Boletim Letras 360º #639

DO EDITOR
 
Olá, leitores! Dura até o dia 19 de maio a edição 2025 da Book Friday Amazon. Esta é uma das excelentes oportunidades do ano para se abastecer com os livros das próximas leituras. Se você for adquirir alguma coisa, reforçamos o convite para o usar o nosso link de compras. Você atualiza sua lista, aproveitas bons descontos e ainda ajuda o nosso projeto.
 
E por falar em ajudas, acreditamos que sairá em breve o sorteio do nosso clube de apoios. Ainda faltam dois apoios para cumprirmos essa promessa. Saiba aqui como você pode participar (não é clube de fidelidade).
 
Agradeço, em nome do Letras, pelo nosso convívio e sigamos no caminho dos livros e da boa literatura. Excelente final de semana para vocês.

Antonio Cicero. Foto: Fábio Motta

 
LANÇAMENTOS
 
Julho de 2025 é marcado pela publicação da poesia reunida Antonio Cicero, considerado uma das vozes mais envolventes da literatura brasileira contemporânea.
 
Antonio Cicero é um conciliador de aparentes contrários. Nos ensaios filosóficos, lança mão de um repertório erudito para pensar o mundo; já na poesia e na música, transita entre o sublime e o cotidiano, sem fazer distinção entre intelectual e popular. Em sua obra, clássico e contemporâneo convivem e se misturam no mesmo caldo, sem nunca destoar. Fullgás reúne seus três volumes de poesia — Guardar (1996), vencedor do Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira na categoria estreante, A cidade e os livros (2002) e Porventura (2012) —, além de uma seleção de poemas esparsos e inéditos e uma amostra de letras de música representativas da carreira do autor, como “Pra começar”, “Fullgás” e “O último romântico”. A poesia de Cicero é repleta de luz. O cenário frequente é o verão escaldante do Rio de Janeiro, onde o mar e a areia se apresentam como palco, como convite. As infinitas possibilidades que o desejo alavanca são, por um lado, o que dá sentido a quem busca viver plenamente e, por outro, o atestado de sua impossibilidade. Nas palavras da escritora Noemi Jaffe, que assina o posfácio, “Agora é a contingência, o acidental e o fugaz, as coisas em estado de imanência e concretude, também inagarráveis não pela falta de forma, mas porque passam.” Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
A Nova Aguilar publica uma nova edição revista e ampliada da obra completa de Augusto dos Anjos.
 
Se a poesia de Augusto dos Anjos (1884-1914) sempre desafiou rótulos, sua nova edição definitiva desafia o tempo. O selo Nova Aguilar, do Grupo Editorial Global, lança Augusto dos Anjos: obra completa, um volume monumental com mais de setecentas páginas que entrega ao leitor a mais completa e fiel compilação da produção do poeta paraibano. Organizada pelo poeta e crítico Alexei Bueno — considerado o mais representativo especialista em Augusto dos Anjos —, esta edição crítica é fruto de um trabalho exaustivo de fixação textual, que resgata a verdadeira voz do autor e elimina erros acumulados ao longo do século. O leitor encontrará aqui mais de duzentos textos inéditos, incluindo poemas da juventude, versos de circunstância e textos em prosa nunca publicados. Seguindo o refinado padrão gráfico das edições da Nova Aguilar, a obra chega com capa dura, fitilho, impressão em papel bíblia, acondicionada numa caixa, como um relicário literário à altura do poeta que Otto Maria Carpeaux chamou de “o mais original de toda a literatura brasileira”. Augusto dos Anjos é um caso único na literatura brasileira. Surgiu no ambiente simbolista, mas sua poesia densa, visceral e carregada de imagens expressionistas antecipou os rumos da poesia moderna — sem se confundir com o modernismo. Seu livro Eu, publicado em 1912, tornou-se um dos maiores clássicos da língua portuguesa, e sua obra influenciou gerações de poetas e escritores. O livro não apenas recupera o texto em sua forma mais pura, como também amplia o horizonte de leitura: uma extensa “Fortuna crítica” reúne análises de mais de vinte intelectuais de renome, de Hermes Fontes a Ariano Suassuna, além de uma iconografia inédita e uma bibliografia ampliada. A edição é enriquecida ainda um caderno iconográfico de 16 páginas. O relançamento, agora, ampliado, desta edição definitiva coloca novamente em evidência a genialidade de um poeta que desafiou convenções e imortalizou a angústia humana em versos de força inigualável. Você pode comprar o livro aqui.
 
