, a protagonista Virginia encontra um mundo adulto repleto de
hipocrisias e ambivalências, cuja fachada parece sempre perto de desmoronar
graças à presença perturbadora do filho dos Kopp, um artista que pode — ou não —
sofrer de uma doença mental severa. Com tradução de Elisa Menezes, o livro sai
pela editora DBA.
Você pode comprar o livro aqui.
Uma rotina de alta voltagem sexual com lembranças da juventude da
protagonista.
Este romance experimental e
bem-humorado, porém de contornos trágicos, acompanha a dissolução mental de
Ana, uma professora universitária de literatura às voltas com o confinamento da
pandemia de Covid-19. Recém-saída de um divórcio, ela tenta elaborar o programa
da disciplina que deve ministrar à distância, enquanto se divide entre uma
relação paranoica com seu gato Felício, um caso com seu psiquiatra e um
mergulho de cabeça em três relacionamentos amorosos seguidos. O primeiro deles,
com Alice, jovem que Ana conhece em uma ocupação habitacional e com quem ela
desenvolve uma plataforma de prostituição on-line para garantir a renda das
demais moradoras durante a quarentena. Os outros dois casamentos fincam pé no
absurdo com uma riqueza de detalhes desconcertante: um pangolim e um morcego
são os improváveis parceiros — e vítimas — de Ana. Narrado em primeira pessoa, o
romance intercala relatos de uma rotina de alta voltagem sexual com lembranças
da juventude da protagonista, em que já se encontrava plantada a semente da
paranoia de fundo político que volta a atacar no enclausuramento doméstico. Aos
relatos íntimos somam-se ainda as experimentações literárias, que Ana tenta
encaixar na disciplina que precisa lecionar. Animais antropomorfizados e
carregados de simbologia povoam os contos que ela, em estado de liquidação
mental, julga dignos de figurar no programa do curso, enquanto seus colegas a
alertam dos perigos de ir contra a correnteza em tempos politicamente sombrios.
Com uma prosa cristalina, cortante e sedutora, e coroado por um epílogo que
abre a narrativa para o mundo contemporâneo com uma história real que nos
convida a repensar a própria ideia de verossimilhança, o romance se
metamorfoseia na caixa de Pandora. Dela também saem outros mitos clássicos,
possíveis chaves de compreensão dessa atmosfera sexualizada, grotesca e
violenta. Mescla habilidosa de crítica social e implacável autoironia, Pandora
lança mão do experimentalismo para melhor descrever uma realidade em que os
perigos são palpáveis, mas as consequências não são compartilhadas de forma
igualitária por todos.
Pandora, de Ana Paula Pacheco, sai pela editora
Fósforo.
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O percurso de dois personagens
envolvidos em dilemas sobre a verdade.
Totanauá é o primeiro de seu povo
a aprender a ler. Escuta do papel palavras estranhas que falam sobre um novo
tempo. Tenta transmiti-las aos seus parentes, que recebem as revelações sem
saber se creem ou não no velho homem. Acomodado no jardim de um hospital, M.
ouve relatos de pessoas perturbadas com sonhos de parentes mortos por uma
doença devastadora. Durante a noite, recebe visitas de mulheres-espírito que
entram pela janela de seu apartamento. Trarão elas explicações sobre os sonhos
enigmáticos? Terão os sonhos alguma relação com o estado desolador em que se
encontra a metrópole e todo o território em que vive M.? Desde seu apartamento,
o narrador rememora a infância e descobre documentos que se conectam ao passado
por meio dos sonhos e das visões. Nessas duas novelas reunidas em
A
repetição, Pedro Cesarino narra com maestria o percurso de dois personagens
envolvidos em dilemas sobre a verdade. Situados em mundos distintos — a floresta,
a metrópole e o litoral —, ambos se confrontam com a herança da escravidão, da
violência contra povos indígenas e da exploração econômica. Valendo-se de
fatos, estudos e documentos históricos para a escrita de ficção, Pedro Cesarino
desenvolve um registro narrativo e imagético heterodoxo, estabelecido a partir
da interlocução com pensamentos indígenas e afrocentrados ainda pouco presentes
na literatura brasileira contemporânea. O livro é publicado pela editora
Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
Antologia reúne autores veteranos
e novatos interessados no microconto.
Marcado pela liberdade e a
inventividade, o microconto é um gênero que coloca a literatura no fio da
navalha. Assim como na poesia, em que a profundidade é construída pela
escassez, nestas breves narrativas cada palavra vale seu peso em ouro — e o
silêncio muitas vezes é o que mais revela. Organizado por Francisca Noguerol,
da Universidade de Salamanca, na Espanha,
Universos breves, publicado
pela Editora Cobogó em parceria com o Instituto Cervantes, é uma antologia que
reúne 39 expoentes contemporâneos do microconto em língua espanhola. São
autoras e autores de 21 países (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Honduras,
México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana,
Uruguai e Venezuela) e de diferentes gerações, desde os consagrados Luisa
Valenzuela e Rafael Ángel Herra ao jovem José Zelaya. Enquanto alguns dialogam
diretamente com as tensões dos tempos atuais, outros apostam nos mundos
incomuns, nos jogos linguísticos e na reflexão filosófica. Todos, no entanto,
enfatizam a vitalidade e a força narrativa dos microcontos, apresentando, em
poucas linhas, epifanias inesgotáveis.
