Anna Akhmátova. Como congelar no inferno


Por Antonio Lucas



Anna Akhmátova foi uma dama altamente intoxicada de poesia e com uma fabulosa propensão para transitar pelas sendas consideradas proibidas de qualquer ditadura. Amou precocemente, escreveu furiosamente, levantou sua voz com todo desalento e morreu com gana de morrer depois de se hospedar em vários infernos.

O comunismo teve entre suas sinistras apostas a de apagar a cultura por indomável, dissidente, suspeitosa. Akhmátova formou parte da melhor geração de poetas russos do século XX. Daquela tribo não restou de pé um só – Mandelstam, Marina Tsvietáieva, Essenin, Maiákovski... Nenhum. Um e outro foram caindo enquanto o stalinismo crescia como uma fatídica corte dos milagres.

Anna Akhmátova nasceu em Odessa antes da União Soviética comover o mundo. Era 1889. No registro batizaram-na como Anna Andréievna Gorenko, filha uma distinta família de origem tártara. Pai engenheiro (Andrei) e mãe delicada (Inna). Um casamento que voou pelos ares em 1905 estabelecendo o primeiro dano levítico de sua biografia. Aos 11 anos começou a construir poemas com os materiais que acumulava: fantasias de bosques encantados, improváveis entardeceres, viagens que a embalava até a latitudes inéditas. Um abrigo contra a tormenta para aquela pequenina que carregava consigo algo de fracasso. O pai odiava a poesia com o mesmo ardor da necessidade de Anna. Proibiu-lhe de escrever versos e exigiu que nunca seus artefatos verbais saíssem impressos com seu sobrenome. Foi quando a estudante Gorenko tomou o sobrenome da avó tártara e entrou para a literatura como Anna Akhmátova. Um nome artístico forçado que será o primeiro sintoma de uma densa solidão.

O passo seguinte era escapar da sinistra fortaleza que foi sua casa familiar. E fugiu pela claraboia do lugar para chegar a Kiev, onde estudou Direito, e, depois, São Petersburgo, onde se licenciou em Latim, Literatura e História. Na cidade de Pedro, o Grande, entrou para o grupo noturno que faziam hora até à madrugada no Café O Cão Errante, um ninho que acolhia uma tribo de artistas, poetas, músicos pobres e diletantes encharcados pelo álcool. Anna Akhmátova fez lugar em meio aquele grupo de vagabundos.

Mas então não havia maior desastre nem maior felicidade que a pobreza da boemia. Em 1910, apesar de tudo, se casa com o poeta Nikolai Gumiliov e viajam a Paris. O maior impacto da cidade luz foi o pintor Amadeo Modigliani, dono de uma longa estrada feita de derrotas e penumbra.

Dois anos depois, já em São Petersburgo, publicou seu primeiro livro de poemas – Tarde – que se converteu em travesseiro sentimental de três ou quatro gerações de russos para esses momentos em que o desejo faz soar os cascos nos peitos enamorados. Anna Akhmátova se manteve, entretanto, de pé com sua dieta de livros e homens. E com esse material estabelecia o perímetro de sua literatura, que falava de amores mal resolvidos com uma peculiar combinação de tristeza e desafeto. Com Gumiliov mantinha um casamento em pé de guerra com uma frente virada para o céu e as costas marcadas por reconciliações ferozes. Tiveram um filho, Liev. O segundo livro de Anna, Rosário, é a carta náutica daquele naufrágio. Até então ainda não existia outra ferida que não a própria vida.

Em 1917, o destino se inverteu. A revolução bolchevique estourou em fevereiro. Em setembro ela publicou Rebanho branco. É o testemunho intuitivo de todo o desastre que previa. Estava instalada já na melhor vanguarda russa. Viver não era um verbo seguro. Separa-se de Gumiliov em agosto do ano seguinte e alguns meses depois casa-se com Vladimir Shileiko. Outro desastre. Ele não queria uma poeta, mas um objeto. Queimava seus papéis no samovar, prendia-lhe a sete chaves. Desesperada, três anos depois, em meio da violência triunfal dos bolcheviques, abandonou sua casa. É quando publica mais um conjunto de poemas, Lamento. Aqueles textos formavam uma variedade tão ampla de danos que pareciam desovar o sofrimento de uma civilização inteira e não o de uma só mulher. E enquanto revivia as chagas emocionais, mataram seu primeiro companheiro. O espetáculo comunista estava apenas abrindo sua atuação.

A vida não ia bem, nunca ia bem para Anna Akhmátova. E quando nada podia ser pior, o crítico literário Boris Eichenbaum publica uma elogiosa resenha de sua obra com uma frase mortal para a poeta: “Metade puta que arde de paixão, metade monja que implora perdão a Deus”. Os cães de Stálin receberam bem a sentença e proibiram os livros da poeta. Já então acumulava o ardor de outro amor fatal, agora, por Nikolai Nikolaievich, casado, com quem foi viver um triângulo desesperador e inflamável. Isso acabou com Anna, que, novamente se via mendigando em dor. O único homem são que se aproximava dela, Boris Pasternak, foi recusado.