Mesclando ficção, diário pessoal e registros de exercícios caligráficos, um romance ao mesmo tempo cômico e angustiante sobre as relações entre vida e literatura. Um autor que tem encontrado cada vez mais leitores apaixonados — e um lugar central na literatura latino-americana.
 
Em meio a uma crise criativa, o narrador deste livro decide preencher páginas e páginas para tentar modificar sua letra. Está convencido de que os exercícios caligráficos poderão melhorar não somente sua escrita, mas também sua vida. Os resultados iniciais parecem positivos, mas a capacidade de concentração do narrador logo é comprometida. Alicia, a esposa, invade a solidão do marido para tratar da mudança para uma nova casa. O filho Juan Ignacio e o cão Pongo demandam atenção. Jogos eletrônicos e experimentos sonoros no computador ocupam as madrugadas.  A busca por organização mental precipita o escritor em uma espécie de nada. Ao longo de semanas e meses, ele anota no diário os esforços para “capturar os conteúdos ocultos por trás do aparente vazio do discurso”. E logo os registros de sonhos e divagações filosóficas se misturam à crônica exasperante e bem-humorada de “um emaranhado interminável de opressões cotidianas”. Em O discurso vazio, livro extraordinário publicado em 1996 e que abre caminho para o monumental O romance luminoso, Mario Levrero condensa toda a potência cativante de sua inconfundível escrita autobiográfica. Ao registrar a constante postergação de uma vida verdadeira e autêntica que só se pode vislumbrar, o diário íntimo dá acesso a uma espécie de “mecanismo secreto”, que revela um “mundo poderoso e perigoso”, oculto por trás da trivialidade dos dias. Tradução de Antônio Xerxenesky; publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma visita ao interior do grupo armado de origem peronista e resistência contra a ditadura argentina pelo ponto de vista de uma mulher.
 
No final dos anos 1960, a argentina Silvia Labayru era uma adolescente tímida, leitora e filha de um membro da Força Aérea e piloto civil. Foi nessa época que ingressou no Colégio Nacional Buenos Aires, uma instituição pública de grande prestígio, responsável pela formação da elite portenha. Ali, teria contato com grupos estudantis de esquerda, tornando-se uma militante aguerrida. Em março de 1976, ocorreu na Argentina um golpe de Estado que deu início a uma feroz e sangrenta ditadura militar. Nessa época, grávida de cinco meses e com vinte anos, Labayru já fazia parte da organização Montoneros, grupo armado de origem peronista. Em dezembro daquele ano, foi sequestrada por militares e levada à esma, a famigerada Escola de Mecânica da Armada, onde funcionava um centro clandestino de detenção no qual milhares de pessoas foram torturadas e assassinadas, um lugar que ainda hoje assombra a memória civil argentina. Lá, deu à luz sua filha, que, uma semana depois, foi entregue aos avós paternos. Na esma, Labayru foi torturada, obrigada a realizar trabalho escravo, violentada repetidamente e forçada a representar o papel de irmã de Alfredo Astiz, um membro do exército que se infiltrou na organização Madres de Plaza de Mayo. Essa operação resultou no desaparecimento de três Mães da Praça de Maio e duas freiras francesas. Foi libertada em junho de 1978 e, no avião rumo a Madri, junto com a filha de um ano e meio, pensou que o inferno tinha acabado. Mas haveria mais dissabores. Os argentinos no exílio a repudiaram, acusando-a de traição devido ao desaparecimento das mulheres ligadas às Mães da Praça de Maio. Rejeitada por aqueles que haviam sido seus companheiros de militância, construiu uma vida. Até que, em 2018, foi contatada em Buenos Aires por um homem que havia sido seu companheiro nos anos 1970 e, em uma sequência de manipulações familiares que alteraram seu destino, passou a se desenrolar uma história que continua até hoje. A jornalista Leila Guerriero começou a entrevistá-la em 2021, enquanto aguardava-se a sentença do primeiro julgamento por crimes de violência sexual cometidos contra mulheres sequestradas durante a ditadura, no qual Labayru era denunciante. Este é o retrato de uma mulher com uma história complexa, na qual se entrelaçam amor, sexo, violência, família, infidelidade, política ― e na qual ressoa uma chamada telefônica feita da esma em 14 de março de 1977, que lhe salvaria a vida. A chamada: um retrato sai pela editora Todavia; tradução de Silvia Massimini Felix. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma nova tradução das Geórgicas, considerado o poema mais perfeito de Públio Virgílio Marão, o maior e mais importante dos poetas romanos.
 
