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Boletim Letras 360º #559

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DO EDITOR   1. Olá, leitores! Até o fechamento da edição deste Boletim contamos oito inscritos para o último sorteio do ano entre os apoiadores do Letras que será realizado no próximo dia 11 de novembro.   2.   O sorteio contemplará quatro leitores que levarão um livro entre títulos disponíveis: Por que ler os clássicos , de Italo Calvino, edição especial capa dura com acabamento em tecido da Companhia das Letras; Mulherzinhas , de Louisa May Alcott, na lindíssima edição de luxo da Zahar; Orgulho e preconceito , também no mesmo projeto da mesma casa editorial; e Um, nenhum e cem mil , reedição da obra-prima de Luigi Pirandello pela Penguin, a que foi publicada pela extinta Cosac Naify.   3. Se interessa por algum desses títulos ou se quer apostar com a ajuda para presentear alguém, você envia PIX a partir de R$20 ou R$30 para incluir um nome de sua afeição.   4. Qualquer coisa, estamos sempre disponíveis nas redes ou através do e-mail blogletras@yahoo.com.br, qu...

A vida à margem: crime e delito na literatura

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Por Juan Camilo Rincón Ilustração: Kiki Kogelnik.   Em 1929, o escritor argentino Roberto Arlt descreveu o que representavam os crimes de periferia: “Mas todos estão, no fundo, satisfeitos de que a vida é assim; essa vida que, para eles, só é suportável pelos crimes que a tornam vermelha.”   Os pequenos meliantes urbanos que alimentavam “a vida dramática, a existência sórdida” nas favelas marginais são os protagonistas de artigos que o autor publicou no jornal portenho El Mundo e depois compilados no livro Tratado de la delincuencia. Aguafuertes inéditas (1996).   Arlt, considerado hoje um dos escritores mais importantes do seu país, retratou nessas curtas colunas a inutilidade das leis, o trabalho da polícia e dos advogados, a indignação social e as formas de perpetrar um crime.   Essas questões também alimentaram sua ficção, na qual “explorou muito bem a fronteira, as irmandades criminosas, com objetivos disparatados e que ao mesmo tempo são tão típicos da l...

Sozinha e sem asas: o caminho de Ida

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Por José Montelongo Há cartas que se abrem com uma emoção incomum, como a que Ida Vitale recebeu em Montevidéu no final de 1948, assinada por Juan Ramón Jiménez. Ela o considerava então, e ainda o considera, o poeta espanhol mais importante do seu tempo, aquele de lição mais duradoura e fecunda. Era uma apreciação recorrente entre leitores e poetas, e logo endossada por acadêmicos que concedem um famoso reconhecimento anual em Estocolmo. Ida tinha acabado de completar vinte e cinco anos, Juan Ramón, 68. Ele lhe disse três coisas nessa carta: espero que algumas diferenças de caráter e de opinião não destruam a existência de Clinamen , a revista literária animada e sustentada pelo trabalho de Ida e de outros jovens ocupados em renovar a poesia e a crítica no Uruguai. Perguntava a sua opinião sobre a poesia recente de Jorge Guillén. E eu dizia: recebi seus poemas, referindo-se aos de Ida, e essa seria a parte do texto que ela, jovem poeta, mais aguardava. Juan Ramón elogiava os sonetos, “...

O cinema de Fernando Sabino

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Por Pedro Fernandes      Fernando Sabino com câmera em filmagens de Um contador de histórias , documentário sobre Erico Verissimo (ao centro). À direita a companheira de Erico, Mafalda. Arquivo: O Cruzeiro .   Depois dos primeiros reconhecimentos, a obra de Fernando Sabino fez certo caminho natural pelo cinema; dos quase cinquenta livros que escreveu, três ganharam as grandes telas: O homem nu (por duas vezes — em 1968, por Roberto Santos, e em 1997, por Hugo Carvana); O grande mentecapto (Oswaldo Caldeira, 1989); Faca de dois gumes (Murilo Salles, 1989) e O menino no espelho (Guilherme Fiúza, 2014). Curiosamente, aí está boa parte dos seus livros mais lembrados pelos leitores, embora, o mérito não seja exclusivamente das adaptações, uma vez que a crítica sempre os coloca entre o essencial da sua obra, ainda que o escritor mineiro tenha trilhado por outras extensões da escrita literária e não apenas o romance. Também frequentou outros territórios da criação artís...

Carlos Drummond de Andrade: viola de circunstância

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Por Pedro Fernandes Carlos Drummond de Andrade nos anos 1950.   Um livro pode se prolongar mesmo depois de concluído. Os casos na literatura são muitos e alguns bem conhecidos, como o Livro do desassossego , cujas edições mais recentes não apenas aparecem remodeladas na organização do seu primeiro conteúdo como alimentadas de novos textos encontrados pelos pesquisadores no que parece ser o arquivo infinito de Fernando Pessoa. Este é um desses livros que cada leitor por escrever à sua própria maneira e os pessoanos são os primeiros a reafirmarem isso toda vez que se lançam ao trabalho de reivindicar a versão mais apropriada, como se pudessem também assumir o posto de adivinhos — ou, quem sabe, iluminados para contatos de terceiro grau — capazes de acessar o que nem foi claro para o seu autor, outra instância, aliás, problemática: é o poeta português ou o ajudante de guarda-livros Bernardo Soares?   No Brasil, outro poeta, que não nos legou uma arca sem fundos, outro poeta que a...