Viveu mais de 25 anos em extrema pobreza, mas nunca deixou de escrever. Seu filho Liev era a única região venturosa de sua existência. Mas os stalinistas também sabiam disso e em 1938 o levaram preso depois de falsamente acusá-lo de conspirar contra o regime e desenhar assassinatos. Enviaram ele ao pior dos campos de concentração da Sibéria. O desespero, logo, atentava contra a já frágil muralha Anna Akhmátova, que foi deportada. Tomada pelo medo, queimou grande parte de seus escritos. Colocou fogo na sua própria voz. Imolou a si própria.

Em 1944 pode regressar a Leningrado com o filho. A cidade estava devastada pelos ataques alemães. Era então também uma criatura arrasada. Sobrevivia traduzindo Leopardi, Rabindranath Tagore e escrevendo ensaios de uma vibração intelectual muito poderosa. Um ano mais tarde, um jovem britânico, Isaiah Berlin, quis entrevistá-la. Estiveram reunidos durante 22 horas. Akhmátova leu seus poemas e se deixou abrir caudalosamente a contar os pormenores de seu tormento. Mas há algo nessa sinceridade como uma luz suicida: Liev fora enviado para a prisão por mais dez anos, por sobreaviso.

Humilhada, ofendida, arrastada, enferma e, ao invés de marcar a alma com este penúltimo golpe, Anna Akhmátova decidiu não calar. Escreveu os poemas de seu livro mais intenso, Réquiem, onde denunciou os crimes da União Soviética. Disse que os únicos que podiam viver eram já os mortos, enquanto os vivos perdiam a esperança presos de um campo de concentração a outro. Havia alcançado as cotas do mito. Foi proposta para o Prêmio Nobel. Viajou a Paris, onde recebeu um doutorado Honoris Causa na Universidade de Oxford. Nada mais lhe importava. Sobreviver foi sua mais alta conquista. Quando já conhece o inferno e a mais pura miséria tudo faz parte sua estética cerebral e tudo o mais pouco importa. “Seu único olhar cortava seu alento. Alta, cabelo escuro, morena, esbelta e ágil, com os olhos esverdeados de um tigre polar”, escreveu Joseph Brodski.

Anna Akhmátova foi uma das grandes poetas do século XX. Uma colcha de perdas, dignidade e indignação. Uma longa solidão acompanhada. Um frio mortal nos lábios. O coração lhe saltou em mil pedaços durante sua estadia num sanatório na periferia de Moscou. Era 5 de março de 1966. Mas antes deixou uma frase que pode muito bem ser seu último suspiro. “Porque o mundo é sombrio e brutal / e porque no fim Deus não nos salva”.

Memorizar poesia para burlar Stálin

No começo, a poeta russa Anna Akhmátova costumava trabalhar em seus poemas sempre do mesmo modo. Escrevia à mão, fazia as correções, talvez lesse os versos em voz alta para sentir como soavam. Normalmente produziria uma cópia limpa e a enviaria para uma revista, ou a poria de lado até que todo um ciclo de poemas surgisse, quando então procuraria um editor. Antes da Grande Guerra, publicava vários volumes dessa maneira, recebidos com muitos elogios. Com vinte e poucos anos, tornara-se uma poeta célebre na Rússia; era uma figura elegante com seus longos xales, cabelos pretos e uma postura que traía sua herança aristocrática. Em Paris conhecera Amadeo Modigliani, um pintor já confiante de que um dia obteria sucesso, e ele se apaixonou por ela – fez vários desenhos e pinturas que captavam as linhas elegantes e os traços distintos da poeta que em breve os críticos chamariam de a Safo russa.

Anna Akhmátova posa com seu retrato realizado Modigliani. Leningrado, 1950. 


Akhmátova guardou um dos desenhos e o pendurou acima de sua cama, um lugar de honra. A época de seu triunfo em Paris, porém, era coisa do passado. Agora, em meados da década de 1930, quando escrevia um poema não lhe passava pela cabeça publicá-lo. O Estado simplesmente não permitiria. Desde Lutero demonstrara o poder da impressão, as autoridades tentavam controlar editores e autores. Havia muito tempo que se exigia permissão para muitos projetos editoriais, obrigando escritores como Cervantes a solicitar uma licença real. Mas licenças podiam ser contornadas, como Franklin sabia ao publicar uma Bíblia sem autorização, e livros podiam ser impressos no exterior e ter seus exemplares contrabandeados de volta ao território censurado, como Marx e Engels descobriram. Foi somente no século XX que o controle sobre a impressão finalmente ficou ao alcance do Estado, ao menos de alguns deles. Equipados com poder centralizado, Estados totalitários como a União Soviética e a Alemanha nazista tinham armas e meios, além de um grande aparato burocrático, para ficar de olho em seus cidadãos. Incontáveis dossiês eram criados, processados e armazenados. A burocracia, criada 5 mil anos antes com a invenção da escrita, tornara-se uma força com abrangência total. Anna Akhmátova nunca se envolvera em nenhuma atividade política, mas mesmo assim sua ficha policial tinha cerca de novecentas páginas.   

