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O grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson

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Por Ignacio Vidal-Foch Última sequência do filme, que, como outros deste diretor, se move num terreno narrativo especial, um terreno de alegria saltitante com um fundo melancólico, rótulos que nos chega pela informação de que é inspirada na obra de Stefan Zweig, autor que no Brasil e nos Estados Unidos foi trazido a uma nova vida editorial (aqui através do projeto de reedição de alguns livros pela Editora Zahar), uma nova apresentação aos leitores, e que Anderson descobriu com grande interesse há seis anos. Zweig, com “Z” de Zenda, Zembla, Zentropa, Zubrowka e demais lugares de fantasia – ruas medievais, igrejas barrocas e palácios rococó, lentas ferrovias, rios caudalosos, igrejas perfurando com sua aguda ponta de lança a pança do céu enublado, um imperador ancião e com costeletas, hierarquia, tédio, rotina, convenções, cerimônias e militares com quepes e uniforme de cores vivas – que sempre estão situados em algum lugar remoto, quase inacessível, do império danubiano e con...

Virginia Woolf: o mergulho na consciência através da literatura

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Por Neiva Dutra Ao longo dos anos, muitos movimentos literários encontram nos nomes de seus expoentes máximos a sua melhor definição, as características que os diferenciam daqueles que os precedem. O modernismo não pode ser definido sem Virginia Woolf. A excepcionalidade de sua obra, seu rápido reconhecimento e fama a tornaram essencial a esse movimento literário, consolidando-a como uma das mais significativas cidadãs da sociedade britânica do período entre guerras. Escritora e crítica britânica, ela desenvolveu, através da técnica do monólogo interior, um estilo poético considerado uma das contribuições mais importantes à literatura moderna. * Adele Viginia Stephen nasceu em Londres, a 25 de janeiro de 1882, filha do biógrafo e filósofo Leslie Stephen. Depois da morte do pai, em 1905, ela e os irmãos passaram a viver com a irmã no bairro de Bloomsbury. Sua casa se converteu no local de reuniões de livres-pensadores e antigos companheiros de universidade de seu irmão...

Hélia Correia: a escritora de intelecto elegante

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Por Maria Vaz Hélia Correia nasceu em Lisboa, corria o mês de fevereiro de 1949. Muito cedo percebeu a sua natural inclinação para um mundo envolto em palavras: palavras enquanto símbolos evolutivos de poder que encerram em si mesmo significâncias escondidas na originalidade circundante da sua origem. Talvez tenha sido por isso que Hélia decidiu ingressar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para se licenciar em Filologia Românica. Na medida em que as escolhas de vida de um autor nos permitem captar essências da sua personalidade mais reservada ao mundo, que podem ocultar-se em aparências distintas, pensamos que Hélia desde cedo se rendeu à sua capacidade peculiar de perceber as essências que subjazem as formas e que o seu gosto pelo sentido etimológico das palavras nos revela uma personalidade com uma capacidade analítica além da norma. Além da Filologia, rendeu-se ao estudo da capacidade expressiva do ser humano ante a necessidade de interpretação psíqu...

Cada poema de Herberto é um caos que tudo origina - sobre Poemas canhotos (parte 1)

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Por Pedro Belo Clara Herberto Helder. Foto: Alberto Cunha Diante dos nossos olhos, o derradeiro livro de Herberto Helder – poeta que, após a sua morte, tem sido alvo de comparações, no que toca ao impacto da sua obra na literatura portuguesa, com o legado de Fernando Pessoa. Não iremos julgar o caso, tampouco nos cabe tal tarefa, mesmo conhecendo o popular fenómeno “após a morte todo o poeta ignorado em vida se revela subitamente um génio literário” ( Poemas canhotos esgotou em muitas livrarias no próprio dia do lançamento). Os nossos esforços centram-se somente no convite que endereçamos a todo o leitor interessado: a profunda descoberta do autor. Contudo, as intenções solidificam-se: um outro nome “ameaça” juntar-se à restrita elite poética composta somente por Camões e Pessoa – a mais fina nata, à qual outros poderão acrescentar os contributos de Cesário Verde e Camilo Pessanha, por exemplo. Mas não desejamos diluir o nosso foco em demoradas distrações, ainda que a...

Quais os motivos que estão por trás da publicação do novo livro de Harper Lee, 50 anos depois?

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Por Marc Bassets Harper Lee em Monroeville, em 1951. Um dos maiores mistérios das letras contemporâneas se esconde atrás das paredes de um lar para idosos num povoado de 6.500 habitantes no sul dos Estados Unidos. O local se chama The Meadows e é um edifício modesto numa rua próxima ao centro de Monroeville, Alabama. Um dia em princípios de maio, dois guardas da segurança, um branco e outro negro, vigiavam a entrada de The Meadows. Sua missão era impedir a passagem de desconhecidos. – Não posso responder nenhuma pergunta, disse um dos guardas. Há tempo que não aparece nenhum jornalista, mas estão preparados. Ali, custodiada pela segurança e protegida ante o assédio de desconhecidos, vive Harper Lee, a autora de um romance quase perfeito, O sol é para todos . A história se passa em Maycomb, um lugar fictício inspirado em Monroeville, durante os anos da segregação racial. Publicado em 1960 e premiada com Pulitzer, o livro já vendeu mais de 30 milhões de exempla...

Boletim Letras 360º #124

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Um imbróglio envolvendo o nome do escritor Franz Kafka teve um veredito final esta semana. Qual será? Mais um sábado. E todo sábado é dia de Boletim Letras 360º. As notícias que circularam em nossa página no Facebook e você não acompanhou ou quer simplesmente reler, estão aqui, guardadinhas num só lugar. Vamos lá? Segunda-feira, 29/06 >>> Brasil: Edição comemorativa de Macunaíma A Editora Nova Fronteira aproveita as celebrações pelos 70 anos da morte de Mário de Andrade para publicar uma edição especial da obra marco do Modernismo brasileiro. A obra foi publicada originalmente em 1928 e a nova edição em capa dura é incrementada com fotografias inéditas do escritor e material sobre o processo de criação do romance. Em 1979 a obra havia ganhado uma edição do gênero com ilustrações de Carybé - era a passagem de seus 50 anos de publicação. A edição foi da Editora da Universidade de São Paulo. >>> Brasil: Onde está o seu pudor? Jogue fora ...