Aparentemente, trata-se de uma espécie de almanaque dirigido aos lavradores e camponeses, para transmitir ensinamentos práticos sobre meteorologia, agricultura, pecuária e apicultura. E seria também um forte instrumento político usado para difundir a mensagem ideológica de paz e reconstrução do nascente regime imperial romano aos veteranos de guerra, premiados com títulos de propriedade rural, mas inexperientes nos trabalhos do campo. Virgílio utilizou a singeleza dos temas campestres para indagar de forma alegórica sobre a natureza humana e suas paixões, sobre o mundo e suas diversidades, sobre as crenças e valores humanos. Também descreveu as belezas da terra, das plantas, dos animais; denunciou os horrores da inclemência do destino inexorável, da peste, da morte e da guerra civil. E tudo isso com versos polidos à perfeição durante sete anos. Geórgicas é o terceiro tomo da coleção Obras Completas de Virgílio, depois da Eneida e das Bucólicas. O livro traz ainda “Vida de Virgílio”, a mais antiga biografia do poeta, transmitida por Élio Donato. O livro sai pela editora Autêntica; tradução de Márcio Meirelles Gouvêa Júnior. Você pode comprar o livro aqui.
 
Interessada em representar obras em domínio público com nova roupagem, a Antofágica acrescenta ao catálogo mais um livro de Machado de Assis.
 
Quando uma mãe procura uma vidente com o intuito de antever o futuro de seus gêmeos, recebe a resposta: “Cousas futuras!”. Mas o que estaria reservado ao destino desses dois personagens idênticos e ao mesmo tempo tão diferentes? Enquanto aguardavam o futuro grandioso para a prole, Natividade e Santos gostariam que seus filhos fossem felizes e vivessem bem em família. Mas é verdade também que brigavam desde a barriga. Os irmãos Pedro e Paulo, gêmeos idênticos, personificam desde o início deste livro forças opostas em suas crenças pessoais. Apesar de nascidos sob a promessa de um futuro grandioso, a convivência beligerante desde o útero, tal um mito bíblico, evidencia que a convivência em família nem sempre tem tréguas. Narrado com a ironia fina de um diplomata, no período de transição da Monarquia para a República no Brasil, este livro mostra também a natureza de um país segmentado desde os seus primórdios. Em Esaú e Jacó, penúltimo romance de Machado de Assis, o autor leva ao limite os jogos de oposição que estruturam a vida social e os conflitos humanos, convidando o leitor a observar não só o jogo cego de repetições que estrutura uma sociedade, mas também a refletir sobre como essas mesmas repetições talvez simbolizem a própria condição humana. Mais do que protagonistas de um dilema familiar, Pedro e Paulo são alegorias da fragilidade de nossas certezas, representando rachaduras que marcam tanto relações íntimas quanto dilemas sociais. A edição conta com mais de 50 ilustrações do artista Pedro Meyer, apresentação do escritor Stefano Volp e posfácios dos professores Rogério Fernandes dos Santos e Sidney Chalhoub e da escritora Fabiane Guimarães. Você pode comprar o livro aqui.
 
A era de ouro da crônica brasileira pela pena afiada de Humberto Werneck.
 
