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Maria Teresa Horta: as bodas de Eros e Psiquê

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Por Márcio de Lima Dantas Diferente de outras mulheres poetas que tematizaram o amor de uma maneira em que o erotismo apareceu mais ou menos explícito no conjunto de uma lírica, como Florbela Espanca, esquecida e difamada em seu tempo, a poeta portuguesa Maria Teresa Horta teve reconhecimento em vida, sendo considerada, hoje, como um do maiores expoentes, de todos os tempos da literatura escrita por mulheres. Detentora de uma lírica erótica lastreada em um requintado pudor, pois não faz uso de palavras chulas ou que beirem a vulgaridade, a poeta porta-se em toda a sua vasta obra como possuidora de um politicamente sensato, que não busca escandalizar. Mesmo porque lhe parece natural o fato de tratar com detalhes os signos vinculados ao estrato do erótico no corpo ou ao ato sexual mais propriamente explícito, em suas inúmeras possibilidades, assim como nominar as partes que dizem respeito à consecução, quando dos corpos buscando um ao outro com o objetivo de sentir e da...

Sete novas peças sobre a vida de Pablo Neruda

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Por Winston Manrique Sabogal Matilde Urrutia e Pablo Neruda. Ela revelou os afetos maternos do poeta. Pablo Neruda acreditava que Carlos Morla Lynch, maior responsável da embaixada chilena em Madri como encarregado de alguns negócios, não havia ajudado ao poeta Miguel Hernández a sair da Espanha durante a Guerra Civil, em 1939. O escritor estaria em várias prisões, de Sevilha, Madri, Valência e Ocaña e morreria no Reformatório para Adultos de Alicante, em 28 de março de 1942. Mas Morla tentou, sim, ajudar Hernández, segundo uma carta inédita do poeta. Esta é só uma das várias revelações trazidas pelo historiador Mario Amorós na biografia publicada em novembro nos países de língua espanhola, Neruda: o príncipe dos poetas (tradução livre para Neruda: el príncipe de los poetas ). 1. Hernández e a guerra A carta descoberta por Amorós mostra que o Prêmio Nobel de Literatura chileno estava equivocado. Morla Lynch primeiro escreveu a Hernández: “Não lhe aconselho solic...

A importância da “palavra” e do “silêncio” em Eugénio de Andrade

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Por Maria Vaz A poesia é feita de palavras e dizer isto pode parecer uma falaciosa queda em algo evidente e simplório. Não obstante, as palavras nascem em campos férteis em que a imaginação impera ou em que a memória se impõe. E tantas vezes germinam no cantinho mais luminoso ou obscuro que possuímos invisivelmente: nesse campo energético que transcende a aparência. Quantas vezes sentimos sem racionalizar e quando percebemos, já dissemos o que talvez preferíssemos ocultar? Paradoxalmente, muitas vezes, é a consciência da razão que, talvez por medo (esse limitador existencial), nos inibe de dizer aquilo que, secretamente, colore ou importuna de desejo ou rejeição o nosso encontro com outras psiques. Não obstante, nem tudo é construído de razão e os poetas têm essa fome de algo que os transcende, enquanto materializam palavras, enquanto símbolos de poder articulados em exterioridades linguísticas, em uma folha em branco. Mas nem tudo é linear: não há uma linha invisível a ...

Girândola, Julio Cortázar e O Poeta de Meia-Tigela. Ou: uma breve crônica literária

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Por Léo Prudêncio Após ler o mais novo livro do Poeta de Meia-Tigela intitulado Girândola (Substânsia, 2015), relembrei uma conversa rápida que tive, pessoalmente, com ele. Na ocasião, me falou de alguns livros que viriam a lume e um deles, desde esse dia, me chamou atenção logo pelo título: Girândola . Indaguei sobre e sua composição, e ele confidenciou-me (acaba-se agora a surpresa), de que se tratava de uma obra com indícios cortazarianos (nessa época o autor cearense estava em contato assíduo com a obra do cronopiano-mor).  Quando o livro me chegou em mãos e, lendo-o, me deparo com o nome do argentino escrito de maneira subliminar em um contopoético: "desinvenção da fábula, a ou era uma vez... para cortar o azar". A forma como os poemas são apresentados não segue uma linha lógica de sumário, pois eles estão embaralhados ou misturados com todas as oito divisões do livro: se bem que a (des)ordem não altera o fator final dessa leitura; mesmo embaralhado, o...

Óxido, de Gastão Cruz (Parte I)

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Por Pedro Belo Clara O último livro publicado pelo poeta, crítico e encenador algarvio, só pelo nome que ostenta, remeterá o seu leitor para o imaginário das coisas que se permitem degradar pela acção do tempo. E não parecerá falsa a impressão que deixa como sobejo da prova. O metal que oxida é um metal antigo, desgastado, corroído, quiçá abandonado sem que para ele um uso surja. Não se estranha, portanto, que aos lábios essa substância traga um travo de acre teor, natural numa maturação de avesso, isto é, num processo onde não são os açúcares a atingirem a sua plenitude, antes um esvaziar desses elementos da equação pensada. Esse metal surge como metáfora habilmente colocada entre poemas de modo nem sempre visível, mas indubitavelmente presente. Quererá isto dizer que Óxido é um livro de poemas amargurados? Bom, cada leitor formulará o seu parecer se a isso se propuser, mas, salvaguardando o bom senso e uma via de apreciação isenta de meras especulações, há que dize...

Boletim Letras 360º #146

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Em 2016, 20 anos da morte de Caio Fernando Abreu. E tem novidades sobre o escritor. No dia 1º de dezembro iniciamos uma comemoração ousada em nossa página no Facebook: um recital em que leitores podem enviar vídeos e textos com poemas da Adélia Prado. Isso para marcar os 80 anos de nascimento de uma das poetas brasileiras mais queridas. Diariamente sorteamos um poema e publicamos por lá. E os poemas mais compartilhados receberão brindes. Para saber como fazer para participar, basta ir aqui . Segunda-feira: 30/11 >>> Arábia Saudita: Todos pela liberdade do poeta palestino Ashraf Fayadh Há uma semana noticiamos aqui que uma corte da Arábia Saudita pediu a pena de morte ao poeta sob a acusação do crime de heresia. Agora, uma rede de autoridades tem se unido em torno da defesa da liberdade de Fayadh. Entre os nomes estão o do poeta sírio Adonis, o escritor britânico David Hare, o romancista egípcio Ahadf Soueif que assinam uma petição com nomes de três contine...