LANÇAMENTOS
Julho de 2025 é marcado pela
publicação da poesia reunida Antonio Cicero, considerado uma das vozes mais
envolventes da literatura brasileira contemporânea.
Antonio Cicero é um conciliador de
aparentes contrários. Nos ensaios filosóficos, lança mão de um repertório
erudito para pensar o mundo; já na poesia e na música, transita entre o sublime
e o cotidiano, sem fazer distinção entre intelectual e popular. Em sua obra,
clássico e contemporâneo convivem e se misturam no mesmo caldo, sem nunca
destoar. Fullgás reúne seus três volumes de poesia —
Guardar (1996),
vencedor do Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira na categoria estreante,
A
cidade e os livros (2002) e
Porventura (2012) —, além de uma seleção
de poemas esparsos e inéditos e uma amostra de letras de música representativas
da carreira do autor, como “Pra começar”, “Fullgás” e “O último romântico”. A
poesia de Cicero é repleta de luz. O cenário frequente é o verão escaldante do
Rio de Janeiro, onde o mar e a areia se apresentam como palco, como convite. As
infinitas possibilidades que o desejo alavanca são, por um lado, o que dá
sentido a quem busca viver plenamente e, por outro, o atestado de sua
impossibilidade. Nas palavras da escritora Noemi Jaffe, que assina o posfácio,
“Agora é a contingência, o acidental e o fugaz, as coisas em estado de
imanência e concretude, também inagarráveis não pela falta de forma, mas porque
passam.” Publicação da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
A Nova Aguilar publica uma nova
edição revista e ampliada da obra completa de Augusto dos Anjos.
Se a poesia de Augusto dos Anjos
(1884-1914) sempre desafiou rótulos, sua nova edição definitiva desafia o
tempo. O selo Nova Aguilar, do Grupo Editorial Global, lança
Augusto dos
Anjos: obra completa, um volume monumental com mais de setecentas páginas
que entrega ao leitor a mais completa e fiel compilação da produção do poeta
paraibano. Organizada pelo poeta e crítico Alexei Bueno — considerado o mais
representativo especialista em Augusto dos Anjos —, esta edição crítica é fruto
de um trabalho exaustivo de fixação textual, que resgata a verdadeira voz do
autor e elimina erros acumulados ao longo do século. O leitor encontrará aqui
mais de duzentos textos inéditos, incluindo poemas da juventude, versos de
circunstância e textos em prosa nunca publicados. Seguindo o refinado padrão
gráfico das edições da Nova Aguilar, a obra chega com capa dura, fitilho,
impressão em papel bíblia, acondicionada numa caixa, como um relicário
literário à altura do poeta que Otto Maria Carpeaux chamou de “o mais original
de toda a literatura brasileira”. Augusto dos Anjos é um caso único na
literatura brasileira. Surgiu no ambiente simbolista, mas sua poesia densa,
visceral e carregada de imagens expressionistas antecipou os rumos da poesia
moderna — sem se confundir com o modernismo. Seu livro
Eu, publicado em
1912, tornou-se um dos maiores clássicos da língua portuguesa, e sua obra
influenciou gerações de poetas e escritores. O livro não apenas recupera o
texto em sua forma mais pura, como também amplia o horizonte de leitura: uma
extensa “Fortuna crítica” reúne análises de mais de vinte intelectuais de
renome, de Hermes Fontes a Ariano Suassuna, além de uma iconografia inédita e
uma bibliografia ampliada. A edição é enriquecida ainda um caderno iconográfico
de 16 páginas. O relançamento, agora, ampliado, desta edição definitiva coloca
novamente em evidência a genialidade de um poeta que desafiou convenções e
imortalizou a angústia humana em versos de força inigualável.
Você pode comprar o livro aqui.
Mesclando ficção, diário
pessoal e registros de exercícios caligráficos, um romance ao mesmo tempo
cômico e angustiante sobre as relações entre vida e literatura. Um autor que
tem encontrado cada vez mais leitores apaixonados — e um lugar central na
literatura latino-americana.