Saber que o Estado não permitiria que seu poema fosse impresso não a impedia de escrever, mesmo naqueles tempos perigosos. Depois que um alto funcionário foi assassinado em 1934, prisões e execuções tornaram-se uma ocorrência diária. Ninguém estava a salvo de Guénrikh Iagoda, o chefe da política secreta que prendia potenciais rivais de Stálin, antigos camaradas, qualquer um que pudesse nutrir o pensamento de oposição ou que simplesmente estivesse no lugar errado, na hora errada. Iagoda também arrastava prisioneiros torturados para confessar seus pecados a julgamentos de fachada que espalhavam medo por toda a população.  Quando o próprio Iagoda foi preso, as pessoas ficaram ainda mais assustadas: se até o chefe da política secreta não estava salvo, então quem? Iagoda foi logo substituído por alguém ainda pior, Nikolai Iejjov, que supervisionou o período mais mortal do Grande Expurgo, até que também teve o destino de seu antecessor.

Durante todo esse período, Akhmátova sabia que corria grande risco de prisão. Desde que seu ex-marido fora executado, vítima de acusações forjadas, ela estava na mira do radar das forças de segurança. Seu filho também fora preso, libertado, preso de novo e torturado. A qualquer momento a polícia secreta poderia revistar o apartamento dela, e um único verso, o verso errado de um poema, seria motivo suficiente para colocá-la diante de um pelotão de fuzilamento. Por isso ela memorizava cada parte de um poema assim que a terminava, e depois queimava o papel no qual a escrevera.

Akhmátova estava particularmente exposta porque a União Soviética era um Estado totalitário com um grande interesse por poesia. A fama inicial da poeta vinha de antes da Revolução Russa, o que significava que ela era agora suspeita por ser escritora de outra época, embora nunca tivesse sido uma tradicionalista. Junto com seu primeiro marido e um grupo de jovens artistas de mentalidade semelhante, ela fundara o movimento do acmeísmo, que queria substituir a pesada poesia simbolista da virada do século por mais simplicidade e clareza (a palavra “acmeísmo” talvez tenha sido inspirada pelo nome Akhmátova). Nos dias inebriantes que se seguiram à revolução, esse movimento relativamente modesto, foi logo ultrapassado por movimentos mais radicais como o futurismo, que queria acabar com o passado inteiro e inundou o mercado com declarações cada vez mais estridentes. (Uma das diferenças entre os acmeístas mais antigos e os novos futuristas foi o papel: os acmeístas usavam um papel caro, enquanto os futuristas gostavam de papel barato e descartável).

Os líderes da Revolução Russa sabiam muito bem que sua revolução fora preparada por textos clandestinos como o Manifesto do Partido Comunista e que esse texto se infiltrara no mundo da arte, inspirando movimentos literários e artísticos revolucionários. Liev Trótski, o líder intelectual da Revolução Russa, encontrara tempo para escrever Literatura e revolução, um livro sobre os novos movimentos literários, no qual acusava Akhmátova, de apenas trinta anos, de estar ultrapassada. Anatóli Lunatchárski, o poderoso comissário da educação, denunciou-a em termos semelhantes. Após a morte de Lênin em 1924, Stálin conseguiu consolidar seu poder ao forçar Trótski ao exílio, mas manteve o interesse em assuntos poéticos e acompanhou os escritos de Anna Akhmátova (que não era a única que ele lia; um de seus escritores favoritos era Walt Whitman). Ser objeto da atenção de Stálin era uma faca de dois gumes. Quando o filho de Akhmátova foi preso em 1935, ela conseguiu escrever diretamente a Stálin e implorar pela vida dele. Para sua própria surpresa, ele foi libertado. Mas, de modo geral, o interesse de Stálin restringia severamente sua capacidade de escrever e publicar. Pior do que um Estado indiferente à poesia era um Estado obcecado por ela.