Os autores da era de ouro da crônica brasileira podem até se contar nos dedos das mãos, mas os temas e lugares incomuns encontrados nos textos aqui reunidos tornam Viagem no país da crônica uma leitura farta e variada, que nos fala do Brasil de certo tempo e do mundo em qualquer tempo. Tudo é matéria para a crônica — do eclipse ao uísque, do mar à morte, da fé às fotografias, da chuva aos golpes de Estado —, desde que o tratamento dado a essa matéria seja o de quem está sentado ao meio-fio (ou ao rés do chão, como define Antonio Candido), jogando conversa fora, com a pressa ditada pelos prazos de entrega. Será então a crônica o “patinho feio” da literatura? Mais do que tentar definir o gênero, este livro costura crônicas amigas e anedotas saborosas, percorrendo o ano de janeiro a dezembro, com seus sábados, carnavais, primaveras e maios. Entre os autores citados estão Clarice Lispector, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Rubem Braga — e quem lança luz sobre cada pérola cunhada por eles é Humberto Werneck, uma ponte entre a geração que floresceu nos anos 1950 e a contemporânea. Publicação da Tinta-da-China Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
 
Romance de estreia de Bruna Dantas é uma história de como construir uma nova vida longe de casa sem sacrificar os elos de afeto que nos sustentam.
 
Uma jovem brasileira se muda para uma universidade em Vermont, nos Estados Unidos, para estudar literatura. Introspectiva, aos poucos ela se adapta ao clima frio e ao caráter funcional do campus, fazendo amizade com outras alunas imigrantes. Todos os dias, senta-se diante da luz azulada da tela do computador para conversar por Skype com a mãe, que ficou sozinha no Rio Grande do Norte. Desvelando essa trama aparentemente singela, Bruna Dantas Lobato faz sua estreia na ficção com um romance sensível e intrincado que é um verdadeiro feito literário. A personagem põe a mão sobre a pálpebra e a sente pulsar, ouve a conversa “baixinha como chuva” dos estudantes que fumam perto da sua janela, lembra da mãe parada à porta de seu quarto no Brasil, no meio da noite, sussurrando para saber se a filha ainda estava acordada. No decorrer da rotina de estudos e nas conversas virtuais, um suspense incômodo se instala. A solidão que separa também cria destinos para mãe e filha. “Qual seria a soma dessas pequenas mudanças? Em quem e no que eu estava me tornando, e com tanta facilidade?”, pergunta-se a narradora. Retrato pungente do afeto familiar que resiste às distâncias impostas pela vida, Horas azuis subverte expectativas de estrutura e de enredo para nos surpreender com a sua placidez retumbante e com a loquacidade da sua quietude. Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Documentos da Revolta de Carrancas.
 
Em 13 de maio de 1833, ocorreu no sul de Minas Gerais a insurreição escrava mais sangrenta do Sudeste do Império, em que morreram 33 pessoas — 21 escravizados, 9 membros da família Junqueira, 1 agregado e 2 “pessoas de cor”. Conhecido como a Revolta de Carrancas, o episódio resultou na maior condenação coletiva de escravizados à pena de morte da história da escravidão no país. Caramurus negros: a revolta de escravos de Carrancas, com organização e posfácio do historiador Marcos Ferreira de Andrade, é fruto de mais de trinta anos de pesquisa. O livro contém a transcrição de parte dos autos do processo-crime da revolta e um posfácio que evidencia como as elites regionais e o próprio Estado imperial lidaram com os rebeldes insurgentes, resultando na maior condenação coletiva da história do Império. Ao se autodenominarem “caramurus”, um dos agrupamentos políticos da época, os escravos rebelados afirmavam seu protagonismo político diante das identidades em disputa no período. Havia pouco mais de uma década o Brasil se tornara independente. As elites políticas e escravistas disputavam espaço na construção do Estado nacional com projetos distintos, muitas vezes conflitantes.  Em várias províncias, essas fissuras estavam muito presentes. A revolta dos escravos de Carrancas deve ser compreendida dentro desse contexto mais amplo, de intensos conflitos e repressão militar. Ao trazer à tona parte da história e das lutas de personagens como Ventura Mina, André Crioulo, Antônio Benguela, Joaquim Mina, Antônio Rezende e tantos outros que os acompanharam (incluindo mulheres e crianças), este livro permite compreender o cotidiano da escravidão, as relações que essas pessoas estabeleciam, as alianças, as hierarquias e as disputas na vivência em cativeiro e, em especial, os sonhos e projetos de liberdade que acalentavam.  Ainda que pudessem imaginar as graves consequências de participar de uma insurreição e tenham sido derrotados e punidos de forma exemplar, os audazes e destemidos “caramurus negros” colocaram em prática seus projetos de liberdade no dia 13 de maio de 1833 e, assim, entraram para a história. O livro é publicado pela Chão Editora. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
Oferecendo uma outra perspectiva sobre um dos maiores mistérios da literatura brasileira, Capitu: memórias póstumas, publicada originalmente em 1998 pelo renomado escritor Domício Proença Filho, retorna às mãos dos leitores em uma edição com texto de orelha assinado pelo poeta Marco Lucchesi.
 