Em meio a uma crise criativa, o
narrador deste livro decide preencher páginas e páginas para tentar modificar
sua letra. Está convencido de que os exercícios caligráficos poderão melhorar
não somente sua escrita, mas também sua vida. Os resultados iniciais parecem
positivos, mas a capacidade de concentração do narrador logo é comprometida.
Alicia, a esposa, invade a solidão do marido para tratar da mudança para uma
nova casa. O filho Juan Ignacio e o cão Pongo demandam atenção. Jogos
eletrônicos e experimentos sonoros no computador ocupam as madrugadas.
A busca por organização mental precipita o
escritor em uma espécie de nada. Ao longo de semanas e meses, ele anota no
diário os esforços para “capturar os conteúdos ocultos por trás do aparente
vazio do discurso”. E logo os registros de sonhos e divagações filosóficas se
misturam à crônica exasperante e bem-humorada de “um emaranhado interminável de
opressões cotidianas”. Em
O discurso vazio, livro extraordinário
publicado em 1996 e que abre caminho para o monumental
O romance luminoso,
Mario Levrero condensa toda a potência cativante de sua inconfundível escrita
autobiográfica. Ao registrar a constante postergação de uma vida verdadeira e
autêntica que só se pode vislumbrar, o diário íntimo dá acesso a uma espécie de
“mecanismo secreto”, que revela um “mundo poderoso e perigoso”, oculto por trás
da trivialidade dos dias. Tradução de Antônio Xerxenesky; publicação da
Companhia das Letras.
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Uma visita ao interior do grupo
armado de origem peronista e resistência contra a ditadura argentina pelo ponto
de vista de uma mulher.
No final dos anos 1960, a
argentina Silvia Labayru era uma adolescente tímida, leitora e filha de um
membro da Força Aérea e piloto civil. Foi nessa época que ingressou no Colégio
Nacional Buenos Aires, uma instituição pública de grande prestígio, responsável
pela formação da elite portenha. Ali, teria contato com grupos estudantis de
esquerda, tornando-se uma militante aguerrida. Em março de 1976, ocorreu na
Argentina um golpe de Estado que deu início a uma feroz e sangrenta ditadura
militar. Nessa época, grávida de cinco meses e com vinte anos, Labayru já fazia
parte da organização Montoneros, grupo armado de origem peronista. Em dezembro
daquele ano, foi sequestrada por militares e levada à esma, a famigerada Escola
de Mecânica da Armada, onde funcionava um centro clandestino de detenção no
qual milhares de pessoas foram torturadas e assassinadas, um lugar que ainda
hoje assombra a memória civil argentina. Lá, deu à luz sua filha, que, uma
semana depois, foi entregue aos avós paternos. Na esma, Labayru foi torturada,
obrigada a realizar trabalho escravo, violentada repetidamente e forçada a
representar o papel de irmã de Alfredo Astiz, um membro do exército que se
infiltrou na organização Madres de Plaza de Mayo. Essa operação resultou no
desaparecimento de três Mães da Praça de Maio e duas freiras francesas. Foi
libertada em junho de 1978 e, no avião rumo a Madri, junto com a filha de um
ano e meio, pensou que o inferno tinha acabado. Mas haveria mais dissabores. Os
argentinos no exílio a repudiaram, acusando-a de traição devido ao
desaparecimento das mulheres ligadas às Mães da Praça de Maio. Rejeitada por
aqueles que haviam sido seus companheiros de militância, construiu uma vida.
Até que, em 2018, foi contatada em Buenos Aires por um homem que havia sido seu
companheiro nos anos 1970 e, em uma sequência de manipulações familiares que
alteraram seu destino, passou a se desenrolar uma história que continua até
hoje. A jornalista Leila Guerriero começou a entrevistá-la em 2021, enquanto
aguardava-se a sentença do primeiro julgamento por crimes de violência sexual
cometidos contra mulheres sequestradas durante a ditadura, no qual Labayru era
denunciante. Este é o retrato de uma mulher com uma história complexa, na qual
se entrelaçam amor, sexo, violência, família, infidelidade, política ― e na
qual ressoa uma chamada telefônica feita da esma em 14 de março de 1977, que
lhe salvaria a vida.
