Pequeno perfil de um escritor potiguar: Moacy Cirne

Por Thiago Gonzaga



o seriado que eu vivi não teve fim,
acabou,
continua na próxima semana com a dor que
ficou.
Moacy Cirne

Moacy Cirne nasceu em 13 de março de 1943, filho de Luiz da Costa Cirne e Nadi da Silva Cirne. Sertanejo de Jardim do Seridó, habitou os primeiros anos em Caicó, vivência que tentou sempre cantar e resgatar em sua poesia, revelando a importância marcante da paisagem da infância em sua formação. Estudou no Colégio Santo Antônio, dos Irmãos Maristas, em Natal, e frequentou a Faculdade de Direito, que abandonou para dedicar-se ao jornalismo e à comunicação.

Moacy Cirne foi um importante e reconhecido colecionador e estudioso de histórias em quadrinhos e aficionado por cinema, chegando a lançar vários livros sobre o tema. Também ficou conhecido nacionalmente como um teórico da literatura de quadrinhos. No Rio Grande do Norte existe um Prêmio na área com o seu nome.

Muito jovem, revelou tendências literárias, participando de grupos intelectuais locais, tal como o Cineclube Tirol, e colaborando nos jornais da capital. Foi um dos mais importantes poetas do grupo da Poesia Concreta no Rio Grande do Norte, com Dailor Varela, Anchieta Fernandes, Nei Leandro de Castro, entre outros, no final da década de 1960.

Da poesia Concreta, Moacy e seu grupo passaram aos experimentos do Poema/Processo, quando o escritor teve importante atuação, tanto como teórico do movimento, como produtor de artefatos poéticos. No livro A poesia e o poema do Rio Grande do Norte, Moacy Cirne transcreve o manifesto Operação Poema, de Sanderson Negreiros, que estabelece os princípios fundamentais da feitura e da leitura do Poema/Processo.

A partir da década de 1980, Moacy integra as duas vertentes em sua produção literária: a semiológica e a poesia verbal. No Rio de Janeiro dirigiu durante alguns anos a Revista de Cultura Vozes e as Edições Achiamé. Durante alguns anos da década de 1990, o poeta editou a folha Balaio incomun, que discutia questões de política, literatura e cinema, entre outras coisas. Esse trabalho foi reunido no volume homônimo.

Em 1922, o escritor recebeu o Prêmio La Palma Real, de Cuba, com o livro História e crítica dos quadrinhos brasileiros.

Moacy Cirne também foi professor do Curso de Comunicação da Universidade Federal Fluminense, em Niterói e morou muitos anos no Rio de Janeiro, porém, sempre atento e participante da vida cultural do Rio Grande do Norte, terra que amava e voltaria a residir até a sua morte. Moacy ainda lançou em 2013 dois livros sobre duas grandes paixões dele, o clube de futebol carioca Fluminense e outro sobre o Seridó, ambos pelas Edições Sebo Vermelho.

A literatura/cultura potiguar será eternamente devedora deste escritor, poeta, artista visual, pesquisador e intelectual.

Capa da edição de Continua na próxima

Para conhecer a obra de Moacy Cirne

Em poesia, destaque para textos de Objetos verbaisCinema PaxDocemente experimental, Qualquer tudoContinua na próximaRio VermelhoA invenção de CaicóAlmanaque do BalaioPoemas inaugurais e Seridó Seridós, um de seus últimos títulos de 2013.

Sobre sua produção como crítico de poesia e HQs,  A explosão criativa dos quadrinhos, Para ler os quadrinhosVanguarda: um projeto semiológico, A poesia e o poema do Rio Grande do NorteUma introdução política aos quadrinhosA biblioteca de CaicóHistória e crítica dos quadrinhos brasileirosQuadrinhos, sedução e paixãoCinema CinemaA poética das águas, A escrita dos quadrinhos. Foi também responsável pela reunião de poemas de Chico Doido de Caicó em livro, no volume 69 Poemas de Chico Doido de Caicó em parceria com Nei Leandro de Castro.


 ***

Thiago Gonzaga é colunista no Letras in.verso e re.verso. Nasceu em Natal, é graduado em Letras e especialista em Literatura Potiguar pela UFRN. Autor dos livros Nei Leandro de Castro 50: anos de atividades literárias e Literatura Etc. Conversas com Manoel Onofre Jr. Dentre os vários trabalhos inéditos que possui destacam-se Novos Contistas Potiguares e Personalidades Literárias do RN. Como pesquisador da literatura do estado criou o Blog 101 livros do RN (que você precisa ler), com interesse por autores e livros locais sob diversos aspectos.

Comentários

Anônimo disse…
grande moacy
valeu pela lembrança amigos.

Postagens mais visitadas deste blog

Boletim Letras 360º #579

Boletim Letras 360º #573

Seis poemas-canções de Zeca Afonso

Confissões de uma máscara, de Yukio Mishima

A bíblia, Péter Nádas

Boletim Letras 360º #575