Para uma poeta como Akhmátova, a poesia era perigosa, mas também necessária: ela lhe possibilitava canalizar a tristeza, o medo e o desespero de um povo inteiro. Escreveu um poema e o chamou de Réquiem. Ele não conta uma história direta. Os anos de Stálin eram esmagadores demais, confusos demais, desarticulados demais. Em vez disso Akhmátova oferecia instantâneos, algumas linhas de diálogo aqui, um incidente lembrado acolá, reduzidos a uma frase ou a uma imagem que transformaria a história em momentos minuciosamente criados. O trecho mais revelador falava de mulheres, mães e esposas que se reuniam todos os dias diante de uma prisão, esperando para saber se seus entes queridos tinham sido executados ou exilados. “Queria chamar a todas pelo nome / Mas tiram-me a lista e não há como saber.”

O poema em construção estava seguro enquanto Akhmátova memorizasse cada seção e a queimasse imediatamente, mas sobreviveria apenas enquanto ema mesma sobrevivesse. Para que vivesse, o poema precisava ser compartilhado, ocupar a memória de outros. Com cautela, Akhmátova convocou suas amigas mais próximas, não mais que uma dezena de mulheres, e leu o poema para elas muitas vezes até que o decorassem. Mais de 2 mil anos antes, Safto talvez tivesse ensinado assim seus versos. Restos de seus poemas, registrados em frágeis papiros, sobrevieram ao longo dos séculos, testemunhando sua extraordinária imaginação e a durabilidade da escrita. Uma escrita desse tipo, mesmo em papiro, não era algo a que a Safo russa pudesse se arriscar.

Empenhadas em aprender o poema de cor, Akhmátova e suas amigas tiveram de fazê-lo sem as habilidades dos cantores das culturas orais. Esses profissionais treinavam a memória para guardar narrativas longas, mas também sabiam que podiam adaptar o material memorizado a novas circunstâncias. Akhmátova, ao contrário, não queria que suas amigas alterassem uma única palavra. Ela escreva o poema no papel, preocupando-se com cada verso, e agora insistia na precisão típica de um literato. Suas amigas deveriam se lembrar de Réquiem exatamente como ela o criara.

O trabalho delas ficou ainda mais difícil quando Akhmátova fez outra coisa que era típica de um poeta literário, em oposição a um oral: ela continuava fazendo revisões. Uma vez que o poema estava distribuído entre as mentes de suas amigas íntimas, ela precisava se assegurar de que todas se lembrariam da versão atualizada. As amigas não eram poetas orais e cantoras com licença para improvisar; eram o papel em que Akhmátova escrevia, e revisava, sua obra mais importante.

Para lidar melhor com as exigências de Akhmátova, uma de suas amigas visualizou o poema escrito, dividido em seções numeradas com algarismos romanos. Era uma velha técnica de memorização que consistia em separar uma peça longa em segmentos curtos e visualizar a sequência com marcadores ou números distintos. Quando, muitos anos depois, Akhmátova finalmente ousou preparar o poema para publicação, usou a numeração de sua amiga, observando: “Veja, como você disse, algarismos romanos”.

A ironia de sua posição de poeta que vivia numa sociedade altamente letrada e era forçada a recorrer à memorização não escapou à Akhmátova. Ela chamou sua situação de pré-Gutenberg” e declarou com sarcasmo: “Vivemos de acordo com o slogan ‘Abaixo Gutenberg’”. A poeta estava sintonizada com a história das tecnologias da escrita. Aprendera a ler e escrever na propriedade de sua família com o uso do livro didático escrito pelo maior escritor russo, Liev Tolstói, de cujas obras literárias mais tarde passou a não gostar. Ela sabia que o alfabeto russo tinha por modelo o alfabeto grego, trazido para a Rússia, ao que consta, por dois monges gregos, são Metódio e são Cirilo, no século IX.

A compreensão mais profunda de Akhmátova a respeito da história da escrita vinha de seu segundo marido, um estudioso da escrita cuneiforme da Suméria. Ocupando dois quartos de um antigo palácio cheios de livros e manuscritos, o casal trabalhava junto, e Akhmátova datilografava as traduções do marido como parte de um projeto para levar a literatura universal às massas. Entre 1918 e 1924, foram publicados 49 volumes de clássicos mundiais, entre eles a coleção de histórias indianas Panchatantra: o sonho de Goethe de uma literatura universal era atualizado para a república revolucionária dos trabalhadores. Akhmátova ficou tão impressionada com os textos cuneiformes, entre eles a Epopeia de Gilgamesh, que escreveu uma peça baseada no material sumério. Durante um período de perseguição intensa, na década de 1930, ela queimou o rascunho junto com muitos outros manuscritos, mas durante toda a vida brincou com a ideia de algum dia reescrever a peça de memória.

Ligações a esta post:

* A segunda parte texto é um excerto de O mundo da escrita. Como a literatura transformou a civilização, traduzido por Pedro Maia Soares (Companhia das Letras, 2018). A primeira parte é uma tradução de “Cómo helarse en el infierno”, publicado aqui, no caderno de cultural de El Mundo.

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