A chamada: um retrato sai pela editora Todavia;
tradução de Silvia Massimini Felix.
Você pode comprar o livro aqui.
Uma nova tradução das Geórgicas
,
considerado o poema mais perfeito de Públio Virgílio Marão, o maior e mais
importante dos poetas romanos.
Aparentemente, trata-se de uma
espécie de almanaque dirigido aos lavradores e camponeses, para transmitir
ensinamentos práticos sobre meteorologia, agricultura, pecuária e apicultura. E
seria também um forte instrumento político usado para difundir a mensagem
ideológica de paz e reconstrução do nascente regime imperial romano aos
veteranos de guerra, premiados com títulos de propriedade rural, mas
inexperientes nos trabalhos do campo. Virgílio utilizou a singeleza dos temas
campestres para indagar de forma alegórica sobre a natureza humana e suas
paixões, sobre o mundo e suas diversidades, sobre as crenças e valores humanos.
Também descreveu as belezas da terra, das plantas, dos animais; denunciou os
horrores da inclemência do destino inexorável, da peste, da morte e da guerra
civil. E tudo isso com versos polidos à perfeição durante sete anos.
Geórgicas
é o terceiro tomo da coleção Obras Completas de Virgílio, depois da
Eneida
e das
Bucólicas. O livro traz ainda “Vida de Virgílio”, a mais antiga
biografia do poeta, transmitida por Élio Donato. O livro sai pela editora
Autêntica; tradução de Márcio Meirelles Gouvêa Júnior.
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Interessada em representar
obras em domínio público com nova roupagem, a Antofágica acrescenta ao catálogo
mais um livro de Machado de Assis.
Quando uma mãe procura uma vidente
com o intuito de antever o futuro de seus gêmeos, recebe a resposta: “Cousas
futuras!”. Mas o que estaria reservado ao destino desses dois personagens
idênticos e ao mesmo tempo tão diferentes? Enquanto aguardavam o futuro
grandioso para a prole, Natividade e Santos gostariam que seus filhos fossem
felizes e vivessem bem em família. Mas é verdade também que brigavam desde a
barriga. Os irmãos Pedro e Paulo, gêmeos idênticos, personificam desde o início
deste livro forças opostas em suas crenças pessoais. Apesar de nascidos sob a
promessa de um futuro grandioso, a convivência beligerante desde o útero, tal
um mito bíblico, evidencia que a convivência em família nem sempre tem tréguas.
Narrado com a ironia fina de um diplomata, no período de transição da Monarquia
para a República no Brasil, este livro mostra também a natureza de um país
segmentado desde os seus primórdios. Em
Esaú e Jacó, penúltimo romance
de Machado de Assis, o autor leva ao limite os jogos de oposição que estruturam
a vida social e os conflitos humanos, convidando o leitor a observar não só o
jogo cego de repetições que estrutura uma sociedade, mas também a refletir sobre
como essas mesmas repetições talvez simbolizem a própria condição humana. Mais
do que protagonistas de um dilema familiar, Pedro e Paulo são alegorias da
fragilidade de nossas certezas, representando rachaduras que marcam tanto
relações íntimas quanto dilemas sociais. A edição conta com mais de 50
ilustrações do artista Pedro Meyer, apresentação do escritor Stefano Volp e
posfácios dos professores Rogério Fernandes dos Santos e Sidney Chalhoub e da
escritora Fabiane Guimarães.
Você pode comprar o livro aqui.
A era de ouro da crônica
brasileira pela pena afiada de Humberto Werneck.