Uma interpretação profunda e reveladora de Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, feita pelo renomado escritor, professor e pesquisador Domício Proença Filho. Considerado uma das figuras mais respeitadas da literatura nacional, Proença Filho se destaca ao reexaminar os dilemas internos de Capitu e Bentinho, oferecendo uma nova perspectiva sobre os mistérios que permeiam o romance de Machado de Assis. Capitu é uma das personagens mais fascinantes da literatura. Sua história nos chega, inicialmente, como um romance que trata do amor, mas, acima de tudo, do ciúme. Recai sobre Capitu, por força de tal narrativa, a suspeita de adultério. E, principalmente, a afirmação de que, desde a infância e a adolescência, a dissimulação e o mau caráter são seus traços definidores. Estaria realmente o fruto dentro da casca? Seria ela, de fato, culpada? Envolveu-se amorosamente com Escobar, amigo do narrador? Um dos maiores mistérios da literatura universal parece finalmente ter uma resposta – pelo menos na interpretação de Domício Proença Filho. O escritor segue as pistas deixadas pelo Bruxo do Cosme Velho ao longo de Dom Casmurro para desvelar a alma labiríntica de Capitu. E, ainda, lançar nova luz sobre o enigmático Bentinho, um homem capaz de desejar a morte do próprio filho. Ou seria o filho de outro? A nova edição sai pela Editora Record. Você pode comprar o livro aqui.
 
Nova edição com a poesia reunida de Álvaro de Campos inclui posfácio inédito de Viviana Bosi.
 
“Pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida”, admitiu Fernando Pessoa em uma carta, em 1935. Nascido em 1890, em Tavira, no sul de Portugal, o heterônimo se consagrou como uma das faces mais prolíficas e apaixonantes do poeta. Com versos rebeldes e indisciplinados, que às vezes flertam com a prosa poética, Campos nos convida a refletir sobre a solidão e a melancolia, num estilo que revela desgosto em relação à realidade e fascínio pelas múltiplas possibilidades que a imaginação permite criar. A presente edição conta com organização e estabelecimento de texto de Richard Zenith — autor de Pessoa: Uma biografia —, Manuela Parreira da Silva e Fernando Cabral Martins. No posfácio, a professora Viviana Bosi conclui que a obra de Campos, embora se desenrole em fases diferentes, termina numa reflexão contundente sobre a desilusão e o ceticismo. “Desconheço escritor que tenha ido mais longe na balança entre o autoelogio e a autodepreciação. Às vezes, um deus, um gênio; outras, o mais vil dos miseráveis.” Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Livros por vir. A editora Fósforo soltou na newsletter do aniversário de quatro anos suas intenções para o resto de 2025. Entre as novidades, dois destaques: Histórias de amor no novo milênio, marcando a estreia no Brasil da obra de Can Xue; e um dos livros mais desafiadores da literatura do Prêmio Nobel de Literatura Jon Fosse, a Heptalogia.
 
E por falar em Jon Fosse. A Zain publica em junho o romance Manhã e noite. O livro do escritor norueguês sairá em dois formatos: um em edição de colecionador e outro no formato comum. Um livro que urde sobre o significado da vida, o ciclo natural das coisas, Deus e a morte.
 
Francisco Alvim 80 anos. A antologia organizada por Heitor Ferraz para a editora Quelônio, e que assinalava a ocasião do aniversário do poeta mineiro em 2018, ganhará uma segunda edição.
 
