Ungaretti e a gênese de um livro

Por Carlos Vitale Giuseppe Ungaretti. Foto: Emilio Ronchini Em momentos de desânimo, quase sempre presentes, quando acreditamos que ninguém se interessa por nossas obras , nós, aspirantes a poetas, consolamo-nos com a ideia de que as tiragens escassas e mal distribuídas, que nos condenarão para sempre ao ostracismo, não são uma novidade destes tempos. Um bom exemplo disso é a edição de Il porto sepolto [O porto enterrado] (1916), reimpressa em 1923 com uma introdução de Benito Mussolini e a semente de A alegria (1931), de Giuseppe Ungaretti (1888-1970). No outono de 1912, Ungaretti deixou o Egito em direção a Paris, onde estudou com Henri Bergson e entrou em contato com os maiores representantes dos movimentos artísticos de vanguarda (Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Giorgio de Chirico, Amadeo Modigliani, entre outros). Por ocasião da Exposição Futurista na Galeria Bernheim Jeune, conheceu vários intelectuais italianos proeminentes, como Giovanni Papini, Mario Soff...