DO EDITOR Ficamos fora da web , pelo menos esta nossa página, durante uma semana: da sexta-feira, 29 de novembro, à sexta-feira, 6 de dezembro. Isso nunca acontecera nestes 17 anos online. Foi uma falha na transição entre servidores que hospedam o domínio do Letras o motivo do problema. Assim, as nossas publicações diárias saíam, mas não chegavam a vocês. Uma semana de labuta e alguma angústia para conseguimos sair da caldeira escura do apagamento. Um dia este projeto acabará, afinal, nada é eterno. Mas, por aqui, ainda não estamos preparados para isso. Agradecemos àqueles que, preocupados, nos procuraram nas nossas redes e torceram pelo nosso pronto retorno. Toda energia positiva, sabemos, deve ajudar em horas como essas. Deu tudo certo e aqui estamos. Aproveitamos esta entrega do Boletim Letras 360º para agradecermos ainda pelas ajudas que muitos de vocês enviaram ao Letras nas aquisições com o nosso link durante os dias de Black Friday da Amazon. Reiteramos aqu...
Sophia de Mello Breyner Andresen. Foto: Louis Monier LANÇAMENTOS Edição reúne dois livros de Sophia de Mello Breyner Andresen . Ela soube conjugar de modo único a observação da natureza com a dimensão humana. A descrição concreta e material da paisagem — com destaque para o mar, tema central de sua poesia — convive com reflexões sobre o amor, a morte, a dor, a injustiça e a solidão. Publicado pela Companhia das Letras, volume reúne duas obras publicadas de forma avulsa na década de 1960 e traz temas dos mais recorrentes em toda a produção da autora e atesta o impacto da poesia brasileira em sua trajetória. O Cristo cigano , lançado em 1961, revela a influência decisiva da poesia de João Cabral de Melo Neto. Já Geografia , de 1967, descreve, entre outros temas, cenas da infância, o contato com a Grécia e a admiração pela obra de Manuel Bandeira. Você pode comprar o livro aqui . Um romance secreto e conflituoso que tem como pano de fundo a Guerra dos Seis Dias . ...
Mircea Cărtărescu. Foto: Leonhard Hilzensauer LANÇAMENTOS A editora Mundaréu regressa à obra de Mircea Cărtărescu e publica livro mais desafiador do escritor romeno . O nome do protagonista deste romance poderia bem ser o próprio Cărtărescu. Mas, em vez de escritor de renome internacional e multitude de prêmios, é um professor do ensino público em um bairro periférico de Bucareste. Ainda jovem, um malfadado sarau literário enterrou de vez suas pretensões literárias, restou apenas um diário para atestar o escritor que ele poderia ter sido. Trata-se, então, de autoficção de um duplo imaginário do escritor? Sua vida se resume a ir da escola para casa. Uma casa enorme, em forma de navio, construída por um cientista sobre um solenoide — um gerador de campo magnético que atrai todos os temas e obsessões literárias do escritor Cărtărescu, transformando a rotina do professor primário, para além do nonsense educacional e do terror do sistema de saúde, em um caracol de reflexões so...
Por Pedro Belo Clara Rabindranath Tagore. Foto: Curatorial Assistance Inc. / E.O. Hoppé Estate Collection O PRIMEIRO BEIJO O céu ficou silencioso e de olhos baixos, Os pássaros calaram todos os seus cantos; O vento emudeceu; a música das águas acabou De repente; o murmúrio da floresta Morreu lentamente no coração da floresta. Na margem deserta do rio tranquilo, Nas sombras do anoitecer desceu silenciosamente O horizonte sobre a terra muda. Nesse momento no silencioso e solitário alpendre Beijámo-nos pela primeira vez. Nesse momento exacto, ao longe e perto Repicaram os sinos e soaram os búzios Nos templos dos deuses apelando ao culto. Um estremecimento percorreu o infinito mundo das estrelas E os nossos olhos encheram-se de lágrimas. INTERMINÁVEL AMOR Parece-me que te amei de inúmeras maneiras, inúmeras vezes, Na vida após vida, em eras após eras eternamente. O meu coração enfeitiçado fez e voltou a fazer o colar das canções Que tomaste como uma pre...
Por Pedro Fernandes Ronaldo Correia de Brito. Foto: Hélia Scheppa Uma vez próximo ao desfecho de Rio sangue irrompe mais um dos muitos regatos que constituem o todo complexo de uma história que ambiciona contar a formação do interior do Nordeste brasileiro, quando os portugueses amargam as primeiras crises econômicas com a colônia fundada em 1500 e iniciam o processo de avanço pelos sertões. Neste breve fio, situado mais próximo do nosso tempo, encontramos um interessado em contar a história que vimos lendo e entre os problemas levantados no e a partir do diálogo com a prima, uma professora primária, está a ausência de uma obra literária capaz de, perfazendo o poder da épica, contar das inúmeras batalhas assumidas entre colonizadores e indígenas até a posse dos territórios em nome da Coroa. Recuperamos essa passagem porque nela parece que encontramos o interesse do próprio Ronaldo Correia de Brito com este romance. Embora a personagem referida não esteja totalmente ignora...
Por Sérgio Linard Moacyr Scliar. Foto: Roberto Scliar A vida sem a ficção seria insuportável; isso caso cogitar uma vida sem resquícios mínimos de elocubração fosse uma atividade possível ao homem. Em sonhos, em devaneios ou em ideações, temos, todos nós, à nossa medida, alguma forma de ficcionalizar a realidade. Uma maneira de viver. Com base nessa necessidade humana, Moacyr Scliar, em O centauro no Jardim , apresenta um romance que é a exata definição sobre como seria intragável a passagem humana na existência sem que essa fabulação em potencial, além do círculo comum repetitivo das coisas e dos meios, fosse não só uma possibilidade, mas uma maneira intrínseca de se ser no mundo . Para atingir esse objetivo, o autor coloca-se como crítico da própria história que escreveu, mostrando que o que a faz ser especial é somente a presença daquilo que pode ser dito como “inútil” ou “dispensável”, dada a não objetividade material esperada para os elementos e os acontecimentos da vida mod...
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