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Sete livros de ficção científica da literatura russa

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Isaac Asimov, possivelmente o mais conhecido da ficção científica russa, mas não o único. Exceto os autores clássicos da antiguidade cujas obras poderiam ser incluídas na classificação de ficção especulativa, a ficção científica europeia e, por inclusão, a russa, começaram sua trajetória em meados do século XIX, coincidindo com o começo do desenvolvimento científico e com a percepção de que a ciência continha em si mesma a semente para ser uma disciplina sujeita a evolução; o que haviam sido tentativas isoladas e anedotas se converteu, por acumulação de títulos, numa corrente que desembocou na configuração de todo  um gênero literário. Os autores russos que se destinaram a este nascente gênero, diferentemente dos franceses e anglo-saxões, não foram muito conhecidos e nem suas obras passaram a fazer parte da literatura popular; é possível que o peso específico dos romancistas realistas nessa verdadeira Idade do Ouro da literatura russa relegou ao desconhecimen...

Voltar para casa, de Toni Morrison

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Por Pedro Fernandes Está na transformação entre a ideia de cópia como uma reprodução e cópia como criação, isto é, na revisão de um dos conceitos mais caros ao estudo da narrativa nascido na Poética de Aristóteles, a compreensão de que o narrado é também a história possível ou a construída através das impressões da memória imaginativa e não meramente reafirmação no interior do narrado daquilo que se passa na realidade externa da narração um dos feitos mais importantes na arte de contar histórias. Mesmo correndo o risco de dizer alguma inverdade sobre o tema, porque esta é uma visão construída pela leitura de obras da literatura contemporânea, a ideia de narrativa enquanto possibilidade é uma tendência que melhor tem servido aos escritores atualmente e que melhor comprovam essa variação do conceito aristotélico. Também Toni Morrison não deixou de contribuir para essa constatação. Voltar para casa , o romance mais recente da escritora Prêmio Nobel de Literatur...

Jack London, vozes do além

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Se o gênio saísse da lâmpada e nos desse a possibilidade de pedir estes três desejos que só ele pode conceder, cada um teria seguramente ao menos um ente muito querido, desses que nos marcam com sua partida, com quem gostaríamos de trocar as últimas palavras, os últimos olhares, antes do adeus. É esse impulso o que nos leva, ante uma perda importante, à sua fotografia, sua última mensagem de telefone, ou qualquer coisa que signifique um rastro seu. No último filme de Ariel Rotter, Luz incidente , com fortes toques autobiográficos, Luisa (Erica Rivas) cheira com intensidade a camisa de seu companheiro recém-falecido para tentar reter através do cheiro que deixou aí algo dele. Volta ao lugar do acidente para buscar, entre outros restos dispersos, algo sem o qual não pode continuar respirando, nem seguir adiante. Eram os anos 1970. Hoje recorremos à técnica na procura desses restos dispersos. No último dia 22 de novembro passaram-se 100 anos da morte do romancista Jack London – ef...

Os sertões, de Euclides da Cunha

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Numa lista de obras fundamentais para compreender o Brasil, uma, certamente, nunca deverá faltar: Os sertões . Ela é, como Grande sertão: veredas , de Guimarães Rosa, Vidas secas , de Graciliano Ramos, Macunaíma , de Mario de Andrade Quarup , de Antonio Callado, Viva o povo brasileiro , de João Ubaldo Ribeiro, entre outros, elemento de nosso genoma; são visadas muito coerentes sobre nossa identidade e sobre a quantidade diversa de questões que nos afligem enquanto povo, sendo que, o livro de Euclides da Cunha,  trata-se de um projeto que visa amalgamar a força e a riqueza da nossa linguagem com a escrita de registro e denúncia sobre um dos episódios mais tristes e dramáticos da luta de classes no Brasil. Há algo nesta obra que faz dela ponto de acesso entre o tempo que lhe antecede e este que agora o sucede: a constatação sobre, em nome de um desnecessário alinhamento das conjunturas internas com as transformações internacionais, promover toda sorte de inte...

A felicidade da luz, de António Osório

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Por  Pedro Belo Clara A recomendação literária para o presente mês irá partilhar com todos vós, caros leitores, o novo trabalho de António Osório, lançado seis anos depois da primeira edição de Concerto Interior , também este um título merecedor de uma atenta abordagem de nossa parte, exposta há já algum tempo atrás neste mesmo espaço (ver o final deste texto). Ao invés do que é expressado nesse último livro, nesta obra o autor retorna ao estilo que o celebrizou e através do qual com maior frequência se expressou: a poesia. É um livro breve (vinte e um poemas), contando com um prefácio de acuradas visões assinado por Pedro Mexia e, no seu término, com a reprodução integral da entrevista que em 2004 Osório concedeu à jornalista Maria Augusta Silva, posteriormente incluída numa obra da entrevistadora. Para que se não pense que a inclusão só se deveu ao curto número de páginas que o livro apresentaria caso tal presença estivesse omissa, esclarece o próprio autor que o m...

Boletim Letras 360º #198

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Alguns leitores do Letras já começaram a receber os brindes do nosso mais recente sorteio que abriu as celebrações pelos 10 anos do blog online; são ganhadores das edições publicadas neste 2016 pela Biblioteca Azul da obra de Valter Hugo Mãe, da Obra completa , de Raduan Nassar (Companhia das Letras), um livro surpresa da Sylvia Plath e Obras completas - Volume A , de Adolfo Bioy Casares, a escolhida por um dos sorteados. Nós só agradecemos a companhia dos nossos leitores; a página do Letras no Facebook ultrapassou nesta semana primeira de aniversário do blog, os 50 mil amigos. Encontraram um conto inédito de H. G. Wells. Leia mais sobre ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 28/11 >>> Brasil: O que virá das publicações que sairiam pela Cosac Naify Sabe-se que parte do catálogo da extinta editora - como a rica coleção Mulheres Modernistas - foi parar nas mãos da Editora SESI-SP. A negociação com esta casa, por exemplo, soma ainda 27 títulos nunca p...