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Boletim Letras 360º #27

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Mais uma semana vencida e semana vencida com muito gosto: fizemos o nosso tão esperado sorteio – dois contemplados com romances de José Saramago; estamos de parceiro novo, e parceiro ilustre – a Companhia das Letras; e, deixamos de cumprir um anúncio ( cof cof foi necessário) – o de apresentar nosso novo colunista. Sem pressa que tudo tem seu tempo o colunista estreia na semana vindoura. Por enquanto queremos alertar: estamos preparando o próximo sorteio que deve sai em breve. E, no mais, vamos aos destaques de nossa página no Facebook? Por lá, também muitas novidades! Que tal um livro com 2cm². O achado da Biblioteca da Universidade de Iowa, Estados Unidos. Segunda-feira, 19/08 >>> Inglaterra: Últimos inéditos de Virginia Woolf foram publicados Já havíamos comentado por aqui sobre este achado. The Charleston Bulletin Supplements , era o nome de um jornal doméstico produzido entre 1923 e 1927 pela escritora e seu sobrinho Quentin Bell, que mais tarde se torn...

Quando falei com Quintana

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Por André Bolivar Nesse tempo remoto, as calçadas do centro de Porto Alegre ainda sentiam as leves pisadas de Mario Quintana. Talvez fosse outubro, certamente de 1980, era eu muito jovem e daqueles meninos que quando jogavam bola na Redenção, esperavam a hora de deitar e ler e, que quando liam, esqueciam que existia futebol. Naquela tarde, passeava pela feira do livro com um exemplar de Esconderijos do Tempo, capa meio amarelada, poemas breves, um tesouro em minhas mãos, pois era o primeiro livro do Quintana que eu comprava; já tinha doze anos e havia lido no Correio do Povo (jornal que circulava na época) uma entrevista em que o poeta se declarava fã de Arthur Rimbaud. Menino curioso, sócio da Biblioteca Pública, lá na minha ficha de leitor, deixaram de escrever José Mauro de Vasconcelos e passaram a preenchê-la com o nome de Rimbaud e tudo o que se relaciona a ele. Ali, lembro-me de ficar espantado, pois pela primeira vez eu via impressa a palavra merda. O po...

Amor eterno amor, de Paulo Cox

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É preciso dizer que o título, apesar de sugerir um daqueles romances baratos, está longe desse lugar comum. Com um enredo extremamente simples, outra coisa também é preciso dizer, Paulo Cox consegue o improvável, transformar essa simplicidade em algo de amplo sentido. Nos anos cinquenta, Andreas, um jovem estudante de música, conhece Claire, filha de um diplomático. Os dois então vivem uma intensa paixão, mas por um daqueles imprevistos da vida, acabam se separando. Cada um, distante, faz suas vidas: casam, têm filhos. Cinquenta anos depois pela ação do mesmo imprevisto que os separou, casualmente, os dois se reencontram. Já viúvo e com a morte em estado iminente, Andreas buscará todas as formas para resgatar o passado e viver essa história de amor falhada. No caso dele as coisas são um tanto simples: não há nada que o impeça de por em prática um desejo desse tipo, mas não é esta a situação de Claire, casada há 45 anos. Ainda que este seja um casamento apagado, ou melhor, nunc...

Inéditos de Virginia Woolf editados na Inglaterra

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Tem pouco tempo que os suplementos literários ao redor do mundo deram conhecimento a todos da descoberta do que seriam os últimos textos inéditos de Virginia Woolf. E logo tomado por uma certa sede pelo inédito e por trazer a lume novidades das mais pitorescas em torno da escrita de grandes nomes da literatura (até já refletimos sobre essa invasão editorial e esse desejo pelo ineditismo por aqui ) eis que os tais inéditos são agora publicados numa edição fac-símile pela Biblioteca Britânica e organizada por Claudia Olk.  Em alguns casos, a chegada do inédito, cumpre, de fato, num instante de aperfeiçoamento do olhar sobre a obra de determinado escritor; noutros nem tanto. Com conhecimento de pouca causa, é possível crer, dado o teor do material ora publicado, que este trabalho da Olk esteja entre os do segundo rol, afinal, o que se diz de novo sobre a autora de Mrs. Dalloway é apenas que ela teve divertimentos com a escrita. Nada mais. Mas, divertimentos com palavras qu...

Salinger como ninguém nunca viu

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Salinger, o primeiro à esquerda, e os outros soldados durante o desembarque na Normandia. USA Today São tantas as perguntas que rodeiam a figura de J. D. Salinger, se tem especulado tanto sobre sua vida, se usado e abusado tanto de seu mistério, que é difícil acreditar que, enfim uma pesquisa possa oferecer respostas sérias e rigorosas sobre o autor de O apanhador no campo de centeio . Mas parece ser que desta vez sim. Depois de nove anos de trabalho, Shane Salerno e David Shields colocam sobre a mesa da editora Simon & Shuster o material de uma biografia que presume ser definitiva e que chegará às livrarias nos Estados Unidos no dia 6 de setembro. Três dias depois, no Festival de Cinema de Toronto, The Weinstein Company estreará o documentário de Salerno intitulado Salinger sobre os nove anos de pesquisa e em que as vozes de atores e escritores como Philip Seymour Hoffman, Edward Norton, John Cusack, Danny DeVito, Martin Sheen, David Milch, Robert Towne, Tom Wolfe ou ...

Raptado pelas musas

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Por Javier Gomá Lanzón Nicolas Poussin. El Parnaso. Apolo oferece o néctar a um poeta coroado de laurel por Calíope. Há um feito notório e universal que pede uma boa explicação: por que determinadas pessoas dedicam as melhores horas do dia, os melhores dias do ano e os melhores anos de sua vida, para produzir algo que nunca lhes foi pedido, sem que o êxito social, os requerimentos da consciência, o desejo da fama ou o enriquecimento econômico se constituam numa motivação pessoal. O feito só pode ser designado pela palavra vocação . E necessita explicação porque é mencionado, invocado ou apelado a cada passo por quem o experimenta no interior de sua personalidade – poetas, pintores, compositores, criadores, artistas, pensadores –, mas raras vezes tem sido objeto de meditação filosófica. 1 A vocação se compõe de dois momentos: visio e missio (visão e missão). O que percebe nossos sentidos não tem sentido. Nossa experiência do mundo é caótica, fragmentária, e não ...