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Boletim Letras 360º #382

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DO EDITOR 1. Cara leitora, caro leitor, obrigado pela companhia com o Letras . Abaixo estão as notícias divulgadas durante a semana em nossa página no Facebook e a atualização das demais seções deste Boletim com as recomendações de leitura, assuntos de arredores do campo de interesse do blog e a sugestão de visita a algumas das publicações apresentadas aqui. Boas leituras! Ray Bradbury. Obra reúne os textos fundadores de Fahrenheit 451 . LANÇAMENTOS Uma seleção de escritos de George Orwell, extraídos de seus romances, ensaios, cartas e reportagens, reúne de forma única os pensamentos do autor de 1984 sobre o tema da verdade . Na semana da posse de Donald Trump, quando sua assessora justificou as falsas estimativas do presidente sobre o número de presentes no evento utilizando a expressão “fatos alternativos”, livros de George Orwell como 1984  e A revolução dos bichos  foram catapultados ao topo da lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Numa realida...

“Deus, um delírio” ou de como o método científico é libertador

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Por Rafael Kafka Em tempos de negacionismo, Deus, um delírio  se mostra uma leitura ainda mais importante. Para aqueles que preconizam uma linguagem mais politicamente correta, não defendo isso por conta do ar iconoclasta que Richard Dawkins assume perante o prestígio das religiões, mas sim esse ensaio ser uma importante ferramenta de compreensão do método científico e de como ele pode servir para garantir a liberdade de ação humana. Mas ao contrário dos cientificistas do século XIX que ainda hoje circulam por aí, Dawkins não coloca a ciência como detentora da possibilidade de produção de provas e saberes concretos inquestionáveis. A ciência para ele está no questionamento e não no produto desse questionamento. Nesse sentido, entende-se sua busca por colocar a questão da existência de Deus dentro do crivo do método científico. Não se procura aqui provar que ele existe ou não, mas sim o uso de evidências para se apegar à crença da existência ou não do criador e da re...

A redoma de vidro, de Sylvia Plath

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Por Pedro Fernandes Sylvia Plath quando bolsista da  Mademoiselle , em 1953. A imagem ficou registrada em  A redoma de vidro A redoma de vidro , de Sylvia Plath reúne dois livros. Um é composto pelos nove primeiros capítulos. E o outro pelo restante do livro. A constatação evidencia ainda uma condição: parece que foi escrito em duas etapas distintas. Estritamente autobiográfico, o primeiro livro começou a ser escrito quando a escritora estadunidense foi, assim como a personagem deste romance, premiada com uma estadia em Nova York por uma daquelas muitas revistas para mulheres que marcaram os anos pós-revolução feminina. E o segundo livro é fruto de uma retomada da escritora ao projeto original e quando já estava atormentada pela obsessão do suicídio, empreitada que conseguirá realizar depois de diversas tentativas ao longo da vida. O primeiro livro que compõe  A redoma de vidro  quer ser um romance sobre, entre outras coisas, o lugar social da...

Uma Medeia contemporânea. Elegia à solidão e à morte e a condição feminina na obra de Bernadette Lyra

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Por Ruy Perini  “ Ulpiana  foi escrito porque sempre achei perturbadora a atitude das pessoas diante da morte. Sobretudo, se essa morte se deve a um ato voluntário por parte de alguém. Nesse último caso, os viventes que ficam buscam alguma coisa que atenue o espanto, a dor da perda, a sensação de culpa. E seguem repetindo os pequenos rituais do dia-a-dia, enquanto têm de enfrentar as lembranças e o fato de que a vida inevitavelmente se acaba, às vezes de forma brusca e inesperada”. (Bernadette Lyra no lançamento do livro Ulpiana ) Bernadette Lyra. Foto: Gelson Santana. A prosa de Bernadette Lyra não é muito formal, muito menos convencional. Percorre cenários realistas e surrealistas com o mesmo desembaraço. Cotejando um romance mais antigo, A panelinha de breu , de 1992 e o mais atual Ulpiana , de 2019, podemos constatar variação de narradores e cenas inusitadas, se pensamos em traçar um eixo narrativo linear. Talvez o único ponto comum percebido nas su...

O desejo póstumo de E. M. Forster

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Por Edu Bravo E. M. Forster, 1947. Foto: Bill Brandt No dia 9 de junho de 1970, o correspondente da ABC em Londres enviava uma nota telefônica informando sobre a morte do escritor E. M. Forster, acontecida dois dias antes no King’s College de Cambridge, prestigiada instituição educativa na qual o escritor havia estudado quando jovem e onde resida desde 1961. Entre outras coisas, o texto ressaltava que Forster era um dos romancistas ingleses mais importantes do século XX, que estava em todas as listas de grandes escritores contemporâneos e, ainda que talvez não encabeçasse essa relação, “ninguém discute seus méritos para figurar nela”. Um fato que, por sua vez, era surpreendente para o jornalista porque “essa honra foi assegurada com apenas cinco romances, alguns contos e vários ensaios. Uma produção literária muito breve para o talento de Forster e sua longevidade. No dia primeiro de janeiro havia completado noventa e um anos.” Quando o redator se referia a cinco ...