Câmara Cascudo inédito. A Edufrn publicou Ruas da cidade do Natal. Escrito em 1956 a pedido do então prefeito da capital potiguar, Djalma Maranhão, o livro permaneceu inédito até ser resgatado agora. Nele, Cascudo regista e descreve 463 logradouros da cidade, reunindo registros históricos, toponímicos e culturais e esboça os então 13 bairros existentes à época.  

DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. Mulheres, de Osamu Dazai (Trad. Karen Kazue Kawana, Estação Liberdade, 272p.) Reunião de catorze contos em que todas as narrativas são conduzidas por mulheres; é do ponto de vista delas que acompanhamos situações singulares como a leitura do julgamento social que se impõe ante um desvio de atitude ou como se ditam os controles sobre o que deveria ser a liberdade da escrita. Você pode comprar o livro aqui
 
2. O túnel, de Ernesto Sabato (Trad. Sérgio Molina, Carambaia, 160p.) Em um romance policial pelo avesso somos conduzidos pelo protagonista Juan Pablo Castel que relata as circunstâncias que o arrastaram para a atitude de matar a mulher pela qual se apaixonou, María Iribarne. Você pode comprar o livro aqui
 
3. O eterno agora, de Antonio Cicero (Companhia das Letras, 200p.) Ao leitor que ingressará na poesia de Cicero ou não pela obra completa tem à sua disposição este conjunto de textos escritos entre 2005 e 2020 a convite de Adauto Novaes; são textos que versam sobre Homero, a poesia e outros temas de matriz filosófica. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
Adélia Prado esteve recentemente no programa Conversa com Bial da TV Globo. A longa conversa, permeada por memórias e por poemas, inclusive inéditos do próximo livro da poeta, está disponível online em duas partes: a primeira aqui e a segunda aqui.

Amanhecemos no 14 de maio, recordando uma pequena parte da história de concepção e publicação de Mrs. Dalloway em nossa conta no Instagram. O livro de Virginia Woolf, um dos seus principais romances, fez 100 anos nesse dia. Veja ou recorde a postagem por aqui.

BAÚ DE LETRAS
 
Ainda no rol das efemérides recentes, no dia 11 de maio, passou-se o centenário de Rubem Fonseca. Aproveitamos a data para dedicar esta seção ao escritor, mostrando algumas das entradas no Letras dedicadas à sua obra:
 
a) começamos pela tradução deste texto de José Miguel Oviedo, ainda na superfície do nosso baú, dedico aos livros Histórias de amor e E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto;
 
b) João Victor Uzer enviou este texto revisando a história da censura de Feliz Ano Novo, livro de contos de Fonseca  que faz 50 anos agora em 2025;
 
c) neste ensaio, Bruno Botto revisa três romances de Rubem Fonseca de corte historiográfico — Agosto, O selvagem da ópera e José;
 
d) aqui, você encontra um texto do saudoso Alfredo Monte na passagem dos 90 anos de Rubem Fonseca (2015) em que comenta o livro A coleira do cão, então reeditado;
 
e) em 2014, por ocasião da Copa do Mundo no Brasil, transcrevemos vários textos de renomados autores da literatura brasileira com tema voltado para o futebol e entre eles esteve um de Rubem Fonseca — “Abril, no Rio, em 1970”;
 
f) findamos com outra entrada, a primeira no nosso arquivo, que também é a tradução de um texto, desta vez, de Javier Aparicio Maydeu, que desenvolve um panorama crítico do universo literário de Rubem Fonseca.
 
DUAS PALAVRINHAS
 
Quando lemos romances, não somos o que somos habitualmente, mas também os seres criados para os quais o romancista nos transporta.
 
— Mario Vargas Llosa

...

Acompanhe o Letras no FacebookTwitterThreadsBlueskyTumblrInstagramFlipboard
Quer receber as nossas publicações diárias? Vem para o nosso grupo no Telegram

* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.

 

Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Boletim Letras 360º #638

Homem com H

11 Livros que são quase pornografia

Boletim Letras 360º #626

Dez poemas e fragmentos de Safo

Memória de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez