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Boletim Letras 360º #54

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Ariano Suassuna e sua companheira no Carnaval. Foto: Patricia Satavis/ Folha Imagem. Bom, iniciamos este Boletim para dizer que, até a pouco já chegávamos a pouco mais de 200 inscritos na nossa promoção pelo Dia Mundial da Poesia – números que nos deixa muito animados. E na torcida para que a sorte sopre para aqueles que tanto nos acompanham, de coração. E, em ritmo de Carnaval (por isso a imagem de Ariano Suassuna, assim, todo serelepe no desfile da escola de samba Camisa Verde em São Paulo) para deixar registrado por aqui as novidades nas redes sociais do blog nesta semana que hoje chega ao fim. Por falar nisso, em Carnaval e em poesia, viram a sequência de Poemas para ler no Carnaval que demos início a publicação ontem, 28/02/14, em nossa página no Facebook? Isso vai até a quarta-feira de cinzas à noite. Segunda-feira, 24/02 >>> Espanha: Os cartões postais de Pablo Picasso  Ilustrados e enviados pelo pintor aos de seu círculo de amizade; círculo qu...

Pequenas rotinas, grandes mentes (Parte 1)

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Haruki Murakami numa parte de seus rituais diários. Acordar cedo, escrever, e correr. Picasso pedia a suas musas que, por gentileza, só o visitassem quando estivesse em seu atelier e trabalhando. Com manchas na camisa listrada e os pinceis preparados para aproveitar a inércia dessa coisa chamada inspiração. Porque por mais pura que se apresente a arte, dedicar-se a pintar, escrever, fazer canções ou fotografia têm muito da rotina, de hábito e obrigação imposta do artista para si próprio. “Sê monótono e ordenado em tua vida como um burguês para que possas ser violento e original em tua obra”, dizia Flaubert, por certo, todo um senhor burguês. William Burroughs tinha muito claro que estava obrigado a fazer uma mudança nesse trabalho raro: “O preço que um artista tem que pagar por fazer o que quer fazer é que tem que fazê-lo”. Mas, qual era a fórmula (se há) dos crânios privilegiados da História para convocar musas e pagar essa hipoteca? O jornalista Mason Currey tomado pela cu...

Gravidade, de Alfonso Cuarón

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É um filme feito pelo prazer de fazer um filme. E é por isto um filme quase perfeito, ainda que este termo seja um tanto perigoso de usá-lo depois de tantos anos de tradição cinematográfica. Mas, até chegar a esta constatação que bem poderia ser uma conclusão para este texto, é preciso dizer que elementos contribuem para o uso do termo. Antes, deixemos dito outra conclusão: Gravidade é um filme conceitual, mas sem se fechar nas fronteiras da arte em si. Se beneficia de toda uma série de recursos da longa tradição do cinema, mas sem se perder neles, usando, inclusive, da forma que tem se tornado moda desde Avatar , o 3D. Dá ao cinema em terceira dimensão, aliás, um rumo além do mero entretenimento com que alguns cineastas, talvez encantados demais com o aparato tecnológico, têm reduzido suas produções. Primeiro, o filme tem um enredo muito bem estruturado. Não permite brechas para divagações, suposições ou idealizações de fato. Embora não se beneficie do recurso deliberadame...

Em busca de Miguel de Cervantes

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Miguel de Cervantes por José Balaca Quatro séculos depois de que Miguel de Cervantes Saavedra, grande da literatura universal, morreu na pobreza, sua figura volta a interessar às autoridades espanholas. Saiu autorização por parte da prefeitura de Madrid para iniciar a busca pelos restos mortais do escritor, enterrados possivelmente no Monastério de Trinitárias, no Bairro das Letras, em 23 de abril de 1616. Foram os trinitários quem fizeram o resgate do escritor num cativeiro em Argel; Cervantes ainda teria vivido algum tempo em Madrid, até sua morte, em casa. As buscas começam no subsolo da antiga igreja monacal com a contribuição de um georradar, um equipamento capaz de, a partir de ondas, encontrar ossadas subterrâneas e delimitar suas dimensões e em grande parte, o território onde elas se encontram depositadas. Desde 1870, a Real Academia Espanhola tem a certeza de que houve no local nove sepultamentos e alguns dos restos mortais correspondem aos de um homem adulto. ...

Um convite ao universo literário potiguar

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Por Thiago Gonzaga Canta tua aldeia e serás universal Tolstói É quase impraticável fazer uma lista de livros preferidos da nossa literatura, porque cada título que proclamamos aproxima outro e mais outro, principalmente quando o assunto é literatura do Rio Grande do Norte, vertente a que tenho grande apreço.  Porém eu não poderia fazer uma lista sem incluir a obra Salvados – Autores e Livros Norte-rio-grandenses , do escritor Manoel Onofre Júnior, lançada originalmente em 1982 pela Fundação José Augusto, com uma reedição em 2002 pelas Edições Sebo Vermelho, e agora em 2014 relançada em edição revista e ampliada. O livro  Salvados  não está entre os primeiros  volumes potiguares que li, mas ele foi decisivo para me tornar um pesquisador da literatura do Rio Grande do Norte. Salvados  é um livro de cabeceira, uma espécie de guia, de roteiro, para se conhecer um pouco sobre nossos autores e livros. São pequenos-grandes ensaios que nos ind...

As crônicas marcianas, de Ray Bradbury

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por Pedro Fernandes  Grande parte dos leitores em língua portuguesa conhecem – ao menos de nome – um título que já virou clássico, Fahrenheit 451 , chegado ao Brasil pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros. Agora, através deste mesmo selo e editora recebemos dois outros títulos, menos conhecidos do escritor estadunidense, mas igualmente importante para uma compreensão sobre sua obra e estilo: As crônicas marcianas e A cidade inteira dorme e outros contos . Aqui, comentaremos acerca do primeiro título e noutra ocasião voltaremos a falar sobre a obra de Bradbury a partir de seus contos. Se Fahrenheit 451 é considerado por grande parte da crítica como uma distopia da humanidade ou uma falência do projeto de civilização posto em construção desde o aparecimento da razão e cada vez mais difícil de sua concretização, pode-se dizer que As crônicas... é mais uma peça nesse processo de decadência da existência. Isso nos leva a pensar que o projeto literário de Bradbury não ...