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Notas sobre a IV Feira do livro de Mossoró

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Por Pedro Fernandes Pedro Fernandes, Lindelíllyan Fernandes e Monick Munay. A programação da IV Feira do Livro de Mossoró foi do dia 05  ao dia 10  de agosto e, dentre tantas alternativas no evento, uma programação foi desenvolvida no estande do Jornal De Fato . Neste estande foram desenvolvidas palestras, oficinas, debates etc. com o intuito de despertar o interesse entre os jovens pela leitura. Entre as palestras, o  estande abrigou o Ciclo de Palestras Escritores e Escrituras Potiguares  entre os dias 07 e 08 de Agosto . Este ciclo teve por objetivo apresentar aos visitantes e convidados a literatura potiguar, usando como recurso a vida e a obra de três autores: Jaime Hipólito, Auta de Souza e Jorge Fernandes. Coordenados pelos professores da Faculdade de Letras e Artes (FALA), o prof. Dr. Raimundo Leontino Leite Gondim Filho e o prof. Esp. Aluísio Barros de Oliveira, os acadêmicos Pedro Fernandes de Oliveira Neto e Monick Munay e a graduada em Letras pela Uni...

O cinema de Samuel Beckett

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O e E são duas personagens de Film, o filme que Samuel Beckett rodou num velho edifício de Nova York no verão de 1964 a convite do avant-gard Barney Rosset; a princípio esta produção é a primeira de outras duas peças – uma encomendada a Harold Pinter e outra a Eugène Ionesco.  Foi a primeira e única vez que o dramaturgo irlandês viajou à Big Apple. Permaneceu aí só por três semanas, o período de duração das filmagens, sempre com um breve roteiro debaixo do braço e um único ator para interpretá-lo.  Film  estreou em 4 de setembro do ano seguinte na terceira e última noite do Festival de Veneza.  Buster Keaton, então um ator em decadência, vítima da ruína e dos estragos do álcool, foi o único que rodou com Beckett; aceitou sem muito entusiasmo o projeto. Segundo Beckett, provavelmente Keaton nem sequer se deu ao trabalho em ler a história de O, uma personagem em constante ruína e E, o olho que o persegue. “Buster não o entendia. Quem entendia? Nem eu ent...

O Conformista, de Bernardo Bertolucci

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Imagem pensada como pintura subverte a palheta enquanto o branco representa o horror do fascismo A obra de Bernardo Bertolucci nasceu de um casamento entre várias artes, da literatura (seu pai Attilio, era poeta de renome) ao cinema moderno da Nouvelle Vague dos anos 1960, como maneirismos estéticos arquitetados, e que tem pelo menos três fases distintas. A primeira, a de "veneração ao pai", ou seja, ao cinema de Jean-Luc Godard e de Pier Paolo Pasolini (este, amigo dele e que o abrigou na sua primeira assistência de direção, em Accatone , de 1961), e cujo título mais marcante é Antes da Revolução (1964).   Depois veio de fase de "morte ao pai" (no caso de Godard, Pasolini e a crença no projeto político dos anos de 1960). Isso se traduz na visão ácida, acompanhada de uma estética mais carregada, em O Conformista (1970). Crítica furiosa à política e à moral estabelecidas, como poucos de sua geração fizeram, é uma adaptação da obra do italiano Alberto...

Fiama Hasse Pais Brandão

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Conheci dias duradouros, o sol tão longo entre manhã e tarde. Um levantar súbito de luz por trás da crista das heras no muro velho, e depois descer no verão entre grades verdes e para além do portão como a cair no Hades, no inverno. Não havia tempo nos dias longos, mas a passagem diária do sol abençoado. – “Idade”, Fiama Hasse Pais Brandão Fiama Hasse Pais Brandão nasceu em Lisboa, no dia 15 de agosto de 1938, e apesar de se destacar na poesia e no teatro, foi também ensaísta e tradutora – nesta última atividade verteu para o português obras de autores como Robert Lowell, John Updike, Bertolt Brecht, Antonin Artaud, Novalis, Anton Tchekhov. Frequentou até o terceiro ano o curso de Filologia Germânica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, lugar onde se iniciou também nas artes; por exemplo, foi aí, em conjunto com outros, como o poeta Gastão Cruz com quem esteve casada por um tempo, que participou na fundação do Grupo de Teatro de Letras, uma das companhias de te...

Ciclo de palestras Escritores e escrituras potiguares

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Fica o convite e a programação [...] estas solenidades realçam e brilham o fim de um sociedade histórica, mas o que a prestigia, eleva e dignifica são os trabalhos realizados, os vultos roubados ao esquecimen to e restituídos a admiração pública. Câmara Cascudo A primeira preocupação para com um registro historiográfico da literatura potiguar, atesta nosso professor Tarcísio Gurgel, data de 1897, através de Antonio Marinho. É bem visível que de lá para cá muito tempo já foi gasto; mais de um século, para sermos mais exatos. E, por incrível que pareça a literatura no estado ainda vive de sazonalidades, isto é, de pequenas empreitadas que se dão isoladamente no intuito de registrar que, por aqui, ainda se faz literatura. E como se faz! Os interesses em divulgá-la e valorizá-la é que são poucos, quase nulos. O ciclo de palestras “Escritores e escrituras potiguares” foi idealizado em conjunto com professores, alunos do curso de Letras da Universidade do Estado do Rio Grande juntame...

João Ubaldo Ribeiro, o Prêmio Camões de 2008

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"Em primeiro lugar desaconselharia o jovem candidato a escritor a continuar; sugeriria que desistisse enquanto é tempo. Mas se isso for mesmo impossível, eu diria: então está bem, persista, vá em frente, leia muito, todas essas coisas que são lugares-comuns. E principalmente: seja humilde, mas combine essa humildade com certa obstinação. O resto, não é com você, amigo. É um mistério." (João Ubaldo Ribeiro) João Ubaldo Ribeiro. Foto de Bruno Veiga. No último dia 26 de julho, o escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro teve mais um motivo em que o mistério de ser escritor, ainda que se dilate, não se explica. Estou falando dele ter sido mais um escritor brasileiro a ser galardoado pelo conjunto da sua obra com o que podemos chamar de Nobel das Literaturas de Língua Portuguesa, o Prêmio Camões, criado em 1988, em sua vigésima edição, portanto. Ano passado havia sido entregue ao escritor português António Lobo Antunes. Também o Nobel José Saramago já recebe...