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Nova tradução para uma das principais novelas de Herman Melville.
Anti-herói dos tempos modernos, o comportamento de Bartleby provoca
reações de repulsa, ira e indignação — não por aquilo que faz, mas pelo que se
recusa a fazer. Bartleby não gosta de trabalhar: não toma café ou se obriga a
ser produtivo. Mas tampouco gosta de sair para se divertir — não bebe cerveja
ou puxa assunto com quem quer que seja. Também não se volta para o divino ou
transcendente, já que não nutre qualquer crença religiosa. Bartleby é, acima de
tudo, um homem de aspecto terrivelmente sedado. Publicado em 1853,
Bartleby
– uma história de Wall Street é uma obra breve de repercussão retumbante.
Através da melancolia paralisante de Bartleby, Herman Melville tece uma densa
crítica à desumanização dos modos de produção vigentes. Desconectado de tudo o
que é humano, Bartleby tem como única missão na vida copiar mecanicamente e sem
erros documentos que servem apenas para multiplicar a riqueza alheia. O
cotidiano banal e a condenação do ócio figuram entre as críticas mais
relevantes na obra. A edição da Antofágica foi integralmente datilografada à
mão por Letícia Lopes, que realizou intervenções artísticas que refletem o
trabalho monótono e repetitivo do copista. O livro traz ainda textos
complementares da roteirista Manuela Cantuária, do multiartista Nuno Ramos,
José Garcez Ghirardi e Antônio Xerxenesky, tradutor deste volume.
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O segundo romance de Itamar Vieira Junior, quatro anos depois de Torto
Arado.
A narrativa de
Salvar o fogo se passa no povoado de Tapera do
Paraguaçu, no interior da Bahia, e acompanha moradores dessa comunidade de
pescadores, ceramistas e agricultores dominados por membros da Igreja Católica — dona
de um mosteiro construído no lugar no século XVII e, assim, detém a posse do terreno
da região. A narrativa acompanha essas personagens a partir da trajetória de Luzia e sua vida marcada pelo preconceito e pelas chamas do ódio. O livro sai pela editora Todavia.
Considerado por muitos um dos pontos altos da narrativa de Eça de
Queirós, livro traz uma importante reflexão sobre o poder das histórias
que contamos.
Final do século XIX, Portugal. Gonçalo Mendes Ramires é um aristocrata
rural, ansioso por ascender socialmente. Por sugestão de um antigo colega da
Universidade de Coimbra, ele resolve escrever um livro que exalte os feitos de
sua linhagem, narrando as agruras de Tructesindo Ramires, seu antepassado
distante. Fazendo da linguagem um potente artifício na construção de histórias
e usando-a da forma que melhor lhe convém, Gonçalo tem como objetivo integrar o
Parlamento português — fato que lhe conferiria o máximo prestígio e pelo qual
está disposto a distorcer a realidade. Publicado originalmente em 1900,
A
ilustre Casa de Ramires foi impresso postumamente. Vista de forma ambígua,
a obra já foi considerada uma ode a Portugal, mas também uma contundente
crítica aos costumes do período. O livro sai pela Penguin/ Companhia das
Letras.
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REEDIÇÕES
Nova edição de A cortina
, de Milan Kundera.
Em
A cortina, Milan Kundera reflete sobre um de seus temas
preferidos: a arte do romance. Partindo dos mestres fundadores do gênero
literário na Europa, Rabelais e Cervantes, o autor de A insustentável leveza do
ser analisa a produção de nomes como Flaubert, Kafka, Joyce, Musil, Broch e
Gombrowicz, e estabelece continuidades históricas e diálogos inesperados — por
exemplo, com os latino-americanos García Márquez e Fuentes. Marcado pela originalidade e inteligência características de Kundera — “porque
é assim que um romancista teoriza: conservando com ciúme sua própria linguagem,
e fugindo como da peste do jargão dos eruditos” —, este livro é uma pequena
obra-prima para todos aqueles que produzem, estudam ou simplesmente apreciam um
bom romance. A tradução de Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca é reeditada pelo
selo Companhia da Bolso, da Companhia das Letras.
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Edição de bolso de uma das obras mais marcantes do poeta, tradutor e
ensaísta José Paulo Paes.
Marcado pela lucidez, pela ironia, pela concisão verbal e pela aversão
ao sentimentalismo, este volume — publicado originalmente em 1992 — percorre os
principais temas que compõem a obra de José Paulo Paes, um dos principais nomes
da literatura brasileira do século XX. Entre outros motes, os poemas abordam o
amor, a força da memória, a proximidade da morte e a crítica política — com
alguma descrença, mas também com intenso lirismo e uma boa dose de
experimentação formal. Nas palavras do escritor Marcelo Coelho, “o autor faz
uma poesia que, sem ser confessional, é íntima, cheia de lembranças e
experiências biográficas. Fala de seus pais, de amigos mortos, da perna que
teve de amputar, mas não cede nunca às tentações da autopiedade e do desespero”.
Prosas seguidas de odes mínimas é uma publicação da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
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