Os autores da era de ouro da
crônica brasileira podem até se contar nos dedos das mãos, mas os temas e
lugares incomuns encontrados nos textos aqui reunidos tornam
Viagem no país
da crônica uma leitura farta e variada, que nos fala do Brasil de certo
tempo e do mundo em qualquer tempo. Tudo é matéria para a crônica — do eclipse
ao uísque, do mar à morte, da fé às fotografias, da chuva aos golpes de Estado
—, desde que o tratamento dado a essa matéria seja o de quem está sentado ao
meio-fio (ou ao rés do chão, como define Antonio Candido), jogando conversa
fora, com a pressa ditada pelos prazos de entrega. Será então a crônica o
“patinho feio” da literatura? Mais do que tentar definir o gênero, este livro
costura crônicas amigas e anedotas saborosas, percorrendo o ano de janeiro a
dezembro, com seus sábados, carnavais, primaveras e maios. Entre os autores
citados estão Clarice Lispector, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo
Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Rubem Braga — e quem lança luz sobre cada
pérola cunhada por eles é Humberto Werneck, uma ponte entre a geração que
floresceu nos anos 1950 e a contemporânea. Publicação da Tinta-da-China Brasil.
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Romance de estreia de Bruna
Dantas é uma história de como construir uma nova vida longe de casa sem
sacrificar os elos de afeto que nos sustentam.
Uma jovem brasileira se muda para
uma universidade em Vermont, nos Estados Unidos, para estudar literatura.
Introspectiva, aos poucos ela se adapta ao clima frio e ao caráter funcional do
campus, fazendo amizade com outras alunas imigrantes. Todos os dias, senta-se
diante da luz azulada da tela do computador para conversar por Skype com a mãe,
que ficou sozinha no Rio Grande do Norte. Desvelando essa trama aparentemente
singela, Bruna Dantas Lobato faz sua estreia na ficção com um romance sensível
e intrincado que é um verdadeiro feito literário. A personagem põe a mão sobre
a pálpebra e a sente pulsar, ouve a conversa “baixinha como chuva” dos
estudantes que fumam perto da sua janela, lembra da mãe parada à porta de seu
quarto no Brasil, no meio da noite, sussurrando para saber se a filha ainda
estava acordada. No decorrer da rotina de estudos e nas conversas virtuais, um
suspense incômodo se instala. A solidão que separa também cria destinos para
mãe e filha. “Qual seria a soma dessas pequenas mudanças? Em quem e no que eu
estava me tornando, e com tanta facilidade?”, pergunta-se a narradora. Retrato
pungente do afeto familiar que resiste às distâncias impostas pela vida,
Horas
azuis subverte expectativas de estrutura e de enredo para nos surpreender
com a sua placidez retumbante e com a loquacidade da sua quietude. Publicação
da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Documentos da Revolta de
Carrancas.
Em 13 de maio de 1833, ocorreu no
sul de Minas Gerais a insurreição escrava mais sangrenta do Sudeste do Império,
em que morreram 33 pessoas — 21 escravizados, 9 membros da família Junqueira, 1
agregado e 2 “pessoas de cor”. Conhecido como a Revolta de Carrancas, o
episódio resultou na maior condenação coletiva de escravizados à pena de morte
da história da escravidão no país.
Caramurus negros: a revolta de escravos
de Carrancas, com organização e posfácio do historiador Marcos Ferreira de
Andrade, é fruto de mais de trinta anos de pesquisa. O livro contém a
transcrição de parte dos autos do processo-crime da revolta e um posfácio que
evidencia como as elites regionais e o próprio Estado imperial lidaram com os
rebeldes insurgentes, resultando na maior condenação coletiva da história do
Império. Ao se autodenominarem “caramurus”, um dos agrupamentos políticos da
época, os escravos rebelados afirmavam seu protagonismo político diante das
identidades em disputa no período. Havia pouco mais de uma década o Brasil se
tornara independente. As elites políticas e escravistas disputavam espaço na
construção do Estado nacional com projetos distintos, muitas vezes
conflitantes.
