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José Lins do Rego

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Não se pode dizer que José Lins do Rego é uma figura de nossas letras ainda por conhecer. O escritor nascido no interior do Nordeste brasileiro poderia, entretanto, ter passado para a história como um anônimo se não fossem duas fortes qualidades: uma, a ousadia e outra, a grande capacidade criativa que aliada a um projeto literário com nuanças locais e nacionais foi o motor definidor para que se estabelecesse entre os principais escritores do seu tempo e depois dele. As duas razões evidentes não são suficientes para colocar um autor no rol dos mais bem quistos ao redor do mundo. E se no cenário brasileiro o nome do escritor não é de um todo desconhecido, fora daqui, é uma obra que galga pouco espaço. Não entraremos nesse debate porque sabemos de sua amplidão e das questões, sobretudo políticas, que pesam sobre. Restas-nos saber como o escritor tornou-se o que se tornou em seu país,  apesar das deficiências que ainda são percebidas em torno do seu reconhecimento por aqui e ...

Boletim Letras 360º #15

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Chegamos ao fim de mais uma semana; cada vez mais rápido como tem sido costume. É também o início de mais um mês e da última semana para que os amigos do Letras in.verso e re.verso concorram aos dois exemplares do novo livro organizado pelo Prof. Moita Lopes. Também é a última semana para envio de resenhas sobre o livro  O grande Gatsby  de F. Scott Fitzgerald. O melhor texto levará um exemplar desse livro. As informações como concorrer a esses dois brindes estão no fim deste boletim. Antes, não deixem de correr a vista sobre o que foi notícia esta semana na nossa página no Facebook. Little free library - projeto que tem chamado atenção aos de Manhattan, Estados Unidos. Segunda-feira, 27/05 >>> Brasil: Obra de Sylvia Plath começará a ser reeditada Segundo nota para a Ilustrada , "uma enorme lacuna do mercado editorial brasileiro está prestes a ser preenchida. Quase nada editada no Brasil, Sylvia Plath (1932-1963), um dos maiores nomes da poesia ameri...

Tudo em excesso é ridículo, o politicamente correto também

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Por Pedro Fernandes Nunca lembro quando foi a primeira vez que me irritei pela tendência mundial do politicamente correto. Mas, vou recuperar uma história que os que me conhecem já terão escutado eu falar a respeito: certa vez, não faz muito tempo, eu tomava meu banho ou fazia alguma coisa no computador, não sei precisar ao certo, ouvi de um grupo de três crianças que brincavam na piscina da casa vizinha onde moro a já conhecida musiquinha do “Atirei o pau no gato”. Uma delas cantou pela letra original – “Atirei o pau no ga-t-o-to/ mas o ga-t-o-to não morreu-reu-reu/ dona Chica-ca admirou-se-se/ do berrô do berrô que o gato deu: - Miau!” Logo em seguida, um dos meninos intervém dizendo que aquela forma de cantar era errada e foi a vez dele fazer a versão adaptada da canção na qual o pobre do animal é privado da surra da dona Chica. Eu fiquei com esse momento na cabeça enquanto pensava comigo mesmo que sempre cantei quando criança a canção pela forma original e nutro desde semp...

A datilógrafa, de Régis Roinsard

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É até onde sei o primeiro longa-metragem de Régis Roinsard, que depois de findar seus estudos na prestigiada Ecole Supérieure d’Études Cinématographiques realizou dois curtas – Les petits-salés e Madame Dron – e muitos clipes musicais e spots publicitários. Com cara de comédia romântica a Hollywood, mas a medida adequada em que o bom do gênero em francês ultrapassa, A datilógrafa é um filme divertidíssimo e muito bem desenhado do ponto de vista da construção narrativa. Embora já desde o princípio se estabeleça um possível desfecho para a trama, Roinsard consegue uma proeza rara no cinema do gênero que é compreender o limite do tempo em que as coisas devem de fato acontecer – sem parecer maçante ou está dilatando o tempo para dizer o óbvio. Para justapor numa comparação com o modelo hollywoodiano de fazer comédia romântica (ainda por cima travestida de drama romântico) permita-me alinhar no mesmo nível o filme que deu o Oscar de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence este ano, O l...

Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz – correspondência amorosa completa 1919-1935

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Por Pedro Fernandes Por esses dias comentamos aqui sobre as cartas entre F. Scott Fitzgerald e sua filha; outro dia, fomos às cartas de Charles Darwin; sobre as cartas de Octavio Paz e seu amigo Enrique Krazue; sobre as cartas entre Carlos Drummond de Andrade e muitos intelectuais; e sobre as cartas eróticas de James Joyce a sua mulher; e, como se vê, poderíamos até compor uma coluna aqui (estamos pensando sério sobre) que tivesse esse interesse...   Há algo de extrema importância estar às voltas com esse legado dos escritores – podemos dizer com todo sentido que comporta a palavra – e que, vale determinar aqui: é o fato de ser pelas correspondências que se pode esclarecer muito da vida pessoal do seu autor àqueles que tem na biografia seu campo de realização profissional enquanto pesquisadores. Em muitos casos, a correspondência também possui elementos esclarecedores para determinadas questões da própria obra, afinal, quem disse qu...

Mais que escritor, desenhista Millôr Fernandes

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A escrita de Millôr Fernandes é ainda algo por explorar. Não há dúvidas disso – não apenas pelo fato do pouco interesse que há da parte da academia pela sua literatura como pelo modo de escrita pouco usual do escritor. Apesar de textos mais longos, o escritor deixou uma quantidade enorme de coisas miúdas que levará seu tempo para assentar-se como corpus em algum trabalho da parte da crítica, que seja digno de locar Millôr no seu devido lugar da literatura brasileira. Ou não. Talvez o silêncio da academia ou da crítica no geral seja um aviso. Mas Millôr medíocre? Para dizer que a literatura de Millôr não está de um todo esquecida sei de um pesquisador que está decifrando parte das coisas miúdas do escritor reunidas em A bíblia do caos . E o caos é mesmo uma ordem por se decifrar. Que digam os estudiosos do Livro do desassossego , de Fernando Pessoa, obra de igual caoticidade esmiuçada em leituras e releituras e por mais que se estude, parece que não haverá nunca uma forma d...