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A imaginária, de Adalgisa Nery

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Por Pedro Fernandes Adalgisa Nery. Arquivo: Candido Portinari Adalgisa Nery pertence, por uma razão sobre a qual tentarei descobrir ao longo dessas notas, ao panteão dos nomes esquecidos da nossa recente literatura. Esquecida não no sentido de ser uma escritora menor ou porque deixe de figurar entre as principais távolas literárias (sobretudo as antologias poéticas); esquecida porque, entre os estudantes de Letras, público para o qual a literatura é (ou pelo menos deve ser) convívio constante, a obra da escritora é totalmente desconhecida.  Essa afirmativa, apesar de não ter passado pelo crivo de uma pesquisa com o público sobre conhecer ou não conhecer a escritora carioca, tem seu ponto de partida em três situações concretas: a primeira, pela própria experiência como estudante de Letras. Na época nunca sequer o nome de Adalgisa foi mencionado numa aula de Literatura Brasileira. A segunda, pela escassez de estudos acadêmicos sobre a obra. É óbvio que esse dado é si...

O meu tipo de romance “Conversa no catedral”

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Por Alfredo Monte “Eu quisera que meus livros fossem lidos como eu li os romances de que gosto. Os romances que me fascinaram, mais do que entrar pela inteligência, através do puro intelecto, da pura razão, me enfeitiçaram literalmente, quer dizer, se converteram em histórias que de certa forma destruíram toda capacidade crítica em mim. E me faziam perguntar: O que vai acontecer? O que vai acontecer? Este é o tipo de romance que eu gosto de ler e este é o tipo de romance que eu gostaria de escrever. Então para mim é muito importante que todo elemento intelectual, que é inevitável que esteja presente em um romance, de alguma forma esteja dissolvido fundamentalmente em ações, em episódios que deveriam seduzir o leitor não por suas ideias, mas por sua cor, por seu sentimento, suas emoções, suas paixões, por sua novidade, por seu caráter insólito, pelo suspense e o mistério que possa emanar deles. Para mim, a técnica do romance é fundamentalmente conseguir isso, conseguir ...

Charles Bukwoski e o ímpeto para a escrita

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“Tinha duas opções, ficar nos correios e tornar-me um louco... ou sair e tentar ser escritor e morrer de fome. Decidi morrer de fome”. O grande poeta maldito disse, sem perspectivas e sem restabelecer o sonho destruído por suas próprias palavras: as letras não são para qualquer um. Além de dirigir-se a mais de uma geração de pseudo-escritores que se dispunham a gastar papel, tinta e, sobretudo, tempo de centenas de milhares de pessoas que leriam suas palavras vazias, o escritor também elaborou seu próprio manual daquilo que um sujeito comum devia fazer para converter-se num grande escritor, como ele mesmo veio se tornar um dia. Provavelmente inspirando-se em seus anos de juventude; cheios de excessos, desilusões, sonhos desfeitos, mulheres, incertezas e álcool, Bukowski não fez outra coisa senão contarmos suas próprias desgraças através da literatura. E isso o terá feito, aos olhos de muitos, um escritor medíocre. Sem dúvidas.  Como muitos grandes escritores, o e...

Fibrilações, de Ana Hatherly

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Por Pedro Belo Clara Dado o recente desaparecimento da autora em epígrafe citada, é justo que a presente edição sirva de palco à apresentação de uma das suas obras; no caso, poética. Embora reconheçamos a singeleza do acto, não deixa o mesmo de intentar, junto da visada, o préstimo da devida homenagem. Ana Hatherly, nascida na cidade do Porto em 1929, foi uma profícua autora que, para além das produções literárias, desempenhou o papel de professora catedrática em Lisboa, revelando-se ainda uma artista plástica de reconhecido mérito e louvor (actividade essa iniciada um pouco mais tarde, já durante a década de 60). Licenciou-se em Filologia Germânica e obteve o seu doutoramento em Estudos Hispânicos na Universidade de Berkeley, Califórnia, possuindo ainda um diploma em Cinema, emitido pela London Film School. Os trabalhos que dentro da área desempenhou ainda hoje se encontram guardados nos principais arquivos do género. A partir estas escassas linhas concluím...

Boletim Letras 360º #133

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Cartas inéditas revelam paixão secreta de Clarice Lispector. Saiba mais ao longo deste boletim. Num final de semana prolongado com este (no Brasil, o 7 de setembro é feriado nacional) ganhamos um dia a mais para descanso e, claro, atualizar as leituras. Ressaltamos que temos algumas novidades quentinhas, mas só iremos dizê-las depois desse largo tempo de descanso. São novidades boas! Além das novidades que deixamos apenas a curiosidade aguçada, há nossa meta: estão lembrados? Vinte mil amigos no Facebook e uma promoção supimpa! Está longe, mas quem disse que desistimos? Bom, enquanto isso, relaxem e revejam outras novidades, estas a que fizeram a semana (onde?) em nossa página no Facebook.  Segunda-feira, 31/08 >>> Portugal: Inéditos da geração de Orpheu, inclusive um de Fernando Pessoa Em 2015, cf. já lembramos várias vezes por aqui, alcançamos os cem anos da publicação do primeiro número da revista Orpheu . Ainda por ocasião da data as Edições ...