James Franco, ator escritor

Por Pedro Fernandes

Recentemente no Brasil tivemos algumas experiências de atores que foram do dia para outro (modo de dizer) aparecendo como autores. Não é fato novo, é verdade, cá já tivemos casos à parte, como Mario Lago, quem, além de ator em telenovelas e filmes, compositor de vários temas musicais que ganharam o gosto popular deixou vários títulos de natureza memorialística.  

Mas, quando digo dos recentes, estou pensando em figuras como Vera Fischer, que despertou para o romance. Depois dela, vieram os versos de Juliano Cazarré. Tivemos acesso à caprichada edição de Pelas janelas publicada pela casa gaúcha Dublinense e parece que tem alguma coisa ali que vale uma leitura.

Agora, de fora, chegam outros versos: os do hollywoodiano James Franco. De lá, saiu coisas recentes de Marilyn Monroe, coletânea que só tem destaque para o bom acabamento editorial (sim, dela pode se salvar o símbolo sexual leitora - quem não terá visto variadas vezes a pose da atriz lendo James Joyce ou com outro livro qualquer em mãos?). 

Mas, o caso aqui é James Franco. E com ele poderá ser diferente. Poderá. O ator tem publicado trabalhos do gênero prosa e também poesia: Palo Alto, coletânea de contos publicada em 2011, e o opúsculo de poesia Strongest of the Litter, que saiu neste 2012. 

Sabe-se que, além de mestre em Belas Artes, Franco tem uma especialização em poesia. Pela vivência, pode ser uma boa promessa, não? Por enquanto, nada dele foi traduzido por aqui, nem aparece no horizonte de alguma casa editorial. Penso que perdem um filão.

James Franco

De James Franco, está a caminho uma coletânea de poesia já batizada por Directing Herbert White e sairá por uma pequena editora estadunidense em abril de 2014. O título é uma referência ao poema “Herbert White”, de Frank Bidart; a personagem é um assassino de crianças e a obra de White um “retrato” perturbador da psicopatia. O poema foi encenado por Franco num curta-metragem.

Frank Bidart é um poeta e acadêmico estadunidense; suas primeiras obras foram publicadas ainda na década de 1970 e têm foco no temário da culpa. O autor ficou conhecido a partir de The Sacrifice, publicado em 1983. Directing Herbert White inclui não só trabalhos sobre a relação do autor com poema de Bidart, mas poemas que misturaram cinema, poesia e performance.

Antes que venha 2014, o ano vindoura principia cheio de novidades envolvendo o nome de Franco. Em janeiro estreia no Festival Sundance que se realiza em Salt Lake City o filme que dirigiu, Interior. Leather Bar. O enredo dessa produção se guia a partir de material que William Friedkin teve de retirar da versão final de Cruising, filme polêmico da década de 1980, que faz uma visita à cena underground gay de Nova York.

Mas, ficam as pistas para este ator escritor ou seria escritor ator?

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