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Mostrando postagens de dezembro 12, 2017

Literatura e nação

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Por Manuel Vilas Foi no século XIX quando a literatura descobriu seu poder para a representação social do presente e o fez através do romance. Essas sociedades das quais se falava nos romances tinham nome: França, Rússia, Inglaterra, Espanha. O século XIX foi o século do nacionalismo e foi também o das ficções de largo alento, que se converteram em espelho das identidades coletivas. Já não fazia falta a força bruta de um exército, ou a solenidade do Estado, ou a efígie de um rei para contemplar uma nação: o romance era um reflexo mais moderno, mais sofisticado, mais universal. O romance compunha nações: a Inglaterra de Charles Dickens, a França de Honoré de Balzac, a Rússia de Liev Tolstói ou a Espanha de Galdós. Os romancistas triunfaram, mas também carregaram nos ombros com os recém estreados fantasmas das nações. A modernidade aceitava o pacto entre romance e nação e em troca que o reflexo das sociedades fosse crítico. Mas a relação entre escritor e país já estava forma