Em várias províncias,
essas fissuras estavam muito presentes. A revolta dos escravos de Carrancas
deve ser compreendida dentro desse contexto mais amplo, de intensos conflitos e
repressão militar. Ao trazer à tona parte da história e das lutas de personagens
como Ventura Mina, André Crioulo, Antônio Benguela, Joaquim Mina, Antônio
Rezende e tantos outros que os acompanharam (incluindo mulheres e crianças), este
livro permite compreender o cotidiano da escravidão, as relações que essas
pessoas estabeleciam, as alianças, as hierarquias e as disputas na vivência em
cativeiro e, em especial, os sonhos e projetos de liberdade que acalentavam.
Ainda que pudessem imaginar as graves
consequências de participar de uma insurreição e tenham sido derrotados e
punidos de forma exemplar, os audazes e destemidos “caramurus negros” colocaram
em prática seus projetos de liberdade no dia 13 de maio de 1833 e, assim,
entraram para a história. O livro é publicado pela Chão Editora.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Oferecendo uma outra
perspectiva sobre um dos maiores mistérios da literatura brasileira, Capitu:
memórias póstumas
, publicada originalmente em 1998 pelo renomado escritor
Domício Proença Filho, retorna às mãos dos leitores em uma edição com texto de
orelha assinado pelo poeta Marco Lucchesi.
Uma interpretação profunda e
reveladora de
Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, feita pelo
renomado escritor, professor e pesquisador Domício Proença Filho. Considerado
uma das figuras mais respeitadas da literatura nacional, Proença Filho se
destaca ao reexaminar os dilemas internos de Capitu e Bentinho, oferecendo uma
nova perspectiva sobre os mistérios que permeiam o romance de Machado de Assis.
Capitu é uma das personagens mais fascinantes da literatura. Sua história nos
chega, inicialmente, como um romance que trata do amor, mas, acima de tudo, do
ciúme. Recai sobre Capitu, por força de tal narrativa, a suspeita de adultério.
E, principalmente, a afirmação de que, desde a infância e a adolescência, a
dissimulação e o mau caráter são seus traços definidores. Estaria realmente o
fruto dentro da casca? Seria ela, de fato, culpada? Envolveu-se amorosamente
com Escobar, amigo do narrador? Um dos maiores mistérios da literatura
universal parece finalmente ter uma resposta – pelo menos na interpretação de
Domício Proença Filho. O escritor segue as pistas deixadas pelo Bruxo do Cosme
Velho ao longo de
Dom Casmurro para desvelar a alma labiríntica de
Capitu. E, ainda, lançar nova luz sobre o enigmático Bentinho, um homem capaz
de desejar a morte do próprio filho. Ou seria o filho de outro? A nova edição
sai pela Editora Record.
Você pode comprar o livro aqui.
Nova edição com a poesia
reunida de Álvaro de Campos inclui posfácio inédito de Viviana Bosi.
“Pus em Álvaro de Campos toda a
emoção que não dou nem a mim nem à vida”, admitiu Fernando Pessoa em uma carta,
em 1935. Nascido em 1890, em Tavira, no sul de Portugal, o heterônimo se
consagrou como uma das faces mais prolíficas e apaixonantes do poeta. Com
versos rebeldes e indisciplinados, que às vezes flertam com a prosa poética,
Campos nos convida a refletir sobre a solidão e a melancolia, num estilo que
revela desgosto em relação à realidade e fascínio pelas múltiplas
possibilidades que a imaginação permite criar. A presente edição conta com
organização e estabelecimento de texto de Richard Zenith — autor de
Pessoa:
Uma biografia —, Manuela Parreira da Silva e Fernando Cabral Martins. No
posfácio, a professora Viviana Bosi conclui que a obra de Campos, embora se
desenrole em fases diferentes, termina numa reflexão contundente sobre a
desilusão e o ceticismo. “Desconheço escritor que tenha ido mais longe na
balança entre o autoelogio e a autodepreciação. Às vezes, um deus, um gênio;
outras, o mais vil dos miseráveis.” Publicação da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Livros por vir. A editora
Fósforo soltou na
newsletter do aniversário de quatro anos suas intenções para
o resto de 2025. Entre as novidades, dois destaques:
Histórias de amor no
novo milênio, marcando a estreia no Brasil da obra de Can Xue; e um dos
livros mais desafiadores da literatura do
Prêmio Nobel de Literatura Jon
Fosse, a
Heptalogia.
E por falar em Jon Fosse. A
Zain publica
em junho o romance
Manhã e noite. O livro do
escritor norueguês sairá em dois formatos: um em edição de colecionador e outro
no formato comum. Um livro que urde sobre o significado da vida, o ciclo natural
das coisas, Deus e a morte.
Francisco Alvim 80 anos. A antologia
organizada por Heitor Ferraz para a editora Quelônio, e que assinalava a ocasião
do aniversário do poeta mineiro em 2018, ganhará uma segunda edição.
Câmara Cascudo inédito. A
Edufrn publicou
Ruas da cidade do Natal. Escrito em 1956 a pedido do então
prefeito da capital potiguar, Djalma Maranhão, o livro permaneceu inédito até
ser resgatado agora. Nele, Cascudo regista e descreve 463 logradouros da
cidade, reunindo registros históricos, toponímicos e culturais e esboça os
então 13 bairros existentes à época.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Mulheres, de Osamu Dazai
(Trad. Karen Kazue Kawana, Estação Liberdade, 272p.) Reunião de catorze
contos em que todas as narrativas são conduzidas por mulheres; é do ponto de
vista delas que acompanhamos situações singulares como a leitura do julgamento
social que se impõe ante um desvio de atitude ou como se ditam os controles
sobre o que deveria ser a liberdade da escrita.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
O túnel, de Ernesto Sabato
(Trad. Sérgio Molina, Carambaia, 160p.) Em um romance policial pelo avesso
somos conduzidos pelo protagonista Juan Pablo Castel que relata as circunstâncias
que o arrastaram para a atitude de matar a mulher pela qual se apaixonou, María
Iribarne.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
O eterno agora, de Antonio
Cicero (Companhia das Letras, 200p.) Ao leitor que ingressará na poesia de
Cicero ou não pela obra completa tem à sua disposição este conjunto de textos
escritos entre 2005 e 2020 a convite de Adauto Novaes; são textos que versam sobre
Homero, a poesia e outros temas de matriz filosófica.
Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Adélia Prado esteve recentemente
no programa
Conversa com Bial da TV Globo. A longa conversa, permeada
por memórias e por poemas, inclusive inéditos do próximo livro da poeta, está
disponível online em duas partes: a primeira
aqui e a segunda
aqui.
Amanhecemos no 14 de maio,
recordando uma pequena parte da história de concepção e publicação de
Mrs.
Dalloway em nossa conta no Instagram. O livro de Virginia Woolf, um dos
seus principais romances, fez 100 anos nesse dia. Veja ou recorde a postagem
por
aqui.
BAÚ DE LETRAS
Ainda no rol das efemérides
recentes, no dia 11 de maio, passou-se o centenário de Rubem Fonseca.
Aproveitamos a data para dedicar esta seção ao escritor, mostrando algumas das
entradas no
Letras dedicadas à sua obra:
a) começamos pela tradução
deste texto de José Miguel Oviedo, ainda na superfície do nosso baú, dedico aos
livros
Histórias de amor e
E do meio do mundo prostituto só amores
guardei ao meu charuto;
b) João Victor Uzer enviou
este texto revisando a história da censura de
Feliz Ano Novo, livro de contos
de Fonseca
que faz 50 anos agora em
2025;
c)
neste ensaio, Bruno Botto revisa
três romances de Rubem Fonseca de corte historiográfico —
Agosto,
O
selvagem da ópera e
José;
d)
aqui, você encontra um texto do
saudoso Alfredo Monte na passagem dos 90 anos de Rubem Fonseca (2015) em que comenta o
livro
A coleira do cão, então reeditado;
e) em 2014, por ocasião da Copa do
Mundo no Brasil, transcrevemos vários textos de renomados autores da literatura
brasileira com tema voltado para o futebol e
entre eles esteve um de Rubem
Fonseca — “Abril, no Rio, em 1970”;
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